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C A P Í T U L O

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"Eu e você"

♡♡♡

15/06, Terça-feira, 07:35 pm.

Oito meses. Quem diria que um serzinho duraria oito meses dentro de mim? Esses foram os oito meses mais difíceis de toda a minha vida e não poderia piorar com a sua chegada serzinho! Durante todos esses anos de minha vida, eu nunca tive tantos problemas quanto estou tendo agora e isso é totalmente minha culpa, não sua...

Tudo começou com uma viagem de volta para a Coréia do Sul, eu tive que voltar antes de meus pais, com 16 anos entrei num avião e parti voltando para casa e apenas uma semana depois recebi a notícia, que eles haviam falecido após a queda do avião. Anos após anos, comemorei meu aniversário, natal e outras datas comemorativas sozinha em meu pequeno apartamento, fazia tudo sozinha e tive que trabalhar para pagar as contas, escola e depois a faculdade.

Ah faculdade...

Meus maiores problemas começaram exatamente no momento em que decidi aceitar ir a uma festa, maldita festa por sinal, nela eu conheci um garoto, alto, bonito, atlético e o mais galinha da faculdade, ele não fazia o meu tipo mas sempre jogava charme e fomos nós aproximando mais, até que me pediu em namoro, tudo foi tão rápido que quando menos esperei já estávamos transando. Minha primeira vez. Ele foi carinhoso comigo, depois daquela noite tudo mudou, ele passou a querer me controlar, controlar minhas roupas, maquiagem e etc, todo momento ele me fazia se sentir inferior a outras garotas que ele costumava transar, mas todos cansam e, eu cansei, decidida a acaba com com tudo que existiu um dia entre nós, mas algo que eu não esperava aconteceu...

"A porra da carinha sorrindo... aí meu deus!!"

Sim. Eu estava grávida, naquele dia surtei como nunca, chorei horrores e acabei quebrando algumas coisas na casa, eu não sabia o que fazer e nem como começar a fazer, uma criança, eu seria Mãe!! Eu não sei nem cuidar de mim mesma, como que vou fazer isso com uma criança? E ele? O que pensaria sobre isso? Minha família iria me desprezar mais ainda! Minha Faculdade!!

A última coisa que pensei foi a mais importante de todas: minha faculdade estava em risco, quem iria querer uma grávida cheia de hormônios a flor da pele? Estava surtando muito e minha decisão foi contar ao pai, saí o mais rápido que pude e fui atrás dele.

"Estou grávida!"

"Grávida? Como assim? E... e os seus remédios?"

"Eu não sei... acho que não fez efeito, sei lá!!"

"Conta outra. Minha família nunca ia aceitar e... vai ver você dormiu com outro, me traiu não é?"

"Que? Você ficou maluco?"

"Você me traiu... Como quer que eu me sinta? SUA VADIA!!"

Além de estar grávida, sozinha, eu ainda levei quatros tapas dele, minha pele ficou marcada e achei que iria perder o meu filho, ele continuou batendo até perder a consciência, acordei no hospital e infelizmente não perdi meu bebê, o médico disse que teria risco por conta de ter apanhado muito, e o monstro pai do meu filho sumiu.

O tempo passou e eu tive que me virar, tentei de todas as formas fazer o diretor me deixar continuar na faculdade e graças a Deus não iria ser expulsa de lá, já no meu trabalho também tive essa sorte, mas tive que arrumar outros empregos se quisesse pagar todas as coisas que aquela criança precisaria. Era apenas eu e o bebê, mas ninguém, estava sozinha nesse mundo, até poderia voltar para o Brasil -terra da minha família materna-, mas minha tias me desprezavam, o melhor era eu me virar por aqui. Perdi as contas de quantas vezes cheguei em casa e chorei  horrores, as vezes não tinha forças para continuar, mas quando vi que aquela criança era minha pequena esperança tive que continuar, dei tudo de mim e agora eu posso respirar aliviada, pois apenas faltava dois dias para me formar finalmente.

"Aish!! Estou morta bebê...", digo acariciando minha barriga e jogando minha mochila no chão perto da porta, tiro meus sapatos e minha blusa ficando apenas de sutiã. "Fome..."

Meu apartamento era realmente pequeno, tinha dois quartos, dois banheiros -um em meu quarto e outro no corredor-, uma sala/cozinha, uma área de serviço pequena e uma varanda -também pequena- perto da sala.

"Então bebê... o que você acha? Brigadeiro ou salgadinho?", pergunto esperando ele se mexer, mas nada acontece. "E o que você acha de comer os dois?", vejo uma ondinha se formar em minha barriga e sorri. "Você é demais bebê. Por isso que sempre pergunto isso pra você!", podia ser até doida, mas era uma doida mamãe.

Me sentei em meu sofá e liguei a televisão, coloquei na Netflix e botei meu filme preferido: Rei Leão! Pode me julgar, mas o que posso fazer? Assisto esse filme desde os meus 5 anos e sei cantar todas as músicas, era incrível, não me cansava nunca de cantar, ver e chorar com as emoções do filme.

"HAKUNA MATATAA, SIM VAI ENTENDERRRR...", grito e começo a rir em seguida, ouso meu celular tocar e o som de Kill this love de Black Pink. "Alô?"

"Boa noite Yang Mi. Como vai? Te acordei?", a voz do meu médico soa do outro lado e me ajeito no sofá.

"Boa noite, Dr. Kim. Vou bem e você? Eu tava assistindo!"

"Bem também. O que está assistindo?"

"Meu gosto é muito peculiar, você não entenderia!", digo fazendo uma careta.

"Hm. Tá se alimentando bem?", sorrio amarelo.

"Então. É uma história bem engraçada...", dou uma risada sem graça.

"Deixa eu advinha, você não se alimentou bem hoje?"

"Foi. Estou tão exausta e o bebê escolheu salgadinho e chocolate!", ele rir sonoramente.

"Vai colocar a culpa no bebê?"

"Tá. Eu também tenho culpa. Droga... meu deus do céu ele vai cair!", digo apreensiva.

"O que foi?"

"O Simba tá tretando com o Mufasa!", ele ri novamente.

"Ok. Acho que você está mais entretida nisso... vou desligar. Tenha uma boa noite e cuide bem do bebê!"

"Certo. Tchau.", encerro a chamada e gritei. "É isso aí Simba! Acaba com esse merdinha!!"

Eu ainda era a garota de 5 anos que ama desenhos, games e animes, eu ainda era a Kim Yang Mi legal e divertida, pena que sempre fico sozinha.

"É bebê, acho que agora será sempre eu e você!"

Minhas Esperanças-mygDonde viven las historias. Descúbrelo ahora