Laços

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Estava chovendo na cidade. As gotas d'água batiam nas janelas da casa e escorriam até o chão. O vento frio batia tomava conta das ruas. Estava anoitecendo quando os dois irmãos souberam que seus pais estavam se separando e iriam levar uma criança consigo. O irmão iria com o pai e a irmã com a mãe. Os dois adultos eram incompatíveis e não conseguiam conviver juntos, o que afetava os irmãos. Ou deveria afetar, mas Edward impedia. Ele sempre protegia sua irmã, Alice, de escutar coisas ruins ou castigos injustos. Ele tinha cabelos curtos enrolados pretos, olhos castanho-escuros e era alto o suficiente para um garoto de 14 anos. Alice, com 13 anos, tinha cabelos longos e olhos semelhantes aos do irmão, até porque os dois eram gêmeos. Ela era mais tímida que Edward, mas seguia-o aonde quer que ele fosse.

Alice estava esperando no quarto enquanto esperava o irmão voltar da tentativa de desfazer essa situação. O quarto deles possuía duas camas em cada lado da parede, sendo uma delas roxa e a outra azul, dois guarda-roupas, uma estante de livros, uma janela entre as duas camas, uma mesa com um notebook em cima e vários pôsteres de filmes e animes pelas paredes, além de um relógio. Ela estava sentada sobre a cama roxa e entrelaçando os dedos, nervosa. Ela vê a porta se abrir e se levanta rapidamente.

- O que eles falaram? - Alice perguntou, com o coração palpitante.

- Desculpa, mana. - Ele olhou para o chão, derrotado. - Eles são muito cabeças-duras e não vão mudar de ideia.

- Ah... E o que nós vamos fazer? - Ela perguntou, esperançosa. - E se pedirmos para a vovó cuidar da gente?

- Ela está viajando, lembra? E... - Ele deu uma pausa. - O pai vai viajar amanhã para a casa de um irmão e vai me levar comigo.

Alice congelou. Dos seus olhos saíram lágrimas silenciosas e intensas.

- Ed, você não pode ir! Por favor, não vá! - Ela segurou o pulso de Edward.

- Eu vou achar um jeito, eu prometo. - Ele sorriu.

Alice sorriu de volta, mas no fundo, ela sabia que não havia nada que ele pudesse resolver para impedir os adultos.

- Seu irmão mais velho vai cuidar disso amanhã. Vai dormir. - Edward disse, com sua voz naturalmente gentil.

- Ok. Boa noite, Ed. - Alice foi dormir em sua cama.

Apesar de Edward tentar tranquilizar a irmã, ele não sabia o que fazer. Muitos pensamentos de incerteza e medo rodearam sua cabeça até que ele conseguisse dormir. As horas se passaram, até que Edward acordou, sem que nada o tirasse do sono, apenas o puro acaso. Ele se levantou e esfregou os olhos, então olhou para a janela, e então para o relógio de parede. Era quase 1h da manhã. 

Depois de alguns segundos recuperando a consciência, ele olhou para a irmã. Ela não estava lá. Ele levantou da cama, assustado.

- Alice? - Ele a chamava pelo quarto.

Procurou pelos guarda-roupas e então foi até o quarto dos pais e observou pela porta entreaberta. Como não a achou, foi procurar pelo resto da casa. Ele vestia uma calça larga preta, camisa cinza. Calçou suas sandálias e pegou um casaco azul pendurado num cabide ao lado da porta da sala de estar. Edward a chamou pelas ruas e então foi até o quintal. Nele, havia um balanço pendurado numa árvore e uma mesa redonda com quatro cadeiras, coberta por uma sombrinha. A cerca que separava a floresta e a casa não era tão alta, pois alguém com 12 anos poderia subir sobre ela, se estivesse apoiada em uma cadeira. Foi isso que Edward pensou. Ele era bem observador, então supôs que Alice tivesse usado o balanço como impulso para atravessar a cerca. E provavelmente teria se ralado nela, pois na ponta dela havia uma pequena mancha de sangue.

Edward não pensou duas vezes e fez o mesmo e obteve sucesso, pois já tinha feito coisas parecidas nas aulas de educação física que ele tanto adorava. Ele começou andando lentamente, chamando pela irmã e procurando por todos os cantos. Segundos depois, ele se desesperou e começou a correr. Parecia que a chuva se intensificava a cada passo que ele dava. Depois de correr quilômetros, aguentando os tapas dos galhos das árvores contra o vento, ele tropeçou em uma pedra e caiu violentamente no chão, perdendo a consciência por alguns instantes, até que uma voz misteriosa masculina o acordou, enquanto cutucava seu braço.

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⏰ Last updated: Dec 18, 2019 ⏰

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