Capítulo 4

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Fechei a porta do apartamento atrás de mim, ainda me sentindo como se estivesse andando sob nuvens, tinha ciência do sorriso que meu rosto ostentava mas simplesmente não conseguia parar de sorrir. Essa foi a melhor noite de todas.

Ou não.

Assim que entrei na casa dei de cara com os idiotas sentados no sofá, pareciam zangados.

— Por onde esteve?

— E porque não atendeu nossas ligações?

— Nós ficamos preocupados com você, Yurio.

Fiquei olhando pra cara deles por alguns segundos sem reação.

— Mas eu avisei que ia sair. O que mais vocês queriam?

Yuuri se levantou colocando as mãos na cintura.

— Não disse com quem nem pra onde iria, e já é bem tarde.

— VOCÊS NÃO SÃO MEUS PAIS.

De onde veio essa super proteção toda como se fossem realmente meus pais? A felicidade que estava sentindo até poucos minutos atrás foi murchando rapidamente. Tava cansado daquilo, se eu saio pra algum lugar, reclamam, se eu não saio, e fico em casa, reclamam também, que porra?

Era exatamente por isso que eu queria morar sozinho esse ano, já sou independente, tenho dinheiro, não preciso de babás. Depois de gritar eles pareceram ter ficado baqueados com minha reação. Só que eu não ia suportar aquilo.

— Quer saber, cansei.

Suspirei, dando as costas e indo pro meu quarto, só lembro de ter tirado os sapatos e me jogar na cama.

❄️❄️❄️

Na manhã seguinte acordei mais cedo, antes mesmo de o despertador tocar, decidi ir na cozinha só pra pegar uma fruta, mas a sorte não tava do meu lado, Victor já estava lá fazendo café, esse velho acorda com as galinhas? Que porra.

Parei no instante que o vi, e ele me olhou, não estava animado como costuma ficar ao acordar, tinha um semblante sério.

— Yurio...

Mas eu não queria ouvir nada do que ele tivesse a falar, não no momento, fechei a cara e dei meia volta saindo. O melhor que eu tinha a fazer agora era concentrar na minha rotina, manter tinha cabeça ocupada com o treino e não pensar nos meus problemas. Valia a pena tentar pelo menos.

Parece que ultimamente tô me tornando especialista em evitar assuntos na minha mente, deixei a música que tocava nos fones de ouvidos diminuírem minha voz mental, dançando conforme a música. Eu precisava mesmo achar a canção que iria coreografar no próximo campeonato, ainda tinha tempo mas o fato de eu não ter nenhuma candidata a música escolhida estava começando a ser difícil de digerir, bom, talvez a primeira vez que se escolhe uma música seja igual pra todos.

Saí rapidamente para o almoço sozinho, voltando cedo enquanto a pista ainda tava vazia e todos fora, quando voltei aos vestiários para deixar meu casaco, encontrei Otabek sentado no chão em um canto, parecia concentrado. Só de vê-lo meu estomago parecia que tinha despencado uns dez metros, pela primeira vez eu sabia porque estava sentindo tudo aquilo, meus batimentos acelerarem, o rosto ficar vermelho só de encará-lo, a sensação de que meu coração ia sair pela boca, todos os clichês que eu via nos filmes e odiava. Só que era bom de sentir por ele. Estava realmente apaixonado pela primeira vez na minha vida e assumindo isso, pelo menos pra mim, não sabia se ele sentia o mesmo, porque afinal, era o Otabek, ele era meio distante de todo mundo e parecia estar num nível muito acima, tinha certeza que todas as garotas ali começariam a correr atrás dele em breve, ou garotos. Empurrei a sensação amarga que o ciúmes trazia para o fundo da mente e tomei coragem.

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