Heroína

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Começou a chover pouco depois que eu me afastei da casa dos Park, não queria me afastar muito pois, além desse ser o lugar de onde eu vim e ter a possibilidade do Yoongi aparecer de alguma forma, era um bom lugar, com bastante árvores e até mesmo um rio. Eu poderia sobreviver por aqui.
Estava encharcada já, sentada debaixo de uma árvore, na verdade a chuva não me incomodava mas eu já estava ficando fria e o frio sim me fazia mal, ironicamente fazia bem ao Yoongi...
Me abracei e me permiti chorar, me sentia tão triste, tentei de todas as formas criar flores para me sentir melhor mas nada aconteceu, eu ainda estava sem poder algum.
Não sabia se era algo relacionado ao além portal, ultimamente não sabia de nada. A intenção era Yoon estar aqui comigo e tudo estar bem! Eu era uma estúpida por ter entrado no portal sem nem ao menos espera-lo. Burra, era isso que eu era, uma fada burra e encharcada pela chuva.
Minha garganta começou a doer depois de uns minutos na chuva e comecei a espirrar muito, eu só queria um lugar... Aquecido. Alguém para dividir o calor, lembrei do Hoseok e como era bom ficar perto dele no inverno, ele chegava a ficar mais quente que a nossa lareira se desejasse... Sentia falta dele, até mesmo dos meus pais... Até mesmo do Jin.
O que será que eles estariam fazendo agora? Provavelmente jantando... Assim como os Park. Finalmente percebi que estava sozinha, sozinha mesmo, não tinha magia, não tinha guardião, família, nada.
De repente senti algo macio no meu braço, estava escuro e eu estava abraçando os meus joelhos e com os braços apoiados neles. Olhei para onde tinha sido tocada... Um cachorro, céus, um fofo e adorável cachorro.
Tinha poucos em Avalon, pois causava bagunça, mas os invernos tinham direito a um cachorro já que era guardas reais. Nunca me aproximei, pois eles pareciam agressivos por vida... Mas este cachorro não era nada agressivo.

— Qual o seu nome? — Perguntei sorrindo e deixando ele subir em meu colo. Ele não respondeu. Será que os animais daqui não são mágicos? Isso seria muito triste. — Meu nome é s/n, é um prazer conhece-lo... —. Ele tinha uma coleira. — Oh Keom! É um bom nome, Keom.

Espirrei e ele espirrou logo em seguida. Comecei a rir e Keom tentou lamber meu rosto me fazendo rir mais ainda.

— Keom! Vem cá garoto, não fique na chuva. — Escutei alguém chamar.

Uma mulher. Essa voz... Não consegui reconhecer, a chuva estava realmente forte agora e por mais que ela gritasse o nome do Keom, não conseguia indentificar.

— Temos que encontrar sua dona. — Sorri. Ele me olhou de forma triste. — Também gostei de você, mas você não é meu, vamos.

Levantei e peguei Keom no colo. Fui seguindo a voz da mulher, estava bem escuro, a lua não iluminava muito bem o além portal e os grandes vagalumes, presos aqueles postes, eram longe demais dessa pequena floresta.
Consegui ver quem era a mulher tarde demais. Diante dos meus olhos vi a senhora Joo-In escorregar em uma poça de lama e cair para frente.
Não pensei duas vezes, na verdade nem pensei, apenas estendi a mão livre e por puro instinto fiz um mar de flores nascer bem onde a senhora Joo-In ia cair. Saí correndo ao seu encontro, desejando que tivesse amortecido a sua queda.

— Senhora Joo-In! — Lamentei. Se antes eu estava chorando, agora estava em prantos. — Senhora!
— S/n, estou bem querida, mas o que... Keom! — Ela levantou lentamente e então olhou para o pequeno jardim abaixo de si. —  O que, como... —. Ela olhou para mim. — Foi você?
— Não! Eu não poderia. — Menti. Não queria que ela me visse como uma estranha. — Por favor, deixe-me ver se a senhora está ferida.
— Não estou... Essas flores amorteceram minha queda... Magicamente. — Ela sorriu.

Ela falava demais em magia, isso era encantador e ao mesmo tempo assustador... E se ela tivesse de alguma forma estudado sobre Avalon... Tinha como fazer isso? Deveriam ter bibliotecas por aqui...

— Joo-In! Graças a Deus. — Senhor Seung surgiu. — Por que correu dessa forma!?
— Keom fugiu, eu tive que ir atrás. — Ela respondeu simplesmente.
— Meu Deus, você caiu? — Senhor Seung se ajoelhou na sua frente. — Eu vou te pegar no colo, precisamos examina-la.
— Estou bem Seung! — Ela pôs a mão na barriga. — Estamos bem.

Ela estava grávida!? Eu tinha salvado a vida de um bebê! Finalmente eu tinha cuidado de alguém e não o contrário.

— Como, o que aconteceu? — Ele continuou o questionário por mais que chovesse. Era muito desespero. Ele viu as flores. — O que significa isto?
— Nada, essas flores estavam aí, mas s/n me salvou, eu quase caí, ela me segurou a tempo e ainda salvou Keom.

O senhor Seung me encarou. Eu deveria parecer uma mendinga e menos confiável ainda, mas ele me surpreendeu com uma abraço.

— Obrigado, meu Deus, obrigado.
— Senhor Seung realmente qualquer fa... Pessoa faria isso. — Sorri. — Agora acho melhor levar sua esposa para dentro, sua esposa e seu bebê.

Isso era tão fofo. Nunca tinha acompanhado uma gravidez antes. O bebê tinha chance de ser um primavera? De quantos meses ela estava? Era menino? Menina?
Desanimei quando lembrei que isso não era da minha conta e que eu nunca saberia de nenhuma dessas coisas.

— Seung...
— Por favor s/n, fique conosco até resolvermos sua situação, você demonstrou que é de confiança.

Fiquei feliz não por ter um lugar para ficar, mas porque ele disse resolvermos e não resolver.

— Obrigada! Obrigada mesmo! — Sorri. — Viu Keom, vamos morar juntos!

Os dois riram. Eu deveria parar de falar com os animais em público. O senhor Seung pegou a senhora Joo-In no colo e então fomos para dentro de casa, eu com Keom no colo ainda.
Assim que entramos não vi sinal dos meninos, queria ver a reação deles ao ver que eu voltei, mas eles não estavam na sala.

— Ele gostou de você s/n, estranho que ele nem conhecia você, chegou do pet shop assim que foi embora. — Senhora Joo-In sorriu.
— Acho que vai ter que voltar para outro banho depois dessa aventura dele. — Senhor Seung colocou sua esposa no sofá. — Não a deixe levantar s/n, ela é muito teimosa, vou buscar meus materiais.

Ele saiu apressado. Ainda bem que era médico. Me agachei para ficar perto da senhora Joo-In.

— Aquelas flores...
— Ssh, está tudo bem, somos as únicas garotas da casa, temos que nos unir não é? — Ela riu. — Seu segredo está guardado comigo.

Ela parecia entender bastante do que estava falando e não parecia assustada. Minha mãe disse que os humanos se sentiam ameaçados... Talvez a senhora Joo-In fosse outra espécie de humano, uma espécie boa.

— Obrigada.
— Eu que agradeço —. Percebi que tinha lágrimas em seus olhos. — Há tanto tempo queremos um filho mas...
— Hora do exame. — Senhor Seung voltou com uma maleta. Ele me encarou. — S/n vá tirar essa roupa molhada, menina.
— Quero saber se o bebê está bem.
— Ela é muito adorável, não acha Seung?
— Realmente. — Ele sorriu para mim agradecido. Percebi que a senhora Joo-In era muito importante para ele. — Tudo bem, nada mais justo já que salvou ela.

Dei espaço para ele que examinou a barriga da senhora Joo-In, ele colocou alguma coisa no ouvido e depois na barriga dela.

— E então?
— Está tudo ok, diria até que o bebê gostou dessa aventura. — Ele riu. Eu estava encantada, ele podia escutar o bebê com aquele aparelho? — Quer ouvi-lo, s/n?
— Ou ouvi-la. — Senhora Joo-In arqueou uma sobrancelha.
— E se forem dois? E se forem gêmeos? — Sorri e me aproximei. Os dois riram. Eu conhecia de vista algumas fadas gêmeas, sempre achei fascinante. Coloquei no meu ouvido o aparelho. Escutei alguns sons. — Está com fome, senhora Joo-In?
— É o bebê, querida. — Ela riu.

Sorri constrangida, eu não entendia nada de bebês e humanos. Fechei os olhos e tentei falar mentalmente com o bebê.

— Acho que é uma menina, posso sentir daqui.
— O bebê só tem três meses, não é possível definir.
— Foi só um palpite. — Sorri e lhe entreguei o aparelho.

Na verdade, eu tinha mesmo sentido uma conexão com a bebê. Acabei espirrando repetidas vezes.

— Vá se trocar. — Senhor Seung pediu. — Vai ficar resfriada.
— Não ligue para ele, qualquer coisa ele inventa que temos que tomar xarope. — Senhora Joo-In sorriu para ele. — Pode escolher uma roupa no meu quarto, querida, não se intimide.

Assenti e fui me trocar. Passei pelo corredor onde ficava o quarto dos meninos e fui para o quarto dos adultos. Eu tentava não parecer tão feliz, mas eu estava eufórica, finalmente alguma coisa tinha dado certo.

Um Amor Mágico - Imagine JiminWhere stories live. Discover now