Dias de Folga...

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     Depois de duas semanas de trabalho intenso, duro e muitas chateações por parte de alguns passageiros do cruzeiro fui chamado à sala do meu Coordenador de Setor, Sr. Cooper cedinho naquela manhã sexta-feira. 

     Olhei pela escotilha da cabine que dividia com dois outros amigos de trabalho, Adam e Mark, e vi que o céu continuava azul e pude apreciar ao longe a costa de Salt Island ( Ilha do Sal ) uma das Cidades/Estados do roteiro de viagem. O lugar era tão cheio de verde que fiquei confuso ao e intrigado do porquê colocarem o nome do lugar de Ilha do Sal.

     Terminei de me arrumar com o uniforme que usávamos pela manhã e saí da cabine no mesmo momento em que os amigos chegavam.

     _ Ué. Tá indo pra onde e vestido assim, Brad? Perguntou Mark. Ele era um cara super gente boa. Moreno, mais baixo que eu e que tinha um olhar bem curioso...

     _ O Coordenador mandou me chamar. Tô de uniforme porque logo após essa reunião eu já vou pro meu setor. E vocês de onde já estão vindo também já vestidos com o uniforme, se a gente só começa o turno às 08h30?

     _ A gente acabou de sair da sala do Coordenador. Tu também vai ter uma surpresa. Falou Adam já tirando a camiseta e entrando na cabine. Ele era da minha altura, bem brancão, mas os ombros estavam bem vermelhos por conta do sol, cabelo loiro e olhos claros. 

     _ Então deixem eu ir logo que ele odeia atrasos. A gente se vê, caras. 

     Os dois olharam pra mim e sorriram. Algo me dizia que eles estavam aprontando. Corri até a sala do Coordenador, bati e após ele autorizar minha entrada....

     _ Bom dia, Sr. Cooper. O senhor mandou me chamar, e aqui estou.

     Ele apenas me olhou por cima do aro dos óculos de grau que usava e me mandou sentar após apontar uma cadeira diante de sua pequena mesa de trabalho. Ele começou a mexer num fichário e isso me fez ficar nervoso. Pensei que os dois desgraçados tinham dado finalmente queixa de mim e ele iria me repreender, ou demitir. Ele então retirou uma pequena pasta e vi meu nome escrito nela... Brad Toscano Smith. Minhas mãos começaram a suar e pensei que teria um ataque fulminante. Ele me olhou e li na sua cara a palavra DEMISSÃO. Sem mais demora ele disse:

     _ Você está fazendo um excelente trabalho, Brad Smith. Temos muitos elogios feito pelos passageiros que fizeram questão de elogiá-lo. Houve um pequeno contratempo no início da viagem, e o que salvou você de uma possível demissão foram as câmeras de vigilância. Nós passaremos 03 dias em Salt Island, e você terá esses mesmos dias de folga. Por merecimento. Alguns poderão gozar esses três dias porque a lei manda folgar. Você conquistou esse direito, garoto. Espero que saiba usar sua folga e faça programas saudáveis. Por conta desse merecimento você teve um pequeno acréscimo de U$ 450,00 dólares no seu pagamento semanal. Quero você de volta no domingo às 17h00 em ponto. Boa folga.

     _ Obrigado, Sr. Cooper. Obrigado pelo conselho, senhor. Eu saberei como aproveitar meus dias de folga.

     Saí da pequena sala do Coordenador quase voando. Agora mais que nunca tudo que passara ao longo das duas semanas havia valido à pena. Cheguei na cabine e os amigos Adam e Mark haviam sumido. Com certeza os veria ou pela Ilha, ou no domingo. Troquei de roupa apos tomar um bom banho e vesti uma bermuda cáqui, uma camiseta azul marinho, peguei meu óculos de sol, calcei a sapatilha de couro preta, coloquei a carteira no bolso após verificar os quase Mil dólares  de gorjetas que havia ganhado e saí.

     Foi até engraçado ver que muitos dos jovens que estavam trabalhando no navio também estavam de folga e alguns iam conversando animadamente pelos corredores. Muitos deles falaram comigo e me desejaram uma ótima folga. Assim que me vi sozinho pelo lugar comecei a andar pela orla e logo parei num quiosque e pedi uma água de coco. 

     O lugar estava fervilhando de gente. Muitos eram passageiros do navio e havia muita gente de fora também. Eu falava o inglês, o espanhol e o alemão e captei muitas conversas nessas línguas. Acabei de tomar a água de coco e segui direto para o centro da Ilha. O lugar era lindo e havia recebido esse nome porque no passado todo o sal que era vendido em Laguna Bay chegava primeiro a essa ilha e só depois era vendido no resto do País. Vi alguns monumentos históricos e assim que terminei de fazer o pedido deum almoço bem leve peguei meu celular e liguei pra casa...

     * Se você não tivesse ligado hoje, Brad Toscano Smith, eu juro que ia atrás de você e tiraria sua carcaça dessa droga de navio e te traria pra casa. Quer me matar de preocupação, Filhão? Seu paizinho tá louco aqui.

     _ Calma, paizão. Coloca no viva voz, pois vou querer falar com todos.

     Assim que ouvi a voz de todos deu uma saudade desgraçada deles. Meu paizinho, que havia me apoiado nessa jornada parecia estar triste e decepcionado...

     _ Olá, família Toscano Smith. falei dando a minha voz um tom de euforia.

     * Você tá louco, garoto? Como passa uma semana sem dar notícias? Você sabe que os dois aqui são super, mega, hiper protetores e preocupados. Você foi um imprudente, Brad. Tô morta de saudade. Como você está? Falou Emma.

     _ Isso tudo é saudade, maninha? Também estou com saudades e bem. Agora me deixa falar com o paizinho.

     * Oi, meu filhote. Por que  tanto silêncio, Brad?

     _ Não foi por querer, paizinho. A gente não tem permissão de usar telefones antes das duas primeiras semanas de trabalho, porque eles querer nossa total cooperação e ficar falando do navio é simplesmente complicado. Hoje recebi permissão para tirar 03 dias de folga e já estou em Salt Island. O lugar é incrível e já dei uma volta pelo Centro Histórico da Cidade. Além da folga ganhei um adicional pelo bom trabalho que tô desempenhando, e ganhei um pouco mais de Mil dólares só de gorjetas.

     * E o que vai trazer de presentes pra nós, Brad? Perguntou Mia.

     _ Oi, maninha. Também tô com saudade de você. Vi um monte de brincos feito com penas, conchas e sei que você vai adorar tudo.

     * E você tá precisando de alguma coisa? peça e a gente dá um jeito de mandar pra você seja lá onde for.

     _ Relaxa, paizão. Seu filho tá bem, não tá precisado de nada e cheio da grana que ele ganhou com o suor do seu rosto. Te amo, paizão e amo você também paizinho. Sei que tá ruim pros dois me verem crescer e voar um pouquinho pra fora do ninho, mais eu preciso viver minha vida fora da redoma, ok? E não esqueçam maninhas que eu amo você muitooooo. Agora vou deligar porque meu almoço chegou e depois tenho uma Ilha inteira pra explorar nos próximos dois dias.

     * A gente pode pelo menos ligar pra você? Paizinho perguntou.

     _ Pode sim. Todo dia tenho 20 minutos de folga a cada três horas trabalhadas. Fico livre das 19h00 às 19h20.  Gravem isso Toscanos Smith... Eu AMO VOCÊS.

     Brad desligou já querendo se emocionar após ouvir o coro de Eu TE AMO de volta.

     Foram dias cheios e intensos. Sempre comia no mesmo restaurante do centro Histórico, tomava o café da manhã num café perto do Porto, jantava num restaurante da Orla e voltava pra dormir no navio. No último dia da folga saí um pouco mais cedo do Navio e fui aproveitar o dia. Nadei no belo mar de Salt Island e quando já estava indo comer alguém me entregou um panfleto e logo me animei. Haveria algumas corridas de cavalo no belo hipódromo da Cidade e como sou louco por cavalos vi que pelo horário daria pra ver pelo menos 03 das 05 corridas do dia antes de voltar para o navio.

     E foi lá que minha vida mudou de forma positiva pra sempre. 

     

     



Série Deletados/ Trilogia - Livro III  -- A Força do Amor  -- Romance GayWhere stories live. Discover now