01. 𝒫𝓮𝓵𝓪 𝓼𝓮𝓰𝓾𝓷𝓭𝓪 𝓿𝓮𝔃

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Sentada na hamburgueria virando um copo de coca cola, observo o movimento dos carros na rua, o modo como a lua ilumina tudo lá fora e a forma como as luzes dos postes e sinaleiros refletem na lataria dos automóveis

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Sentada na hamburgueria virando um copo de coca cola, observo o movimento dos carros na rua, o modo como a lua ilumina tudo lá fora e a forma como as luzes dos postes e sinaleiros refletem na lataria dos automóveis. O barulho absurdo que deve estar na avenida tomada pelo trânsito, nem se compara com tumulto aqui dentro. Há muitas pessoas falando alto, rindo, soltando gritinhos, o que acaba gerando muito mais barulho por termos que sobressaltar a nossa voz para conversarmos.

— Emma...? — Henrique cantarola meu nome pra chamar minha atenção e me volto a ele.

— Desculpa , estava distraída. O que você perguntou mesmo?

— Se achou o lanche daqui bom.

— Gostei, meu lanche veio cheio de bacon. Olha isso. — Ergo o pão, que está apenas com uma mordida e mostro a quantidade generosa de fatias de bacon.

Ele arregala os olhos e ri.

— Uau, capricharam no seu, hein?

Afirmo com a cabeça e me preparo pra abocanhar um bom pedaço da minha comida quando um ar gelado toma repentinamente toda a lanchonete.

E é esse tipo de coisa que me deixa confusa: como pode a porta da hamburgueria ser aberta tantas vezes, dando ao frio a oportunidade de entrar, e eu não o sentir? Como posso estar no meio de tantas pessoas, com tanto barulho, tanta distração e apenas dessa vez sentir a necessidade de olhar para a entrada? Para ele?

Ele não me vê logo que entra, seus olhos procuram um lugar para ele e seus amigos se sentarem em meio a multidão.

Estou em um canto afastado, a mesas de distância, mas mesmo assim, o vejo perfeitamente bem. Sua jaqueta preta combina bem com sua camisa e jeans da mesma cor, os tênis novos reluzem uma marca famosa. Percebo que ele está com o cabelo mais curto, rente a cabeça, o que destaca ainda mais seu maxilar quadrado e linhas finas e rosadas da da boca. Seus olhos castanhos, quase negros, se fixam em uma mesa próxima a eles, e observo, mesmo com certa dificuldade, algumas garotas se levantarem e com um sorriso sedutor, darem a eles seus lugares para sentarem. Vejo como ele agradece ao seus lábios se curvarem um pouco, quase minimamente para cima, em retribuição para elas, que passam por eles quase parando.

Conhecendo bem seu jeito, fico surpresa ao ele não parar uma delas: uma loira de estatura baixa que passa olhando fixamente para ele em seu trajeto até a saída, discaradamente virando seu rosto para não quebrar muito o contato visual ao já o ultrapassar.

Faço uma careta ao ver.

Por mais inacreditável que pareça, as garotas saem pela porta e simplesmente vão embora,sem fazerem ronda do lado de fora da lanchonete.

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⏰ Last updated: Dec 28, 2019 ⏰

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