Yowamushi

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Sempre fui apaixonado por Oliver desde o ensino médio e permaneço neste estado. Ele não sai da minha cabeça de jeito nenhum. Tem noites em que eu tenho sonhos com ele e em outras não consigo dormir. Minhas fantasias variam de acordo com o meu humor, sendo sexuais se eu estiver estressado ou entediado. Raramente tenho sonhos normais com ele e quase todos os dias, eu acordo com o calção molhado. E lá se vai outro.

Minha vida é e sempre foi um saco.  

Me descobri gay desde os 15, depois de tentar me relacionar com Caitlin Snow e não acabou bem. Decidimos terminar desde então. 

Tinha algo preso na minha garganta e eu já estava ficando cansado disso. Pareciam cabelos presos dentro de mim e eu precisava colocá-los pra fora. Uma verdade que não poderia ser descoberta, mas eu tive que dizer. Revelei meu segredo aos meus pais e eles reagiram da forma que eu sempre esperei. É claro que não iriam querer um filho gay e eles começaram a me tratar como se eu fosse um monstro. Uma aberração. Meus dois irmãos eram os queridinhos agora.

Não aguentei por muito tempo e fui até a casa de Oliver escondido. Pois é, eu sou do tipo que consegue falar de boa com a pessoa que gosta.

  - Não tinha outro lugar pra entrar como a porta? - Disse Oliver me pegando no flagra entrando pela janela.

  - Do jeito que a minha mãe gosta de falar de mim e ela e os seus pais são amigos, não.

  - Do que você tá falando? Você tá bem? 

  - Não.

  - O que tá acontecendo? Pode me falar.

  - Promete que não vai contar pra ninguém?

  - Prometo.

Senti meus olhos arderem no momento e quando percebi, estava chorando. Não sabia como começar a falar, não é fácil. 

  - Oliver...eu...sou gay.

  - Eu já...desconfiava um pouco, sabe? - Ele abriu com sorriso e riu como se fosse uma piada. Eu mantive minha cara séria e enxuguei minhas lágrimas.

  - Não é engraçado. Eu contei pra minha família e eles começaram a me desprezar. Isso dói. Saber que seus pais não te amam mais é muito doloroso. - O sorriso de Oliver se desfez e ele hesitava em dizer alguma coisa.

  - Eu sinto muito, Barry. Mas tem certeza que é isso mesmo? Talvez eles ainda estejam em choque.

  - Não. Eu tenho certeza.

  - E o que você vai fazer?

  - Vou ter que suportar até a faculdade e ir embora daquela casa.

Não achei que ele faria isso, porém ele me abraçou bem forte. Pude sentir sua pele quente, mesmo debaixo da camisa. Depois, ficamos encarando um ao outro, bem de perto. Beijá-lo seria minha pena de morte então olhei pro chão e comecei a cutucar minhas unhas. 

Não tinha parado pra pensar que meus níveis de ansiedade tinham aumentado depois de eu ter me confessado. Eu estava destruído.

  - Escuta. Eu ainda vou ficar do seu lado, mesmo sendo gay ou qualquer outra coisa, tá bom?

Confirmei com a cabeça. Minhas bochechas ficaram vermelhas e eu senti tanta vontade de abraçá-lo e beijá-lo novamente. Essa angústia...é foda.

  - Por quê não passa a noite aqui? Já jantou?

  - Já jantei e eu não tenho certeza se posso ficar aqui.

CowardWhere stories live. Discover now