Camus, o barbudo.

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Ora, lá estava ele, pousado em frente ao espelho, Camus não havia percebido o tamanho de sua barba. Ora ele, um homem do campo, jamais deu bola para sua aparência, e acha que ele dará agora?
Ele simplesmente deu as costas, e saiu em direção ao mercado da esquina, como sempre fez, mas com um peito estufado, pois agora está aposentado. Após inúmeras guerras travadas entre ele e as ervas daninhas, que homem não iria se orgulhar destes feitos?

-Ora,ora, se não é o novo aposentado da vila, disse Plim um agricultor veterano, Mas sabe-continuou, seu apelido ainda esta em pé hein!, mesmo depois de tanto tempo sem dar bola para aparência, ainda ira deixar esta enorme barba batendo em seu peito?
Camus parou para pensar na indagação do "amigo", e respondeu.

-Ora meu caro Plim, não acha melhor cuidar de sua própria vida?, o que a aparência de um pobre como eu, pode interferir em sua vida.. Use uma venda, se não gosta de minha aparência. Existem tantas sementes para plantar, se demorar, não terá o que comer, por isso não perca seu tempo com observações tolas como essa.

Plim ficou de queixo caído com a observação do velho, nunca viu palavras com esse grau de lógica, sair de sua boca.
Camus orgulhoso, continuo o seu caminho.
Pensou ele, com tantos anos de vida, nunca havia pensado, que segurar a boca de seu impulso, e usar um dos neurônios, seria tão proveitoso para a sua vida.
Quantas vezes ele havia falado a primeira coisa que vinha em sua boca? Mandando as pessoas para longe, por motivos tolos,
Camus chegou no local desejado, procurou a sua pasta de amendoim, que tanto amava, olhou para baixo, olhou para cima, para os lados, e não encontrou!!. Camus ficou pasmo com o acontecido, jamais tinha ficado sem sua pasta de amendoim por um dia, seus olhos estavam queimando de tristeza. Ele foi até a balconista perguntar o porquê disto.

-Onde está a minha pasta de amendoim?-perguntou com um tom de fúria..
Surpresa a balconista respondeu:

-Nós não iremos mais comprar a tal pasta, pois ele sai muito pouco, e está estragando na prateleira.

Camus tentou pensar, mas tudo estava turvo, A minha pasta?- pensou ele, o único alimento no qual amava, que comia desde quando era criança, o meu divertimento das tardes após um longo e puxado trabalho, não posso aceitar isso, não posso deixar que tirem o meu único hobby, o meu único hábito, a única coisa que amo tanto de fazer.....

-Eu não posso aceitar isso!!!- gritou Camus.

Todos olharam em sua direção, e observaram a palidez do velho, o compararam com uma pequena criança, quando tiram dela sua sobremesa.
Cambaleando, Camus desfere um golpe no balcão, que provoca uma rachadura, pois seus braços não era de boneca, eram bem treinados pela terra, e caiu duro no chão.
Um pavor toma conta da balconista, enquanto chama a ambulância, das 4 pessoas presentes, 1 foi acudir o velho, os outros três aproveitaram o momento, para executar os seus planos.

O CamusWhere stories live. Discover now