Twenty-four

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Minhyuk levou Ily para o quarto e ficou alguns minutos com ela antes de se retirar e ir para o seu, encontrando Jooheon já de banho tomado, sentado na beira da cama. O mais velho fechou a porta e cruzou os braços.

— E aí? Vai me contar o que aconteceu?

— Minhyuk...

— Em um dia você está desesperado e desconta em mim a raiva por aquela mulher ter voltado e em outro vocês parecem melhores amigos e você permite que ela saia sozinha com a Ily?

— Elas não saíram sozinhas.

— Mas iam sair. O que aconteceu?

— A Sihee conversou comigo. Ela sugeriu que eu deixasse a Ily ficar com ela e que eu ficasse apenas com os finais de semana e feriados.

— Tipo uma guarda compartilhada? — o mais novo assentiu — Por quê?

— Segundo ela... o marido dela quer um filho e como ele não podem ter, a Ily é o mais rapido que podem conseguir de construir a família que querem.

— Espera, você concordou com isso?

— Ela ameaçou entrar na justiça, Minhyuk.

— E daí? Ela abandonou a Ily.

— Mas tem dinheiro, tem um casamento padrão e estável, mora em um bairro nobre e pode contratar um ótimo advogado. Ela pode conseguir tomar a Ily de mim de vez e eu não posso arriscar isso.

— Você quer entregar a Ily sem ao menos tentar impedir isso?

— Você não entende, Minhyuk. Seu pai era dono de uma escola, e sua mãe? Você tinha uma família bem estruturada, não tinha? Você teve seu futuro garantido.

— E daí?

— E daí que eu fui criado com dificuldade, eu sei como é não ter determinadas coisas, sei pelo que a Ily passou comigo e isso dói muito. Aquela mulher largou ela a três anos, mas pode dar em uma semana tudo o que eu não consegui durante todo esse tempo. Eu quero que a Ily estude nas melhores escolas, quero que ela passe as tardes fazendo cursos, descansando e se divertindo ao invés de ficar o dia inteiro em uma escola entediada, eu quero que ela tenha uma herança e quero que ela tenha o mundo inteiro só pra ela. Se eu tiver que abrir mão da coisa mais importante da minha vida por isso, eu vou.

— Você acha que o fato dela ter dinheiro a faz mais capaz de fazer a Ily feliz?

— Sim, é isso que eu acho. O mundo em que a gente vive é assim Minhyuk, infelizmente nós temos que nos adaptar.

— É, ela pode dar muita coisa à Ily, pode dar brinquedos, escolas caras... Mas não, ela nunca vai poder dar à Ily o que você você deu durante todo esse tempo, porque você poderia ter abandonado a Ily como ela fez, poderia ter sequer deixado ela nascer, mas sabe o que você fez? Você criou ela mesmo que a situação fosse praticamente impossível, você resistiu a inúmeras coisas por ela, você não tinha tempo, não tinha dinheiro, mas mesmo assim criou a criança mais amada e incrível que eu já vi. Eu sou dono de uma escola a anos, dou aula pra quase quarenta crianças todos os dias e nunca vi uma criança tão inteligente, madura e apaixonada pelo responsável como a Ily. Aquela mulher nunca vai ser capaz de dar todo o amor e dedicação que você deu, não existe pessoa melhor pra ficar com a Ily do que o pai dela.

— E se ela conseguir tirar a Ily de mim?

— Eu não vou deixar. Nós vamos dar um jeito de conseguir vencer isso, você não está mais sozinho Jooheon, eu to aqui e também quero o melhor pra Ily, por isso não posso deixar você abrir mão dela por achar que está fazendo o certo.

— Não é egoísta? Lutar pra ficar com ela porque não quero ficar longe, ignorando o fato de que ela teria uma vida melhor com a mãe?

— Ela não tem mãe. E não, não é egoísta porque ficar com você é o melhor pra vocês dois. A Ily te ama. Nós vamos casar, tudo o que é meu vai ser de vocês dois também e a escola vai ser herança da Ily. Você não está mais sozinho, Jooheon. — e foi ao escutar a última frase que o mais novo desmoronou. Um choro de desespero mesclado com alívio, não sabia ao certo o que sentia, mas se intensificou quando Minhyuk o abraçou.

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(...)

Jooheon desceu as escadas apressado, já pronto para o trabalho. Caminhou até a cozinha e deu um beijo na testa de Ily, que estava sentada em uma das cadeiras, se aproximou de Minhyuk e o selou antes de se sentar ao lado da filha.

— Bom dia, demorou pra descer.

— Precisei de um banho mais longo que o normal pra despertar hoje, não dormi direito.

— Por quê? Está tudo bem?

— Sim, eu só estou um pouco ansioso.

— Ah sim... — Minhyuk se sentou e colocou a jarra de café sobre a mesa — Hoje a escola não vai abrir, então vou sair com a Ily pra comprar outro caderno de desenho e alguns lápis pra ela.

— Podemos comer chocolate? — a pequena perguntou e Minhyuk sorriu, não conseguia negar nada a ela.

— Claro que sim. Mas não podemos exagerar, não quero que passe mal.

— Quero comer um igual ao que eu, o papai e a moça comemos ontem. — Minhyuk arqueou uma sobrancelha e olhou para o mais novo, que suspirou.

— É tipo um bolo de chocolate que tem em uma confeitaria perto do parque do centro.

— Ah, acho que já sei qual é. Tudo bem, podemos ir. Quer carona? — perguntou para Jooheon, que assentiu.

Os três terminaram de tomar café e então logo saíram. Minhyuk deixou Jooheon no trabalho e depois foi para o centro da cidade, estacionou seu carro e caminhou com a menor pelas lojas. Assim que compraram tudo o que deveriam, foram para a confeitaria, se sentaram e observaram os cardápios, Ily logo mostrou o doce que queria e então o loiro leu os ingredientes e pediu dois. O pedido demorou mais do que esperavam pra chegar e a pequena mexia em seus cadernos e lápis novos enquanto esperava.

— O pedido do senhor está aqui. — disse o garçom ao colocar os dois bolos sobre a mesa e a pequena logo começou a comer — Desculpe a demora, a maior parte das coberturas dos nossos bolos são feitas na hora e a chefe não avisou sobre a falta de um dos ingredientes do seu pedido.

— Tudo bem.

— Vai querer algo pra beber? — o loiro abriu a boca para responder, mas parou assim que escutou Ily tossir, a olhou e tocou sua mão.

— Me traz uma água, rápido. — pediu desesperado ao ver que a menor não parava de tossir, se levantou e quando se aproximou, percebeu que a mesma não conseguia puxar ar, seu rosto estava vermelho e a garganta levemente inchada.

— Alguém chama uma ambulância! — uma das senhoras da mesa ao lado gritou, levantou e tentou se aproximar, mas não conseguiu, já que Minhyuk pegou a pequena no colo e correu para fora da confeitaria o mais rápido que pôde.

FamILY [Joohyuk]Onde histórias criam vida. Descubra agora