Capítulo 2

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O silêncio reinava naquela mesa com vista para o estacionamento.

Enquanto Miguel olhava intensamente para a rua movimentada, tentando se distrair de alguma forma, Catarina tamborilava os dedos sobre a mesa, com o queixo apoiado na mão direita. De forma alguma conseguiriam continuar conversando como antes.

— Catarina, não sabia que você era amiga do garoto "dark" — Disse a garota asiática com claro escárnio em sua voz. Ela possuía um sorriso zombeteiro no rosto e parecia contente em implicar com Miguel.

— Não fala assim, Mulan — Repreendeu Catarina.

— Deixa, poupe os seus esforços. Nada que essa garota fala pode me atingir — Disse o loiro tranquilo, ele nem sequer havia virado o rosto para a mesa ainda.

— Nossa, Coração, como você é mau — Mulan fazia um bico, insinuando que iria chorar — Não posso viver sabendo que você não se importa comigo. Acho que a morte é a única solução.

Mulan usava todos os seus talentos teatrais e se saía bem, não era à toa que a garota fazia parte do clube de teatro da escola e sempre conseguia os papéis principais.

— Deixa o cara em paz — Disse Alex, que coincidentemente havia chegado na mesma hora que ela.

— Ai, vocês são muito chatos, eu tava só brincando.

Catarina sabia que era muito mais que uma brincadeira. Desde que Mulan — que possuía esse apelido por ter uma clara semelhança com a princesa oriental — havia entrado na escola, escolheu Miguel como seu alvo de chacota. Vivia implicando com o garoto sem motivo aparente, às vezes apenas o fazia para inflar seu próprio ego.

A garota havia entrado na escola no início do segundo ano, quando mudou-se com seu pai para a pequena cidade. Ele construiu o primeiro shopping do lugar, trazendo progresso e novos empregos para a localidade.

Logo, conquistou os alunos, se tornando uma das garotas mais populares do colégio. Exalava beleza e confiança, qualidade que somada ao seu talento a fez se tornar atriz principal do teatro da escola.

Apesar de ser calado, Miguel sempre revidava os insultos da garota, mas ao longo do tempo foi se acostumando com sua personalidade arrogante e simplesmente começou a ignorá-la. Isso não deixou Mulan nada feliz, já que ela ansiava por atenção.

— Então, porque vocês tão aqui? Quer dizer, acho que existe lugar muito melhor do que esse em um sábado à noite — Alex quebrou o silêncio.

Catarina não falava muito com ele, assim como não falava muito com Mulan. Entretanto, ela sabia que o moreno era vocalista e guitarrista da banda sensação do momento da cidade, que vivia em cima de sua moto e era frequentador assíduo de festas.

— Isso realmente é necessário? — Miguel virou o rosto para encará-los.

— Bom, é melhor conversar do que ficar olhando pra cara um do outro — Alex respondeu, exasperado. Catarina admirava a boa intenção do rapaz, mas de forma alguma contaria o motivo de estar ali àquela noite.

Ela fitou Mulan, que estranhamente não havia feito nenhum comentário mal-intencionado. Ao contrário, olhava para um ponto fixo na parede, seus olhos castanho-claros estavam vidrados nela. Poderia ser coisa da cabeça de Catarina, mas ela pensou ter visto suas mãos tremerem.

Porém, antes que pudesse perguntar se ela estava bem, Mulan, que estava sentada ao lado de Miguel, levantou-se subitamente de seu lugar.

— Eu vou no banheiro — Anunciou rapidamente saindo logo em seguida. Catarina franziu o cenho para a ação da garota.

É Só O Vento Lá Fora | ✓Where stories live. Discover now