Capítulo 02

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NICOLAS

Eu já estava pronto para ir a casa dos meus tios, eu estava levando uma mochila com roupas, porque nunca sei  o que pode acontecer lá, e já gosto de andar totalmente preparado para certas situações, o carro dos meus pais havia quebrado, mas isso não foi um problema, nós pagamos um taxi até a cidade, e percebi quantas coisas haviam mudado desde a última vez que eu vim aqui. Ao sairmos do carro eu senti um cheiro delicioso de biscoitos caseiros que meu tio Fábio havia feito, era uma mistura de chocolate como certas gotas de amendoim, eu era apaixonado por aqueles biscoitos, ele aprendeu com minha avó, e essa receita é considerada uma relíquia.

- Vamos, entrem! - Dizia nossa tia Clara, ele é a mulher mais divertida da família, eu nunca vi ela derramar uma sequer lágrima.

- Esse cheiro tá uma delícia Clara, pelo visto o Fábio passou a manhã toda preparando eles! - Meu pai falou enquanto demonstrava o quão ansioso estava para degustar dos biscoitos que meu tio havia preparado para todos nós.

- Com certeza irmão, ele não sai daquela cozinha por nada, imagino a reação dele quando perceber que acabaram de chegar.

- Espero que seja boa - minha mãe falou enquanto abriu um sorriso.

CHARLOTTE

Mais é muita baixaria em uma cidade só, eu tinha acabado de escutar uma briga dos vizinhos ao lado, será possível que em todos os lugares que estou, tem sempre que ter uma briga, e ainda tenho que aturar certos tipos de gente que minha mãe traz aqui em casa, na última vez ela trouxe uma menina para cá, e advinha, ela era lésbica, quando eu escutei isso, eu nem quis sair do quarto para não atender, ou melhor, nem tocar, vai que isso seja contagioso. Eu estava deitada em minha cama, quando minha mãe resolve bater agressivamente na porta.

- Abre já essa porta, Charlotte!

E sem vontade alguma de abrir a porta, coloco os fones de ouvido e começo a escutar minhas músicas que havia acabado de baixar, eu não sou obrigada a escutar coisas toda hora.

- Se você não abrir essa porta, você vai ficar meses sem ir para a casa do seu pai, vai ficar sem seus aparelhos eletrônicos, e vai ter uma só rotina, de casa para o colégio e do colégio para casa, você escolhe.

Infelizmente terei que abrir a porta, detesto quando ela começa com essas chantagens, e o pior é que ela realmente cumpre com a palavra dela.

- O que a senhora quer dessa vez?

- O que significa isso? - ela me mostra uma postagem que eu fiz na minha rede social, chamando todos os LGBT's de bonecas eróticas.

- Ah, é isso, apenas uma postagem verdadeira que fiz, porque realmente né mãe, todos eles são brinquedos eróticos para as pessoas!

E sem que eu menos esperasse, minha mãe havia me dado um tapa na cara, eu realmente não tinha visto o momento do tapa.

- Isso é para você aprender, que pessoas LGBT's não são brinquedos eróticos de ninguém, eles são pessoas assim como você, e nunca ouse levantar uma sequer palavra para ninguém homossexual, eles merecem respeito, lutam todos os dias para não serem mortos nas ruas ou onde quer que seja, e você não é mais uma menina de dez anos Charlotte, você agora é uma mulher, e a partir de hoje, seus aparelhos estão todos confiscados. 

ALESSIA

Eu tinha acabado de chegar no parque florestal, tudo estava tão calmo, as pessoas conversavam calmamente, pássaros estavam sobrevoando sobre as árvores, estava uma sintonia inabalável, então sentei-me ao chão, peguei meus cadernos de composição e comecei a pensar em um ritmo para minha música, e confesso que aquele vento do parque tinha me ajudado bastante, comecei a escrever a letra, no começo eu arranquei algumas folhas, mas isso me ajudou a concertar tudo o que estava realmente errado, quando me veio a ideia de observar algumas coisas ao meu lado, e no instante consegui escrever boa parte da música que faltava. E em menos de alguns minutos eu já havia terminado a música, ela se chamava Skyline.

SOPHIA

Já estava saindo com meus amigos, quando lembro que havia esquecido meu celular em cima da mesa de estar, voltei para buscá-lo, então saio correndo em direção a galera, percorremos um caminho, digamos que bem longe, mas nada nós tirou a nossa empolgação de andar de skate, apostamos corrida até o local, e lá havia algumas pessoas já treinando alguns saltos maneiros. 

- E então, quem vai primeiro? - Perguntou Lord King,

- Eu vou! - Disse olhando para a pista de skate, dei alguns saltos que eu havia aprendido na semana passada, e agora tinha sido hora de colocar em prática pra valer.

- Aee Sophia, mandou ver - Jack, falou apertando minha mão.

Aquele ambiente estava me deixando tão bem comigo mesma, que eu não tinha palavras para explicar.

YURI

Então vamos lá, comecei a navegar nas redes sociais o perfil do menino que eu admirava, ele era muito lindo, as postagens que ele fazia me deixava feliz, na verdade, tudo o que ele fazia me deixava feliz, a foto mais recente dele foi uma em que ele estava com os pais, eu amo minha vida de stalker, para mim já virou uma profissão, eu conheci a vida de pessoas que eu nem esperava saber, mas voltando ao assunto do menino, ele conseguia me prender em suas postagens, eu já cheguei a mandar uma mensagem para ele, mas não tive retorno, mas eu não vou desistir de mandar mensagem para ele, ou eu não me chamo Yuri Mascarenhas.

HÉLIO

O vídeo já estava todo pronto, edição completa, os passos realmente ficaram bons, acho que foi um dos passos que eu mais gostei de ter feito, agora é hora de publicar e divulgar, eu realmente não me importava de ser chamado de gay, não tem porque eu me importar com isso, eu sei que não sou, então para mim tanto faz, bem, acho que tudo isso um dia vai servir para me mostrar que eu soube crescer enquanto pessoa, e isso me faz feliz, eu não vou desistir do meu sonho, só porque algumas pessoas me chamam disso ou daquilo, não tenho motivos para isso, quem vivia meu sonho era eu, não eles, e eu vou lutar por isso mais e mais.


Continua...

Skyline: Mundos DistintosWhere stories live. Discover now