30 anos depois

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Em todos os anos junto as minhas irmãs não saberia dizer quantas viagens fizemos. Era no minimo umas três viagens por ano pois ninguém poderia se quer imaginar o que realmente éramos. A escolha para o próximo destino era sempre uma dificuldade, já que ninguém conseguia entrar em um consenso. Padma não gostava de lugares ensolarados, Elizabeth e Miaka queriam lugares agitados igual as suas vidas. Essas duas não paravam quietas e sabiam aproveitar tudo que aquela vida de sereia podia proporcionar. Já eu não entrava na briga, não fazia muita questão de escolher algum lugar. A regra era sempre estar perto da Água, já que ela poderia precisar da gente a qualquer momento, o que nos limitava a litorais. No final escolhemos uma casa com um aluguel bem baratinho perto de uma praia deserta no Havaí. Foram dias de viagens dentro de um carro até chegar e o que não faltou no caminho foi risadas e brincadeiras entre as meninas.

Elizabeth estacionou e pudemos ver Ela batendo com suas enormes ondas na areia. O local era praticamente escondido e não recebia muitas pessoas, o que era extremamente importante pra não corrermos o risco de sermos pegas entrando no mar. Ninguém iria entender quatro meninas entrando em alto mar e demorar horas para sair sem nenhum arranhão.

Resolvemos entrar e trocar nossas roupas antes de irmos vê-La. Cada uma pegou suas coisas no porta-malas e entramos na casa que era bem jeitosinha até. Padma assim que entrou se jogou de pernas pro ar no sofá. Ela foi resgatada apenas um ano antes de mim e quando a conheci ela era a mais tímida, mas que apenas alguns poucos anos junto as outras  e isso já não existia mais. Ouvi dizer que ela das quatro foi a que mais teve dificuldade em esquecer da vida humana, que o esquecimento era inevitável e preciso. Eu lembrava muito pouco da minha vida mas gostaria de saber mais. Descobrir minhas raízes e de onde eu herdei cada traço meu. Meus cabelos eram castanhos de uma cor bastante escura e meus olhos eram verdes como limões. Seria interessante saber de onde eu tinha tirado essa combinação.

Miaka ajeitou suas telas e pinceis num dos cantos da sala e foi para mesa se atualizar em seu computador. Tinha certeza que quando libertada ela se tornaria uma artista super famosa. Mesmo passando menos tempo ao seu lado, saber que em poucos meses ela iria embora me deixava bastante triste.

- Que lugar pequeno. - Elizabeth gritou voltando do quarto onde tinha ido guardar suas coisas. - Eu não fui feita para isso, ainda te mato Miaka.

- O que você queria? Sabe que não podemos ficar em lugares luxuosos cheio de gente e olha, a praia daqui é incrível.

A casa podia não ser la essas coisas, mas a praia era um arraso. Tinha a areia branca sem nenhum sinal de sujeira e graças a Deus Ela estava serena naquele dia.

- Em falar em praia, não acham que devemos ir até lá? - Perguntei sentando aos pés da nossa irmã mais nova. - Já já Ela nos chama.

Toda vez que tinha que até à Água, ficava nervosa. Ela sabia praticamente tudo sobre nos apenas com um simples toque. Não que fosse mal agradecida por ter sido salva da morte, mas era meio que invasivo. Mesmo assim, era reconfortante estar em seus braços, como o abraço de uma mãe.

- Sim, acho que sim né. - Padma respondeu e nos entre-olhamos.

Esse momento era sempre apreensivo, por mais que soubéssemos do seu amor por cada uma de nos, Ela ficava cada vez mais rígida com as regras cada ano que passava. Ela passou a recear cada contado nosso com humanos e sempre ficava emburrada quando o fazíamos. Sabia que isso tinha começado depois que eu cheguei ao grupo, ouvia historias das outras meninas e elas contavam das festas que iam e como se divertiam nas baladas que frequentavam. Uma das coisas que tínhamos que tomar o máximo cuidado possível, era não falar com outras pessoas, nossa voz podia mata-los com um simples oi, e se não fosse pela Água, seria envenenado.

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⏰ Last updated: Jan 07, 2020 ⏰

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A Próxima SereiaWhere stories live. Discover now