OneShot

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Para Karen...

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6 Meses depois...

Eu esperei por eles.

Me lembro de checar incessantemente meu celular para ver se encontrava qualquer coisa que viesse deles.

Mas nunca chegou, e eu tive que sentir em frente.

Vivi sozinha minha vida inteira. Nunca tive pessoas que se importassem comigo, que criassem um laço afetivo, nem mesmo minha mãe se importava comigo.

Até o dia que eu conheci eles.
Me lembro como se fosse ontem.

A voz rouca e sarcástica que sempre despertava arrepios por todo o meu corpo, as botas de couro esfarrapadas, a calça marcando suas coxas fortes, camisa velha do Led Zeppelin, a qual usei diversas vezes enquanto nossos demônios dançavam juntos. As tatuagens, muitas tatuagens. Suas mãos, que sempre se encaixaram perfeitamente nas minhas. O olhar, como me esquecer daqueles olhos extremamente negros, refletindo a escuridão de sua alma, intensos, com um brilho malicioso, sempre intimidantes. Seu sorriso, que sempre me deixava sem ar, e não posso esquecer da sua covinha. O penteado que lembrava James Dean. O cheiro de colônia, algo como pimenta, que me deixava louca de tesão.

Me lembro de achar Peter o homem mais bonito do mundo, então eu conheci Gabe.

A primeira coisa que notei foram os seus olhos, azuis como o mar caribenho dos meus, extremamente penetrantes. Um sorriso malicioso e matador em seus lábios grossos. Seu cabelo dourados, parecia um anjo. Assim como Pete, seus braços eram cobertos de tatuagens. Diferente de Pete que sempre foi mais quieto e observador, Gabe adorava falar, Gabe sempre amou a atenção, engraçado e sorridente, seria impossível não gostar dele. Ele era a versão melhorada de Brad Pitt.

Foi muito fácil me apaixonar por eles, mais fácil ainda amá-los. Tão parecidos, mas ao mesmo tempo tão diferentes, como se fossem o sol e a lua. A vida pode ser injusta quando quer, tanta perfeição não pode vir em par. Tirando as tatuagens, você não poderia compará-los em nada, mas ainda sim, havia algo. Eles se moviam como se fossem uma unidade, e a forma como eles pensavam, como se fosse uma única forma de pensar, palavras não eram necessárias entre eles, sua ligação sempre tão intensa, comunicavam-se pelo olhar.

Eu sabia, no momento em que os conheci, que estaria ferrada, que havia algo maior que nos ligava. Como se uma força nos puxasse um para os outros. Todos tão quebrados, arruinados, sujos, doentes, insanos. Eles viram a escuridão nos meus olhos, e eu a vi nos deles. Nossos demônios se conheceram, e amaram dançar juntos.

Eles me ensinaram à deixar meu demônios me guiarem. Me livrei da máscara, me libertei e mergulhei na escuridão com eles.

Foi intenso, insano, sujo, delicioso e sangrento.

Até o fim.

Foi horrível acordar naquele hospital, sem eles para me amparar, me senti sozinha, ainda me sinto, mas nada comparado à intensa agônia que foi ver Peter perder a cabeça, não dando a mínima para o fogo que se alastrava pelo lugar, ou a batida dos policiais na porta.

Se eu me arrependo? Nunca.

Faria tudo de novo, sem pensar duas vezes. Tudo.

Eu os amei mais do que tudo, eu ainda os amo. Eles eram tudo o que eu tinha. Mas infelizmente, nós sabiamos que se havia algo incerto, era o que aconteceria depois de tudo. Nós planejamos, mas nem tudo ocorreu como o esperado.

Dói saber que há uma grande chance de nunca mais vê-los, mas eu entendo.

Entendo que quando eles me deixaram naquele hospital, foi um gesto de amor.

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