XXVIII

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"No one's ever gonna hurt you, love
I'm gonna give you all of my love"
(Clean Bandit, Rockabye)

As coisas mudaram durante essas duas semanas. Digo, quase tudo praticamente.

Noora e William finalmente assumiram o seu namoro, oque não causou uma grande aceitação da Vilde, que se encontrava em uma negação absurda diante do relacionamento da nossa amiga.

Os Yakuza, por enquanto, não haviam apresentado nenhuma ação contra nós, oque de fato era um pouco suspeito. Digo, os garotos falaram que eles não costumam ficar quietos durante muito tempo. Mas que se dane, não quero me envolver mais com isso.

E quanto ao Chris... bom, ele tentou falar comigo algumas vezes. Algumas não, muitas. O garoto passou a semana passada quase toda tentando atrair a minha atenção de todas as maneiras possíveis. Até mesmo veio à minha casa em uma tarde qualquer, mas eu apenas fingi que não estava.

Não digo que não está doendo, porque realmente ta. Mas é o melhor pra mim, pra nós. Não fomos feitos um pro outro, e isso já ficou claro de todas as maneiras possíveis.

Suspirei e tentei colocar mais uma colherada de macarrão no meu estômago, mas eu não aguentaria. A dias que essa droga de virose não acaba. Não aguento mais, a cada refeição é uma ida ao banheiro. Merda, não posso ter um minuto de paz sem que essa imunidade baixa me ataque.

Meu celular tocou, tirando-me dos devaneios. Pausei o filme de romance clichê e encarei o visor. Era a Noora.

– E aí, ta fazendo o quê? – perguntou imediatamente, com uma tonalidade empolgada.

Um fator interessante sobre os últimos tempos, é o de que a minha amiga anda muito alegre depois que conheceu o William. Digo, não que ela fosse chata antes, mas costumava ser mais séria do que agora. Gosto mais da Noora dos dias atuais.

– Assistindo Orgulho e Preconceito e tentando fazer alguma refeição sem vomitar – reclamei.

A ligação ficou em silêncio, fazendo-me estranhar. Afastei o celular da orelha e o olhei, conferindo se ainda estávamos na chamada.

– Noora? – a chamei, confusa.

– Eva, você não está achando esses enjoos um pouco... – falou, com certo receio na voz.

– Um pouco? – perguntei, sem entender do que ela estava falando.

– Suspeitos? – franzi a testa – Digo, você e o Chris transaram durante todo esse tempo. Não acha que talvez esteja...

– Grávida? – completei a sua fala, arregalando os olhos logo em seguida.

Droga, droga, droga, mil vezes droga. Ok, Eva, respire fundo. Você não está grávida, não mesmo, nunquinha.

Merda, por quê eu não conseguia ver firmeza na minha própria afirmação?

Céus, isso não pode estar acontecendo.

– Eva? Eva? Ta tudo bem? – a minha amiga gritou do outro lado do telefone, com um tom de preocupação explícito.

– Eu... não sei – suspirei, sentindo lágrimas invadirem os meus olhos.

– Certo, não surte, ok? Estou indo para a sua casa agora, e vou levar comigo um teste de gravidez. Não podemos ficar na incerteza – assenti, como se ela pudesse me ver – Quer que eu ligue para as meninas?

– Por favor – falei, com a voz falha.

E assim se encerrou a ligação.

Como não pude desconfiar disso antes? Estou a quase 5 dias vomitando sem parar, isso é um claro sinal de gravidez. Droga, justamente hoje faz três semanas que eu e o Chris transamos sem camisinha pela única vez. Não podemos ser tão azarados, certo? Digo, como o universo poderia ser tão traiçoeiro a esse ponto?

Não notei quanto tempo se passou. Apenas acordei do meu transe ao ouvir o som da campainha. Eram as garotas.

– Droga, Eva! O que vai fazer se estiver realmente grávida? – A Sana me bombardeou assim que me viu, causando-me um misto de sentimentos tristes.

– Hey, Sana! Não fale assim com ela! A garota deve estar se sentindo um fiasco por estar nessa situação, não tente piorar as coisas – a Chris me defendeu, assim que adentrou à minha casa.

As garotas se alojaram em minha sala de estar, enquanto nos encarávamos sem saber oque dizer. A Noora, como prometido, possuía uma sacola de uma farmácia qualquer em seus braços, oque imagino que era o tão medonho teste.

– Mas então... quer fazê-lo agora? – Vilde perguntou, de forma receosa.

Suspirei, com o coração a mil. Eu deveria fazê-lo logo, certo? Digo, quanto antes souber melhor. Mas por quê aquilo me assustava de um modo nunca antes conhecido por mim?

Eu não conhecia aquele sentimento de perto. Claro, já senti medo diversas vezes antes, mas aquele, em específico, era totalmente diferente. Esse teste pode mudar a minha vida para sempre. Não quero acabar com toda a felicidade que me resta.

– A sua menstruação... ela... está atrasada? – foi a vez da Noora de perguntar.

– Eu não sei – abaixei a cabeça e suspirei – Ela nunca foi regulada, então nem parei pra analisar se ela de fato estava vindo corretamente.

E novamente nos encontrávamos em silêncio. Eu estava completamente grata por as ter comigo naquele momento. Eu não poderia desejar a presença de alguém mais importante que elas. Ou talvez poderia...

Seja corajosa, Eva! Você não vai poder fugir disso de qualquer maneira.

– Eu estou pronta! – anunciei, juntando toda a coragem que eu não tenho para que isso aconteça.

Todas as minhas amigas levantaram em imediato, encarando umas as outras com medo no olhar.

Me direcionei ao lavabo, sendo acompanhada por todas durante o curto percurso. Entrei no pequeno cômodo e peguei a caixinha nas mãos da Noora. As encarei por um último segundo e lhes mostrei um pequeno sorriso nervoso. Fechei delicadamente a porta e me sentei sobre o vaso sanitário. O rótulo do teste indicava os passos para se conseguir o resultado. Eu deveria urinar no potinho e deixar o testo dentro desse pote durante 5 minutos, que seria o momento em que eu descobriria a verdade.

Céus, eu estou tão tensa!

Fiz tudo conforme a orientação, tomando cuidado para não errar em nenhum mínimo detalhe. Deixei o teste de molho na urina e esperei sentada no vaso.

Droga, por que o tempo não passa? Parece que estou aqui a horas, mas não fazem nem 5 minutos. Toda essa ansiedade está me causando mais enjoo.

Batuquei meus pés no chão nervosamente. Eu iria explodir de tanta ansiedade. Esse misto de sentimentos com certeza é uma das piores sensações que já passei em toda a minha vida. Eu juro, por tudo que é mais sagrado, que eu nunca mais irei transar na vida.

O timer do meu celular apitou, indicando que havia se passado os 5 minutos.

Céus, será que eu deveria mesmo olhar? Digo, talvez eu pudesse esperar apenas um pouquinho. Não, Eva! Seja corajosa! Por favor não vá amarelar.

Peguei o teste em minhas mãos, fechando bem os olhos para não ver de primeira o resultado. Talvez eu devesse olha-lo logo. Certo, o faça então, garota.

Dois traços. Droga, eu estava grávida.

Notas Finais:
Inesperado? TALVEZ. Mas relaxem galera, ainda tem MUITAAA cois por vir

Toxic - Chris e Eva Hikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin