Capítulo Treze

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    "Klaus"

    Fui levada por Apollo até meus aposentos temporários, o qual eu iria ficar até o casamento acontecer. Mesmo sendo algo provisório, aquele quarto era extremamente confortável. A cama era grande e estava forrada com lençóis rosa de ceda e linho, no fundo do quarto tinha o banheiro e ao lado uma penteadeira de madeira, maior do que a que eu tinha em meu próprio quarto em Celestia. Do outro lado do quarto, havia um espaço só para os vestidos. Caminho até lá e toco-os, alguns eram os meus, que provavelmente, quando foram buscar minhas damas na hospedaria, trouxeram minhas malas e organizaram tudo. Mas a maioria dos outros vestidos, nunca tinha os visto, presumi que tenha sido presente do meu futuro marido. Não me demorei muito para me banhar e ir para cama. Tinha sido um dia longo e precisava descansar, ou pelo menos tentar.

    O sono não fora leve, mas nada de novo, já que isso acontece frenquentemente. Lola hoje veio me aprontar, Meredith precisava descansar e exigi que ela tirasse o tempo que precisasse de folga e Maria tinha saído para comprar algumas coisas no mercado. Minha dama escolheu um vestido dos que Klaus me deixou e agora, depois de me ajudar no banho e com os curativos, colocava-o em mim. Lola escutou minhas súplicas e deixou o espartilho mais frouxo e o vestido de mangas compridas azul escuro com pedrarias costuradas, transparecia que eu estava apta a conhecer a família real de Válion. 

  - Vossa alteza está belíssima! - Lola fala admirada depois de ajeitar meu cabelo e deixá-lo solto.

  - Obrigada, Lola - sorrio a vendo pelo reflexo do espelho na penteadeira -, mas gostaria de saber se alguma parte das minhas costas estão a aparecer...

    Ela suspira pesadamente e nega com a cabeça.

  - Ótimo! - ela me ajuda a levantar, quando duas batidas na porta ecoam pelo quarto - Pode entrar. 

    O príncipe Apollo abre a porta e sorri, depois de murmurar licença. Ele usava hoje uma roupa semelhante a de ontem, mudando apenas a cor para um cinza, seu cabelo estava partido no meio, mas de um jeito despojado e que fazia o par perfeito com o tapa olho, que agora ele tinha que usar frequentemente. O príncipe agora parecia mais maduro e adulto. Apollo faz uma reverência, antes de pegar minha mão e depositar um beijo casto na mesma. Lola cora ao ver o príncipe e faz uma reverência desajeitada antes de sair quase que correndo do quarto.

  - Acho que ela tem uma quedinha por você. - falo brincalhona e Apollo ri sem jeito.

  - Ela e todas as mulheres. Você foi a única que não consegui conquistar com meu charme avassalador. - ele brinca e se faz de ofendido, antes de se sentar no banquinho que havia ali perto e fazer sinal para que eu sentasse na cama, ficando de frente para ele - Mas voltando. Como você está? Sentiu alguma dor?

  - Graças a Deus nenhuma dor física, pelo menos. Já a tortura mental - minhas mãos caem sob minha saia cheia de pequenas pedras e baixo o olhar para baixo -, não me deixa dormir. Todas as noites eu volto para aquele lugar, revivo cada experiência, o chão úmido, o cheiro do lodo, do sangue derramado a cada chicoteada, tudo parece ser revivido a cada noite.

    Um calafrio percorre toda a minha espinha e meu corpo todo estremece. Sinto todos os pêlos do meu corpo se eriçarem e forço as lágrimas a não caírem, quando volto a encarar Apollo. O príncipe me olha com pena e estende sua mão, e segura a minha. Ele aperta, mostrando que está ali para mim e que tudo passou.

  - Eu sinto muito, Aurora - sua voz sai embargada -, me perdoe por não ter te levado comigo. Mas foi tudo muito rápido!

  - Não tem problema, Apollo, eu sei que não deu para você voltar.

    Ele nega repetidas vezes e desvia seu olhar para a janela que servia de moldura para aquela neve toda que caia sem parar.

  - Eu sei, eu sei, mas eu podia ter me esforçado mais. Aurora, quando ele me atingiu, eu apaguei e não vi mais nada, porém, quando eu voltei a mim, olhei ao redor procurando por algum sinal dos outros sequestradores, mas nada. Só você que estava desacordada longe de mim. Eu estava com dor, não conseguia ver direito, não sabia o que iria fazer para conseguir nos tirar de lá.

Entre a RealezaWhere stories live. Discover now