Capítulo Três: Enquanto as Crianças Dormiam

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NOTAS DA AUTORA

↯ Por favor, não se esqueça de deixar seu voto e seu comentário sobre o que está achando da história! ♡

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Eram cinco da tarde quando Albus Dumbledore, o diretor da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, surgiu através das chamas da lareira que ficava na sala de estar d'A Toca.

Todas as crianças Weasley encontravam-se no andar de cima, adormecidas e seguras em suas camas.

Molly Weasley, a matriarca, estava sentada no sofá diante da lareira, aguardando a chegada do diretor. Quando o viu, levantou-se e disse:

"Eu fiz tudo conforme as instruções do senhor, diretor."

O homem acenou lentamente com a cabeça, os olhos azuis cintilando atrás dos oclinhos de meia-lua posicionados no meio do nariz torto.

"Então... Tudo está indo de acordo com o plano."

"Ela não pode saber", chiou a mulher gorducha, dando um passo em direção ao professor. "Me odiaria se soubesse, e..."

Dumbledore ergueu a mão de modo tranquilizador, e então Molly se silenciou.

"Ela não saberá. Pelo menos não até estar pronta para entender o que tudo isso quer dizer." Houve uma pausa. "Talvez seja melhor andarmos logo com isso, não acha, minha cara senhora Weasley?" O ancião deu um sorriso gentil. "A qualquer instante, as crianças poderiam acordar, e tudo poderia facilmente dar errado."

Com um gesto, Molly conduziu o diretor escada a cima. Primeiro, o diretor modificou as memórias de Fred, George, Rony e Ginny, os filhos mais novos do casal Weasley. Depois, o diretor caminhou até a cama onde Sollaria dormia. Olhou para aquele rosto angelical, tão familiar a ele... Era o rosto de Lily Potter, a não ser por algumas poucas sardas no nariz, as quais Lily não possuía.

A menina soltou um suspiro e virou-se para o lado, o que trouxe Albus Dumbledore de volta para o presente e para o que realmente era importante.

Entrar na mente de uma criança era extremamente fácil, pois os escudos eram sempre inexistentes, mas nenhuma das experiências anteriores se equiparariam àquela. A mente de Sollaria Potter era extremamente complexa, repleta de ideias, sonhos, pensamentos íntimos e opiniões. Era algo que Dumbledore jamais vira em uma criança antes (e ele apreciava aqueles que se destacavam).

Algumas coisas lhe chamaram a atenção, duas, especificamente. A primeira era que Sollaria constantemente vinha acessando havia anos situações pelas quais ela passara quando não era nada além de um bebê (e outras memórias que nem mesmo lhe pertenciam). E a garota pensava se tratar de meros sonhos... Ah, ele teria que conversar com o professor de Poções, Severus Snape, quando retornasse a Hogwarts.

A segunda coisa que lhe surpreendeu foi o que encontrara nas profundezas da mente da garota.

Era poder aquilo que percorria as veias da criança que no momento dormia como um anjo, poder este que poderia ser a ruína ou a salvação do mundo bruxo se mesclados com tamanha força e ambição contidas em seu íntimo.

O diretor observou o perfil de Sollaria, e se assustou com o pensamento que passara pela mente dele; era difícil não pensar na terrível semelhança entre ela e um certo jovem bruxo que um dia apresentou ao mundo da magia. O que mais será que passava por aquela mente, aquele coração? Que desejos eram aqueles e quão longe estaria ela disposta a ir para realizá-los?

Albus Dumbledore tivera verdadeiro receio de algo apenas duas vezes antes em toda a sua vida. A primeira vez, há muitos e muitos anos, quando ainda era jovem, e percebera que talvez estivesse iludindo a si mesmo sobre quem era e o que queria para a vida. Seus pensamentos confusos e as companhias que escolhera para a vida àquela altura acabaram ocasionando a morte de sua irmã mais nova.

A segunda vez em que sentira aquilo, também há muitos anos, foi logo após sair de um orfanato. Ele havia ido até lá para dar a notícia a um jovem de que ele era um bruxo e estava sendo convidado a estudar em Hogwarts. O comportamento do garoto o deixara terrivelmente preocupado, de modo que Dumbledore passou a observá-lo de perto no segundo em que a criança pisara na Escola. Um dia, aquele menino cresceria e tornar-se-ia o bruxo mais temido no Mundo Bruxo; tão temido que seu nome era sequer pronunciado.

A terceira vez em que Dumbledore sentira receio fora neste presente momento. A garota tinha a pureza e a bondade que se espera enxergar em uma criança, mas que carecia naquela que se tornara o maior bruxo das Trevas daquele tempo, por exemplo. Pelo menos Sollaria Hyacinth Potter era pura. Ela era boa. Contudo, o senso de justiça e a sede por conhecimento em excesso que possuía, se mesclados com força e poderes extraordinários, poderiam ser sua maior fraqueza.

E aquilo causou medo em Albus Dumbledore.

Foi isso — e a possibilidade de a garota se voltar contra a Ordem — que o fez retirar de Sollaria toda e qualquer lembrança que pudesse fazer com que desconfiasse de alguma coisa sobre seu passado e decidiu que reprimir suas ambições e sua magia seria mais seguro, ocultando-os por ora, pois isso poderia ser útil no futuro se bem lapidado... Ele virou o pescoço para trás e lançou um breve olhar para Molly Weasley, que estava parada a uma distância respeitosa parecendo muito apreensiva.

"Está feito", sussurrou o homem.

Cinco minutos depois, a mulher ofereceu uma xícara de chá fumegante para o diretor. Os dois estavam sentados à mesa da cozinha, falando aos sussurros.

"Mas diretor... O senhor não acha muito arriscado? E o que aconteceria quando ela entrasse em Hogwarts? Essa... abstinência não poderia prejudicá-la?"

Ele negou com a cabeça.

"Quando chegar a Hogwarts, ela estará sob a minha proteção e observação. Poderemos lidar com isso. O problema é: ela tem muita magia dentro de si, muito poder. Isso poderia destruí-la... E destruir as pessoas em volta. É melhor que esta força fique adormecida por enquanto, controlada. Quando estiver em Hogwarts, aprenderá a transformá-la a seu favor e a moldá-la."

Molly ergueu a cabeça e encarou o diretor por um longo minuto.

"Que assim seja, então."

E, enquanto Molly se despedia do diretor e esperava que as chamas da lareira o engolissem, ela não fazia ideia de em que estava se metendo, tampouco do problema que havia acabado de ajudar a criar.

CHILDREN OF DAWN [1] • Universo de Harry PotterWhere stories live. Discover now