{Parte 3}

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Dia 24 de Dezembro.

Noite de Véspera de Natal.

Tempo frio e nebuloso, denunciando a drástica mudança climática em LA.

Louis não queria sair de seu sofá, envolto de cobertas aconchegantes e uma xícara de café preto que permanecia intacta em sua mão direita. Seu cinzeiro estava cheio de bitucas, consequência de um dia não muito bom e estressante. Boca seca, bolsas arroxeadas embaixo dos olhos azuis que agora estavam vermelhos de exaustão e lágrimas não muito recentes, cabelos desgrenhados.

Dia 24 de dezembro.

Seu aniversário.

30 anos.

Dois anos desde a morte de sua mãe, Johannah. Tão jovem, tão bela, tão materna. Levada por um câncer maligno. Louis chorava silenciosamente, relembrando como se fosse de fato hoje que recebia a notícia de que sua mãe havia falecido durante a noite. Um telefone bastou para que ele se partisse em inúmeros pedaços. O baque forte de tal noticia abalo todos os familiares, que pararam suas comemorações para dedicar um tempo ao luto. Luto pela alma tão querida de Jay, que tinha os deixado.

Ele ainda podia sentir na pele o toque caloroso de sua mãe esfriando aos poucos com o passar dos dias que se arrastavam pelo calendário.

A depressão nunca caiu bem na família Tomlinson, onde sorrisos e risadas altas formavam uma casa de verdade, abraços longos e beijos na testa eram obrigatórios e sempre compartilhar seus problemas era a regra número um. Mas somente ao relembrar que estava sozinho, sem ela do seu lado, ele poderia se trancar num quarto e nunca mais sair de lá.

O relógio marcava sete horas da noite. A festa natalina do condomínio estaria prestes a começar. Ele nem ao menos havia movido um músculo no grande sofá, mal respirando. Clifford dormia em sua cama, perto do quintal, longe dos problemas que assombravam o coração de seu dono, como se soubesse que ele precisava de espaço.

Louis levantou-se depois de uma longa luta interna e subiu de modo lento os degraus até seu quarto; ele precisava de um banho quente. O cheiro forte que impregnava seu pijama não lhe agradava mais, chegando a lhe incomodar. Sua cabeça doía e ao menos depois de um banho, ele poderia dormir tranquilo, pesado e longe de todos. Longe de tudo.

A festa não era mais uma opção, aparentemente.

A água queimava suas costas cansadas, e dava para ver com clareza nuvens de fumaça tomarem conta de seu banheiro. O cheiro de sabão aroma de flores foi deixado de lado; Louis apenas precisava de água, água quente e ininterrupta. Sua cabeça voou longe, encostada no azulejo e perdida em pensamento depreciativos e no quão dolorosa era a falta que ele sentia de sua família.

De suas irmãs e de seu irmão. De seu pai. De sua mãe. O pobre homem não conseguia pensar em tal tópico familiar que já sentia seus joelhos amolecerem e a visão ficar mais uma vez turva. Louis adoraria ver seus problemas irem embora ralo abaixo, junto da água suja.

Saiu do quarto com uma toalha na cintura, molhando levemente o chão por onde passava, sem se importar. Ele precisa achar um moletom preto e grosso, que serviria como roupa para a noite vazia, fria e solitária que viria pela frente. Encarando as poucas caixas com poucos pertences empacotadas que permaneciam intactas no quarto, supôs que só poderia estar em uma delas quando não avistou a peça de roupa em seu armário.

Quando abiu a maior, onde tinha 'Roupas quentes' escrito em uma caligráfica questionável, sorriu de canto pela primeira vez no dia. O suéter de natal horrendo de Harry jazia perdido lá dentro, no meio de diversos outros agasalhos. Ele pode se lembrar que no dia de mudança, quando chegou, Harry entrou o vestindo, mas por conta do calor, tirou e permaneceu de regata o resto do tempo. E Bom, ali estava o suéter vermelho com a árvore de natal verde.

how fast the night changes . lsWhere stories live. Discover now