VI

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    Não fizemos literalmente nada o dia todo. Ela ficou a tarde inteira assistindo tv na sala enquanto eu adiantava os deveres de casa e mexia no celular.
    Uma súbita vontade de ir pra algum lugar hoje à noite chega e sinto que estou prestes a fazer alguma loucura.
    Mando uma mensagem pra Valerie.
    Tem algum lugar legal pra ir hoje??
    Ela responde segundos depois:
    Meu Deus, para tudo!! O que vc fez com a Mia que eu conheço?
    Outra mensagem:
    Ok, tá rolando uma "festinha" na casa daquele meu primo sabe?
    Chego aí em 5 min.
    Como não quero ser interrogada ao sair pela porta da frente, faço o que nunca achei que faria. Grito um "vou dormir mais cedo, boa noite mãe" e tranco a porta do meu quarto. Ajeito os cabelos no espelho, desligo as luzes, deixo o celular ligado com sons baixos de roncos e abro a janela.
    Sorte que não tenho medo de altura.
    Minha casa não era muito alta então se eu pulasse certo não iria quebrar nenhum osso.
    Boto meu corpo pra fora, meus pés grudados na beirada. Deixo a janela entreaberta e respirando fundo, pulo na grama.
    Faço barulho ao pisar nos gravetos mas minha mãe não parece notar, deve estar dormindo no sofá.
    Como prometido, 5 minutos depois estava em frente à casa de Valerie.
    — Will já está lá. — Ela diz ao sair pela porta da frente com as chaves do carro nas mãos.
    — Não acredito que estou fazendo isso. — Murmuro.
    — Relaxa amiga, é o sentido da adolescência fazendo efeito na sua cabeça.
    Entro dentro do Volkswagen preto e dentro de alguns minutos, chegamos na tal "festinha".
    — Val, por favor não fique bêbada. — Imploro mesmo sabendo que ela não vai dar ouvidos. — Não quero ir pra casa sozinha à noite.
    Ela me ignora e vai pra cozinha preparar alguns drinks.
    Um braço envolve meus ombros e eu dou um pulo de susto.
    — Nossa senhora, calma.
    — Sorte sua que te conheço, ia quebrar sua cara com meus golpes de karatê.
    — Vi Mia Victoria em uma festa, já posso morrer feliz.
    Reviro os olhos e saio de perto de Will, o coitado já se embebedou.
    Estava indo em direção ao jardim quando algum idiota esbarrou sua cerveja em mim, agora estava toda molhada e com um cheiro péssimo. Boa sorte pra mim lavar essa camisa depois.
    Em que merda eu estava pensando? Eu, Mia, numa festa?
    Procuro um banheiro no segundo andar e quando finalmente o acho, vejo Adam Benson saindo dele secando as mãos na blusa.
    Meu coração parece acelerar um pouco. Até esqueço que estou cheirando a cerveja.
    — Nos encontramos de novo. — Nossa senhora, sua voz era uma melodia pros meus ouvidos.
    — Só não esperava ser perto do banheiro de uma casa qualquer. — Forço uma risada que sai mais como uma tosse.
    Ele sorri.
    Sorriso lindo da porra.
    — Então, o que a traz pra uma festa no meio da noite?
    — Acho que resolvi dar uma de rebelde e vim pra cá.
    Adam sorri novamente.
    — Você faltou a aula hoje. — Ele diz, se escostando na batente da porta.
    — É, acordei meio tarde.
    Ele arqueia uma sobrancelha.
    — Você não parece ser do tipo que se atrasa pra alguma coisa.
    — Boa observação. — Digo, alternando o peso entre as minhas pernas. Estava nervosa demais.
    Adam me encara por mais alguns segundos antes de desviar o olhar.
    — A gente se vê por aí, Mia.
    E ele vai embora de novo.
    — Até...
    Pera aí, como ele sabe meu nome se eu não falei?

O Garoto do Metrô Where stories live. Discover now