Folha de papel

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Já deixa a estrelinha girassol.

— O que eu faço? - Ele me pergunta meio perdido.

— Você segue ela de volta Andrew. - Digo revirando os olhos.

Ele passa alguns dedos na tela, parece digitar algo e bloqueia o celular rapidamente.

— Eu deveria perguntar o porquê que você está com essa expressão? Está me assustando.

— Mandei mensagem para ela, Anne. - Ele passa uma das mãos na nuca, como sempre faz quando está ansioso e impaciente.

— Chamou ela para sair?-Pergunto orgulhosa. — Esse é meu garoto.

— Eu só mandei oi.

Esse é o Andrew, corajoso em várias situações, menos quando se trata de se aproximar de alguma mulher.

Quando ele conheceu a ex, se tornaram amigos. Melhores amigos. Era nítido que ela estava afim dele, mas Andrew nunca chegou nela e creio que nunca teria coragem para isso.

Em uma bela tarde em um evento de anime com os amigos ela tomou a iniciativa com uma cantada não tão boa, pelo menos para mim.

Estávamos em uma área repleta de coisas dos Cavaleiros do Zodíaco, estátuas, tinha até lembranças para se comprar como camisas.

Andrew sempre foi apaixonado por Cavaleiros, desde criança, puxou isso da mamãe que ajudou ele a comprar a coleção dos DVDs originais. Todas as tardes quando passava na TV os dois se juntavam na sala cinco minutos antes de começar o episódio e cantavam a abertura em um coral perfeito. Mamãe já chegou a dar uma festa de aniversário para ele com o tema.

Quando a mamãe morreu, ele maratonou desde o primeiro episódio até a última temporada. Não dava para saber se ele chorava pelos momentos emocionantes no anime ou pela perda da mamãe.

Amélia sabia da paixão enorme do Andrew e usou isso ao seu favor.

Estávamos todos sorrindo, comentando sobre as coisas mais legais do evento quando Amélia se pronunciou:

- Andrew, você não é Cavaleiros do Zodíaco, mas eu quero ver sua armadura.

Fui a primeira a soltar uma gargalhada quando entendi a referência.

Andrew ficou vermelho, Amélia sorria com os amigos dele.

Rimos muito e no fim do evento eles finalmente se beijaram. Desde então, só se separaram quando ela se mudou de cidade.

Quando ela se foi eu me senti um pouco aliviada, eles queriam colocar o nome do meu futuro sobrinho de Seiya e caso viesse menina, Saori.

Lembro de revirar os olhos na hora que Andrew havia me contado e ali tive a certeza que quando estamos apaixonados, nos tornamos patéticos.

— Anne.-Andrew estala os dedos na minha frente. — Ela me respondeu. - Ele me encara esperando uma resposta.

— Não me encara, sabe que eu não tenho experiência e nem paciência com esse tipo de coisa.

É verdade, assim como o Andrew tive apenas um relacionamento .

Aliás, o pior relacionamento que alguém poderia ter. Confesso que fiquei traumatizada depois de me apaixonar por alguém tóxico.

Entre Caos e Paixão Where stories live. Discover now