Capítulo 16

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Meu coração adolescente implorava para que eu me apaixonasse logo e sofresse como jamais sofri, e é claro que entrei em desespero com isso. Não apenas por me apaixonar por um garoto gay, mas também por esse garoto gay ter um namorado que é a pessoa mais doce desse mundo. Permitir que eu me machuque é uma coisa, machucar outra pessoa está fora de questão.

- Mas por que não? - Sibelly insistia em perguntar a Pablo, que se mantinha de cara fechada.

Os olhos dele saíram de cima de mim e se voltaram para o seu prato que estava cheio de farelos de bolo. Embora ele tivesse uma expressão séria, ainda estava paciente, o que era um bom sinal.

- Porque não é exatamente uma coisa boa para ficar sendo lembrada. - ele afirmou. - Pessoas morreram, por que eu estaria empolgado para contar sobre isso?

Sibelly não soube o que dizer. E sendo sincera, tive que segurar um leve riso ao ver sua expressão diante da resposta dele.

San e Tiago se entreolharam, tentando encontrar o que dizer para mudar de assunto.

Acredito que parte do meu riso era de puro nervosismo.

O clima continuou desconfortável, até que Nugget destruiu o silêncio ao morder seu patinho de borracha, o que custou todo o meu autocontrole e me tirou uma gargalhada. Ele era tão fofo.

San segurou a mão de Pablo para chamar a atenção dele e o fazer olhar para o cãozinho. Pablo abriu um sorriso carinho, mais para o San do que para o Nugget.

Me senti um tanto mal, em relação ao que estava começando a sentir por Pablo. Ele estava tão bem ao lado de Santiago. Eles nitidamente faziam um ao outro a pessoa mais feliz do mundo.

E mesmo se não estivessem juntos, é importante que eu entenda e aceite sua sexualidade.

Meus hormônios adolescentes podem muito bem se controlar até encontrarem outra pessoa para se derramarem.

Seria complicado e confuso, mas tudo ficaria bem. Deve ficar bem.

Nós dormimos na casa de Sibelly. Eu e ela dormimos no quarto, enquanto os meninos dormiram na sala, Pablo e San em um pequeno colchão no chão, e Tiago no sofá que não foi devorado.

A noite foi longa. Pelo menos ao meu ver.

Conseguia ouvir os animais e insetos do lado de fora, e o som do vento batendo nos galhos das árvores, era estranho dormir sem ouvir o som de carros e buzinas.

Fiquei acordada até tarde, aposto que se ficasse mais um pouco veria os primeiros raios de sol.

Eu estava preocupada. E parte de mim ainda não conseguia aceitar que tudo aquilo era real. Parte de mim desejava que quando fechasse meus olhos, eu acordaria na minha casa, com meu pai batendo na porta dizendo que estou atrasada para a aula.

Mas mais uma vez, isso não aconteceu.

Eu acordei com Nugget andando por cima de mim, o que devo dizer que não foi tão ruim.

- Bom dia, pequeno. - sussurrei para ele, que me encarou com aqueles olhinhos inocentes. - Espero que não tenha feito xixi em mim.

Ele abanou o rabinho e soltou um latido agudo, o que me deixou um tanto desorientada por ter acabado de acordar.

A porta do quarto estava aberta, e Sibelly não estava na cama.

Me levantei e fui até o banheiro, Nugget veio atrás, o que me deixou aflita de acabar pisando nele por acidente.

- Você é uma gracinha, mas não vai ser se estiver esmagado! - falei, tentando deixar ele longe dos meus pés.

Ao sair do banheiro tomo rumo para a sala, apenas Pablo estava lá, já acordado e sentado no sofá.

O Filho das Águas - Sociedade Subliminar: Livro 1Where stories live. Discover now