onze: aquele que criou problemas pessoais

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TEIMOSIA era feitio da personalidade de Dahyun, o que não era tão diferente de seu irmão, Dejun. Ambos os jovens possuíam tal jeito, o que sempre resultava em diversas situações — desde a festa onde Dahyun levou Dejun as escondidas até mesmo a participação dele em algumas tatuagens da mais velha — e embora agissem assim às vezes, ambos os lados tinham um modo mais meigo e amável com os demais, este detalhe apenas servia como auxílio ou empecilho em alguns casos.

Seus pais bem sabiam do quanto ambos eram cabeças duras, ainda mais quando queriam alguma coisa e só desistiam quando a tinham em mãos, pelo menos, com Dahyun era assim. Dejun, por sua vez, parava de insistir quando percebia que suas chances eram nulas; só que após todas as memórias contendo Dahyun terem sido manchadas, Dejun quis insistir mais uma vez.

Insistir que ela não fosse. Insistir que seu dia não acabasse naquela tarde. No fundo, ele ainda esperava que a garota fosse passar pela porta e ambos iriam ver um desenho animado enquanto comiam besteiras. E no fundo, Dejun ainda era um menino bobo na espera de algo que, infelizmente, não retornaria.

[...]

Era aniversário de quinze anos de Dahyun. A casa se encontrava cheia de convidados, uns elogiavam a moça enquanto outros provavam das comidas que estavam sendo servidas vez ou outra. A morena buscava pelo irmão — que na época tinha seus treze anos de idade — e o encontrou lendo um daqueles mangás dados pela mais velha; ambos os olhares se encontraram, existia bastante ternura e carinho nestes, e ela chamou o mais novo para que tirassem algumas fotos.

Faziam caras e bocas para a câmera, era um mundo que tinha apenas os dois. Dejun e Dahyun eram os típicos irmãos inseparáveis, os quais possuíam uma ligação que ia além da compreensão das pessoas.

— E para quem vai o primeiro pedaço do bolo? — questionou uma das tias presentes no evento. Muitos olhavam para a aniversariante, na expectativa de receber — embora a outra metade, nem mesmo sentia isso, eles bem sabiam quem ganharia o pedaço.

— Dejun, oras. — responde ela. Desde que se entendia por gente que Dahyun ofertava o primeiro pedaço do bolo ao irmão mais novo, com o intuito de fazer o dia dele ser tão bom quanto o dela. — Eu amo muito ele, acho justo que receba o primeiro pedaço.

Aquela era a melhor memória que o garoto poderia ter, além de que significava tanto para si. A doçura existente em meio a todo aquele caos reconfortava os pedaços de Dejun, tentando levar o mesmo para caminhos que pudessem o libertar de tamanha aflição, mágoa e ressentimento.

[...]

Era perceptível o nervosismo de Dejun, ainda mais quando ele próprio havia pedido para Kunhang comprar outro milkshake para si. O problema não estava nesse detalhe, mas sim no desejo que Xiao consumia dentro de si mesmo após ter pensado sobre. Ele ouvia Yangyang falar sobre ter encontrado o ex namorado e este ter pedido perdão por tudo que havia feito, o Liu deu uma pausa e falou mais algumas coisas das quais Dejun não entendeu a princípio.

Ficara remoendo todas as palavras ditas por ele mesmo tempos atrás, sobre aproveitar os atuais momentos, transformando estes em memórias. Estaria mentindo se falasse que não pensava em Yangyang, ele parecia ocupar um espaço estranho dentro de seus próprios pensamentos. Recentemente pintara o cabelo para um tom mais avermelhado, como uma espécie de cor mais apagada, que se perdia por entre os fios e lhe recaía por sob a faceta desenhada tão perfeitamente.

— Não acha que Kunhang está demorando demais? Não seria melhor que um de nós vá até lá? — Yangyang perguntou tirando Dejun de seus devaneios sobre como Liu ficava lindo daquele modo, embora soubesse que poderia estar se metendo em assuntos dos quais não teria controle algum tempos depois.

— Filas são assim mesmo. — de fato, era verdade o que tinha dito. Sabia que que as filas de shopping poderiam ser lentas e demoradas às vezes, ainda mais com as várias pessoas que Dejun viu naquela tarde de domingo. — Yangyang, eu meio que preciso te dizer algo mas não sei como.

A fala proferida por Dejun rapidamente atraiu a atenção de Yangyang para o outro garoto sentado à mesa. Estava cogitando desistir de sua ideia louca e absurda quando, em um meio surto de coragem, juntou seus lábios aos de Liu, podendo sentir que, de fato, os lábios deste eram tão macios quanto imaginou que fossem.

Encontrava-se entorpecido por aquelas sensações e as borboletas em seu estômago, pensava que não seria correspondido e teria seu rosto afastado de Yangyang, quando o mesmo acabou dando continuidade aquele contato. Era uma estranha novidade para ambos os lados, os quais presenciavam com cuidado e cautela, ainda mais sem saber como prosseguir após o contato findar.

Quando precisaram se afastar, sequer sabiam como agir perante a tudo. Dejun sentia que poderia entrar em combustão apenas por todos aqueles sentimentos que queimavam-lhe a epiderme, os quais consumiam cada recanto de seu corpo frágil e esguio. Yangyang, por sua vez, tinha os batimentos cardíacos acelerados e jurava que os escutava, de modo que temia que até mesmo Xiao pudesse ouvir também.

— Me desculpe. — pediu Dejun após ter se dado conta do que fizera. Sua falta de experiência diante de sentimentos o deixava sempre em saias justas, nunca sabendo como agir ou o que fazer diante desse detalhe; e ele bem sabia que Yangyang tinha saído de uma relação, o que não ajudava em absolutamente nada. — Eu... ah, me desculpe por isso, Yangyang. Pode dizer a Kunhang que fique com minha bebida, eu... eu preciso ir.

E sem dizer mais nada, saiu apressado do shopping. Queria chorar por ter agido de tal forma, praguejava palavras péssimas contra si mesmo de modo que não viu algumas pessoas em seu caminho; pediu desculpas a estas, e continuou seu caminho até chegar em casa. Era um turbilhão de emoções naquele exato momento, todas elas pareciam ferir cada parte de seu corpo, como um claro lembrete de que, sim, ele havia feito algo de errado.

[...]

Sequer percebeu quando adentrou no quarto de Dahyun, era lá o seu maior porto seguro. Agarrou-se a primeira pelúcia que encontrou naquele espaço, deitou-se na cama e quando menos esperava, já estava chorando de maneira copiosa. Encolheu todo o seu corpo, como se assim pudesse se proteger de todos os pensamentos que sua mente cultivava naquele instante.

Escutou o toque costumeiro de seu aparelho eletrônico sendo reproduzido minutos depois de ter deitado, supôs que fosse uma ligação de Yangyang — poderia estar enganado, era verdade, mas considerando todos os prós e contras, era bem provável ser ele — entretanto, Dejun apenas ignorou qualquer tentativa do Liu. Pelo menos, naquele momento que se encontrava tão frágil e ferido.

Eles iriam conversar, de fato, mas não naquele período em questão. Por hora, Dejun queria apenas fingir que não havia problema, dor no coração ou sentimentos fortes por Liu Yangyang. Parecia ser difícil a si, ainda mais depois de todas as múltiplas coisas que lhe ocorreram.

Como eu queria que estivesse aqui Dahyun, provavelmente eu saberia o que fazer com você ao meu lado. Pensou antes de fechar os olhos e sentir o sono lhe consumindo, e mais uma vez Dejun adormeceu estando naquele cenário, porém, dessa vez, com sentimentos totalmente diferentes dos primeiros que ali vivenciou.

Lonely Hearts Club.Where stories live. Discover now