Esta sou eu, mas quando nasci me chamaram 'R'.

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Pois bem, R é assim:


Seus 44 kg são meticulosamente divididos em 1,53 m de altura, o que a faz não ter consideráveis concentrações de carne em suas coxas, muito menos em sua bunda, muito menos volumosos seios. Talvez em uma festa você nem a notaria, R não está nos padrões de beleza, mas tudo bem, R nem vai a festas.


R certamente tem seus dotes. No colegial, disputava entre os nerds quem tirava a nota máxima em química, matemática e física. R contentava-se com suas notas. Entre agradáveis nove e dez, se deleitava com seu boletim, o qual levava para casa com toda sua complacência, pensando consigo mesma "está fácil demais". R ansiava por algo mais desafiador. 


Pobre garota, mal sabia que a ela, esse dia iria chegar. Ou melhor, chegariam. Contudo, a moça não esperava pela pluralidade destes dias. 


R era tarde. Não se apressava em descobrir os vis prazeres da vida. Se tinha curiosidades, as guardava para si. R nem ousava. Passava-se despercebida sempre.


Não se assustem. R quanto mais perto do topo, mais rarefeita fica. As palavras ficam difíceis. As semanas viram horas. Os dias viram segundos. A vida se transforma em porcelana. Não dá para se deixar escorregar. 


Tardou tanto que amanheceu, junto R, como um giro da noite com o dia, sentia que lhe faltava algo que não tinha nome. Parece que nunca existira antes disso e agora só havia vontades. Encontrava-se ali R, confusa, se encontrando. Doía tanto que R gritou, como se fosse a primeira fraqueza de seu renascimento; então floresceu. 


Passaram-se dias, passaram-se noites, enfim, pareciam tudo a mesma coisa. Não havia tempo. Em uma súbita tomada de consciência, R não se identificava mais com o reflexo de si nas pessoas com quem convivia. 


Esperava muito, em troca, pouco lhe retribuíam. R aprendeu tarde que não precisava agradar a todos. Perdeu seu tempo o fazendo. Mas para R, tudo agora em diante era um aprendizado. 


Lembrou de si, sentada em um banco chorando pela sua primeira paixão, ou ao menos assim pensava, mais tarde percebeu que era somente um esboço do que viria em seguida. Lágrimas de nada. Pobre R, mais uma vez, mal sabia o que lhe espreitava. 


R andou mais adiante. Sem rumo. R chegou, foi a primeira vez em anos que se atreveu a ousar. 


Assistia-lhe, através do fino véu da vaidade, aquele que um dia R sonhara. Os olhos se bateram, se confundiram. R caiu em um buraco. Estava escuro, lhe cegaram os olhos. Mas não sentia mais dor. Pelo menos isso. Estava anestesiada pelo momento. Tão belo, era assim que R um dia pedira em um sopro ao vento, mas ninguém a escutou. Ninguém nunca soube, muito menos agora, ninguém saberia. Mas ninguém sequer se importava. Eram dois fantasmas. Um, claro, de R e o outro, o que R criou.

Esta sou euNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ