A VÍTIMA PERFEITA

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A garota corria por sua vida, seus gritos esganiçados ecoavam pelos cômodos escuros de sua casa, seus entes queridos não estavam lá para ajudá-la. Ninguém estava. Era uma data especial, e ela estava sozinha em casa com um assassino!

Eu sentia a guisa de insanidade percorrer junto com o sangue em minhas veias, eu a perseguia, numa caçada mortal, como um gato atrás do rato.

Sem opções, a garota avançou em direção as escadas para o segundo andar, eu estava em seu encalço, ainda sorrindo por ter conseguido adentrar sua residência facilmente e surpreendê-la na sala enquanto assistia a um filme de terror na TV. Ela jamais imaginou que um assassino de verdade surgiria no meio da noite, um maníaco que sabia tudo sobre ela, que escolheu o momento perfeito para atacar.

Eu manuseei a grande faca que segurava firmemente em minha mão direita para espetá-la em suas costas quando ela alcançou os primeiros degraus da escada. Mas ela se esgueirou, desviando o corpo, e a lâmina raspou na parede causando faíscas.

Em um golpe rápido, ergui minha mão esquerda e consegui alcançar seus cabelos loiros que se agitavam no calor do momento e puxei-a para mim, dando-lhe uma gravata. Ela gritou, com sua voz rouca, embargada pelo medo, eu ergui a faca e...

-Nicolas! Acorde rapaz!! – falou a mãe dele, dando-lhe um safanão na cabeça enquanto ele estava perdido em seus devaneios sentado à mesa com seu prato de comida intocado. -Sua comida já está fria como um cadáver! Está sem fome?

-Ãh? – balbuciou Nicolas, ainda se lembrando de seu pensamento, frustrado pela interrupção da mãe justo na hora que ele matava a vítima. -Eu estou sem fome. Pode deixar o prato na geladeira pra mim?

-Você tem que parar de ficar lendo esses livros idiotas, está andando cada vez mais distraído, totalmente no mundo da lua. – falou a mãe, retirando seu prato da mesa e saindo para a cozinha, balançando a cabeça enquanto andava.

Nicolas também deixou a mesa e foi para seu quarto, era por volta das sete horas da noite e ultimamente ele vinha perdendo o apetite àquele horário. Era um rapaz alto, com seus 1,85 metros, magro, de pele clara, cabelo preto curto, sempre penteado para trás com gel, nariz pontudo, que herdou do pai, e ombros largos. Era acanhado, um tanto quanto calado e reservado, de poucos amigos.

Já havia um tempo que Nicolas estava fascinado por histórias de assassinos em série. Ficava horas vendo filmes, documentários e lendo livros sobre este assunto.

Com seus 35 anos, Nicolas não tinha o desejo de se casar, ter filhos e um bom emprego, se contentava em ajudar o pai no RH de uma empresa que prestava serviço de limpeza. Seu maior desejo era se tornar um serial killer reconhecido.

Nicolas jamais havia matado ninguém, nem mesmo no colégio quando apanhava dos valentões. Mas em sua mente sempre planejava mortes horríveis para aqueles garotos, ele chegava a sentir sadismo quando se imaginava tomando a vida de uma pessoa.

Aqueles pensamentos sórdidos, sombrios e perversos, haviam distorcido a mente de Nicolas. Em seu mundo interno, ele se tornara um conhecido assassino em série chamado Lâmina, pois sempre deixava as facas usadas para assassinar suas vítimas espetada no corpo delas, sendo sempre cuidadoso ao deixar apenas as digitais da própria vítima no cabo da arma, uma característica sua para confundir a polícia.

Mas Nicolas havia ultrapassado a tênue linha que separa a realidade da fantasia, estava obcecado para matar alguém. Disposto a tudo para sentir aquela emoção que tanto exercia fascínio nos assassinos.

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⏰ Last updated: Feb 13, 2020 ⏰

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