chapter twenty four

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chapter twenty four: memórias no fogo

Minha cabeça estava doendo, e eu desejava que aquilo estivesse sendo um sonho ruim e que eu fosse acordar a qualquer momento na minha cama macia, mas não era, era a realidade bruta e feia batendo na minha cara e me chamando de vagabunda sem nem ao menos me pagar uma bebida antes.

"Isso é nojento." resmunguei ao sentir os meus pés tocarem no chão.
"Água cinza." Eddie murmurou.

Em poucos minutos estávamos no núcleo da Coisa, onde ela levava as crianças para flutuarem para devorar sua carne e se alimentar do medo, onde Beverly a vinte sete anos atrás viu as luzes da morte pela primeira vez, na porra do esgoto de Derry.

"(SeuApelido)?" Ben chamou tocando o meu ombro de leve.
"Oi?" murmurei me virando para ele.
"Está tudo bem?"
"Só é muita coisa para lembrar, é como se fosse... eu não se definir." falei sincera.

Desviei o meu olhar de Ben observando a enorme carcaça que estava no meio, não haviam coisas flutuando como da última vez, é como se estivesse abandonada, exceto por vozes infantis que ecoavam em uma música de ninar.

"Puta merda." murmurei ao entrar na água.

Eu era a mais baixinha do grupo, oque significava que aquela água imunda batia praticamente no meu pescoço, enquanto nos outros ia na altura do peito.

"Não, não, não." Eddie reclamou desviando de um saco de lixo.
"Se tá ruim para você, imagina pra mim." falei revirando os olhos.

Com certa dificuldade eu comecei a caminhar em direção da carcaça que estava no meio do esgoto.

"Mamãe..."
"Oque?" perguntei me virando em direção do túnel.
"Oque você disse?" Ben perguntou se virando para mim.
"Eu... eu achei que tinha escutado uma coisa, só qu..."

Não consegui completar a frase, pois o meu corpo foi puxado para debaixo da água, fazendo o desespero dominar o meu ser enquanto eu me debatia.
Senti unhas fincarem contra a minha panturrilha, não conseguia respirar e os meus pulmões começavam a reclamar.

"Aí meu Deus." falei sentindo o ar voltar aos meus pulmões.
"(SeuApelido)." Ben falou me segurando pelos ombros.

Olhei para o homem assustada, meus cabelos estavam grudados na testa e os cortes na minha perna haviam sumido.

"Oque fazemos agora Mike?" Richie perguntou.

Subimos na carcaça, ficando envolta de uma espécie de alçapão no chão, eu estava literalmente seguindo o ritmo de todos já que não fazia ideia sobre o que fazer naquele momento, e qualquer barulho me causava arrepios.

"Nas profundezas a Coisa se cria, no abismo para pegar criancinhas." Mike começou "Nas profundezas a Coisa se cria, no abismo para pegar criancinhas."
"Ele está bem?" Ben perguntou.
"Acho que nessa altura é uma pergunta idiota." Richie falou.
"Oque que tem do outro lado?" Beverly perguntou.
"Eu não sei." Mike falou sincero "E ninguém sabe."
"E você quer que a gente vá para lá?" perguntei nervosa.

Mike se abaixou em direção do alçapão abrindo ele, mesmo com todos ao redor praticamente implorando para que ele não fizesse.

"É isso aí." Mike falou se sentando na borda.
"Não inventa Mike." falei rapidamente.
"Isso! Não inventa cara!" Richie concordou.
"Então nos vemos lá embaixo." Mike falou descendo.

Meu coração gelou por alguns segundos enquanto analisava as minhas opções, poderia ficar ali encima e morrer sozinha ou descer e morrer acompanhada, ambas pareciam extremamente tentadoras na altura do jogo.

summer of 89•itOnde histórias criam vida. Descubra agora