Leite Condensado

Capítulo 2: Possibilidades

Fabrício estava correndo ao redor de sua casa gritando desesperado pelos pais:

–Pai! Mãe! Abram a porta!

Ele via pelas janelas o pai segurar um machado enquanto sua mãe corria derrubando os moveis e atirando objetos no marido.

–Tenho que proteger minha família, tenho que matar você!

–James, abaixe esse machado, você esta tendo outra alucinação, meu amor.

Fabrício tentou abrir tanto a porta da frete, quanto a dos fundos, forçou todas janelas, mas seus pais estavam trancados em casa. James tinha sido diagnosticado com esquizofrenia, mas contanto que tomasse seus remédios podia ter uma vida normal, entretanto naquele dia ele tinha esquecido de tomar seu remédio, tinha sido apenas uma vez, bastou deixar de tomar aquele comprimido laranja apenas uma vez, pra matar sua esposa com um machado enquanto seu filho gritava do lado de fora esmurrando a porta.

Fafa acordou chorando no meio da noite, fazia dois anos que sua mãe tinha sido morta e seu pai internado numa clínica psiquiátrica e desde então ele morava com os tios Bruce e Taís. Sua vida até que era legal, mas desde o dia em que se despediu de seu melhor amigo, vem sonhando com ele numa ilha bizarra e vendo um lobo branco e ao segui-lo se depara com pessoas transando. Fabrício assistiu a seus tios transando, sua tia Taís fazendo sexo por telefone, seu tio Bruce dando um boa surra de vara na velha Salete, viu uma bizarra cena envolvendo um carteiro e um cachorro que preferia esquecer e duas garotas dando uns amassos num carro no estacionamento do super mercado. Ele estava se tornando um verdadeiro voyeur punheteiro.

Naquela noite ele sonhou novamente com Felix, dessa vez seu amigo estava em algum tipo de hospital conversando com um homem alto, forte, de jaleco, provavelmente um médico, quando de repente um mulherão entra no recinto. A mulher loira estava nua e tinha escorpiões andando pelo seu corpo, aquilo parecia assustador, se tratava de um pesadelo? Quando o médico se despiu e meteu sua enorme rola branca no cu da loira, afirmando que ia medir a temperatura daquele buraco com seu termômetro GG e a mulher por sua vez caiu de boca no pau de Felix, Fabrício teve a certeza de que não se tratava de um pesadelo e sim de um sonho erótico.

O garoto mais uma vez viu o lobo branco e despertou, tinha tido uma polução noturna e estava todo gozado, ele suspirou, pois sempre gozava uma quantidade absurda de esperma e tinha que ir limpar.

Na manhã seguinte tomou café com seus tios e saiu pra ir à biblioteca sem nem desconfiar do quão excitante seria. A biblioteca era um prédio antigo e agradável de se estar, e mesmo sendo enorme sempre estava quase vazia, o que era bom pra estudar ou ler uma boa história sem ser interrompido. Fabrício entrou e já ia dar bom dia a velha bibliotecária quando ao invés de encontrar um fóssil vivo, encontrou uma linda garota pouco mais velha que ele.

–Oi– Disse ela sorrindo.

–Oi.

Ela devia ter uns dezessete ou dezoito anos, era mais alta que ele, seus cabelos iam até os ombros, eram castanhos com mechas azuis, seus olhos castanhos brilhavam vívidos e em seu pescoço estava um pingente de um pássaro.

–Prazer, meu nome é Anna, sou a nova bibliotecária.

–Eu sou o Fabrício, gostei do seu colar.

–Obrigada, é a fênix, sempre achei excitante a ideia de morrer e voltar a vida, parece bem legal viver em chamas de êxtase e diversão.

Para uma bibliotecária Anna tinha um papo muito rebelde. Haviam poucas pessoas ali, uma senhora lendo A revolução dos Bichos, um garoto nerd (cabelo curto, espinhas, óculos de fundo de garrafa, roupa xadrez e a blusa por dentro da calça, sério?) lendo O Guia do Mochileiro das Galáxias, e uma garota olhando pros lados envergonhada enquanto lia Cinquenta Tons de Cinza. Fabrício foi procurar um livro pra ler e acabou escolhendo um chamado Inimigos para Sempre, depois de alguns minutos já estava tão envolvido com as loucuras da soberba protagonista que nem viu o tempo passar, quando voltou a erguer os olhos percebeu que a bibliotecária não estava mais na recepção. Já ia voltar pro seu livro quando se assustou ao ver o lobo branco parado bem ali aos seus pés.