Único.

32 6 5
                                    


⠀⠀O barulho do ônibus deixava Baekhyun mais sonolento que o normal. Ao seu lado, estava seu amigo de longa data, Do Kyungsoo. Podia sentir o olhar preocupado do mais novo cravado em si, por isso fingia que estava cochilando para que evitasse qualquer tipo de pergunta que o lembrasse de seu falecido marido. O Byun estava praticamente implorando aos deuses para que seu ponto fosse o próximo para que pudesse chegar em casa, tomar um banho e descansar, já que nos últimos meses, a insônia fazia questão de perseguí-lo.

⠀⠀Algumas pessoas conversavam animadamente sobre o dia e como Baekhyun queria poder estar da mesma maneira com o seu amigo. Queria tanto ter forças para voltar a sua rotina antes daquela tragédia acabar com sua vida. Só estava vivo porque havia prometido que continuaria vivendo por Chanyeol. Mas Baekhyun não conseguia mais ver sentido naquele mundo sem a pessoa que mais amava. Não importava em qual lugar estava, sua mente sempre lhe pregava peças, fazendo com que se lembrasse de todos os momentos que teve ao lado de Park. Lutava para não deixar as lágrimas rolarem pela pele pálida, principalmente por estar em lugares públicos e sempre na presença de algum amigo que fazia questão de estar ao seu lado com medo de que fizesse algo de errado.

⠀⠀Baekhyun podia se lembrar perfeitamente do dia em que chegou em casa morto de cansaço. Havia sido promovido no trabalho e por isso seu dia ficava cheio. Queria contar tudo sobre o seu dia para o marido. Sabia que ele estava passando por um momento difícil desde a morte de sua mãe, por isso, Baekhyun sempre fazia questão de passar a noite ao lado do marido conversando sobre o seu dia, porque sabia que aquilo faria com que ele esquece sua dor pelo menos por alguns minutos.

⠀⠀Chanyeol lutava contra depressão há mais ou menos dois anos e meio. Baekhyun, como um verdadeiro companheiro, fazia questão de levá-lo para sair sempre que podia. E o Park já fazia terapia para que pudesse dar uma amenizada. Mas tudo foi por água abaixo quando sua mãe faleceu, devido uma doença que havia descoberto alguns meses antes. Tinha vezes que Baekhyun faltava seu trabalho para cuidar de Chanyeol, que começava a piorar. Havia largado o emprego devido seu psicológico e havia largado, principalmente, o que amava: a música.

⠀⠀Quando colocou os pés em casa, estranhou ao ver que algumas luzes estavam apagadas. O dia estava quente, então Baekhyun pegou o pequeno controle branco que ficava em cima da mesa de centro, e ligou o ar condicionado para que pelo menos desse uma aliviada. Chamou por Chanyeol incontáveis vezes pelo apartamento que dividiam há anos. Estava ficando preocupado quando resolveu ligar para o número do marido e logo assustou-se ao ouvir o barulho do celular pela casa.

⠀⠀Caminhou até o banheiro da suíte onde estava o celular. Seu corpo petrificou ao ver aquela cena dentro do cômodo. Agarrou com força o corpo tentando desenrolar a corda e gritando o nome de Chanyeol para que ele abrisse os olhos. Os gritos de socorro ecoaram por todo apartamento, pedindo para que alguém lhe ajudasse. Jongin, um vizinho e amigo de Chanyeol, foi o primeiro a chegar. O Kim podia ver o desespero nos olhos de Baekhyun que gritava para que alguém o ajudasse. Em poucos minutos, todo corredor do prédio estava tomado por vizinhos curiosos em saber o que estava acontecendo.

⠀⠀Às duas e meia da madrugada, Chanyeol foi dado como morto. Kyungsoo estava ao lado de Baekhyun quando Jongin deu a notícia com o rosto molhado por lágrimas. Baekhyun não aguentou o baque daquele notícia e acabou precisando ser dopado para que pudesse descansar. Enquanto Kyungsoo avisava a família e amigos do casal, que ainda estavam tentando assimilar todo aquele ocorrido, Baekhyun continuava deitado em uma das poltronas com o rosto inchado e avermelhado.

⠀⠀Depois daquele dia, toda a vida de Baekhyun foi revirada de cabeça para baixo.

⠀⠀Durante o enterro, Baekhyun continuava dopado para que não fizesse algo de ruim contra a própria vida. As olheiras e a palidez tomavam conta do rosto bonito, que Chanyeol amava acariciar antes de cair no sono. Os dedos longos passavam delicadamente nos fios negros de Park, que tinha a boca arroxeada e estava tão branco quanto as pétalas que estavam ao seu redor. Baekhyun sussurrava entre soluços o quanto amava Chanyeol e que continuaria vivo por ele.

Listen to the LetterWhere stories live. Discover now