Capítulo 4

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O que eu podia fazer ? Dizer não ? Eu não podia fazer isso... Se Deus me deu a chance de me manter íntegro, há de me ajudar a não perder essa chance. E então, eu virei o rosto, e nos olhamos, depois de quase uma década depois. Ele arregalou os olhos e nada falou. Seu olhar era indescritível. Eu não conseguia dizer o que ele estava pensando. Só estava morto de medo, do que ele faria comigo...

NARRADO POR MARCOS

Aquele rapaz não me parecia um mentiroso, nem um mal caráter. Também não parecia ser mais novo que eu, parecia ter a minha idade. Eu sei que hoje em dia não devemos confiar nas pessoas, mas a verdade estava estampada em seu rosto, eu tinha que ajuda-lo. E quando vi o seu rosto, senti uns tremiliques pelo corpo, uma sensação inexplicável. Arregalei os olhos, pois nunca havia visto tamanha beleza.

- Nós... Nós já nos vimos antes ? - seu olhar de assustado me deixou intrigado... Porquê ele estaria com aquele olhar ?

- Eu... Eu não sei... - falou, retornando o rosto para a posição inicial. Eu tinha a sensação de que já havia visto aquele rosto em algum lugar... Mas não conseguia dizer aonde... E nem quando...

- Você... É... - ele se retraiu naquele momento.

- O que eu sou ? - perguntou, com a mesma voz chorosa de minutos antes...

- Muito bonito, com todo o respeito... Daniel

NARRADO POR ENZO

Eu não podia acreditar. Então ele não lembrava-se de mim... Ele não estava me reconhecendo... Eu não podia acreditar, mas essa é a verdade... Ele não estava me reconhecendo.

- Aqui está - falou a moça, com as peças na mão.

- Você pode ir naquele banheiro ali e trocar - ele falou, fazendo eu ir, meio que envergonhado. Entrei no banheiro, tranquei a porta. Parei, olhei- me no espelho. E comecei a chorar... A que ponto a minha vida chegou. A que ponto a minha vida virou. Agora, aquele que mais eu odiei na vida, era quem tinha nas mãos o poder de garantir a minha sobrevivência... E agora ? Será se ele realmente não lembrava de mim ? Será se existia alguma mágoa, e ele tentaria me humilhar ? Eu não sei... Porém, estava amedrontado. E ao mesmo tempo, de mãos atadas. Aquela era a única chance que eu tinha. Era isso, ou vender o meu corpo na rua.

- Pronto - falei, saindo do banheiro com a roupa que ele havia me dado - serviu certinho... - ele ainda me olhava, com um olhar de atenção e ao mesmo tempo de curiosidade.

- Você tem certeza que nunca nos vimos antes ? - perguntava ele, como se tivesse certeza de que já havia me visto. A minha tensão ia lá em cima em momentos como esse.

- Tenho...

- Eu tenho a ligeira impressão que já nos vimos antes. Bem... Mas isso não importa. Você me disse que não tem onde ficar, não é ?

- Então vem...

- Espera... Aonde Você vai me levar ?

- Para um hotel. Por minha conta, você pode ficar lá enquanto eu procuro a sua ficha para saber se você tá limpo, e quem sabe te dou um emprego.

TEMPO DEPOIS

Ele me trouxe a um bom hotel, fez o check-in e me trouxe até o quarto.

- Está bom para você ? - ao ver que, não estava na rua, que não iria dormir no chão naquele dia, que teria uma boa noite de sono, quase chorei. Era uma alegria muito grande para mim.

- Obrigado ! - falei, o abraçando fortemente. Aquela atitude de Marcos, só comprovou a verdade. Ele era uma ótima pessoa, e eu, uma péssima pessoa.

EnzoWhere stories live. Discover now