Kiss It Better | G. De Arrascaeta

twenty two

Arrascaeta

Eu me encontrava desolado, não sabia como reagir ou o que fazer. Durante caminho de volta para a casa da minha namorada, eu mal podia me concentrar no trânsito. Perdi as contas de quantos acidentes eu ia causando.

Eu vou ser pai.

Pai.

Essa ideia ainda não se passava pela minha mente, quer dizer, eu sabia que um dia isso iria acontecer, mas não imaginava que iria ser agora e com a Camila, minha ex. Eu só pensava na Carina e como ela iria reagir com isso tudo.

As memórias dessa notícia ainda rodavam em minha mente.

" — Você tem certeza, Camila? — questionei, ainda atônito.

— Você tá duvidando de mim Giorgian? — ela parecia ofendida. — Eu nunca te trai, se você pensa nessa possibilidade. Você foi o único homem com quem fiquei esse tempo todo.

Minha mente ainda não estava processando toda aquela situação. Camila disse que estava com 11 semanas, dois meses desde que nosso namoro acabou. As contas batiam.

Não podia ser verdade aquilo. Como eu iria me explicar para minha loira? Traição não era, porque isso aconteceu muito antes de nos conhecermos. Eu não sei mais o que fazer.

— Se você quiser podemos fazer o teste de paternidade — Camila parecia convicta de suas palavras.

— Não, tudo bem. Eu acredito em você."

Estacionei no prédio da Carina e fui até a entrada. Pela hora ela já deveria estar em casa. Nem sei quantos minutos fiquei encarado aquele prédio, ponderando se entrava ou não, só sei que acordei de meus pensamentos com alguém me chamando.

— Tudo bem, filho? Não vai entrar? — era o porteiro, Sr. Gilberto.

— A Carina já chegou?

— Já sim — disse sorrindo. — Ela parece bem feliz. Acho que vai melhorar quando lhe ver, garoto. Vai ficar aí parado?

Respirei fundo e finalmente tomei coragem para ir até o elevador. Uma hora ou outra, eu iria ter que encarar a verdade. Não podia mais voltar atrás já estava feito. Minha namorada merecia saber pelo menos o que estava acontecendo.

Eu sei que ela me viu preocupado todos esses dias, até tentei lhe falar o que se passava, mas não criei coragem. Carina era uma pessoa muito compreensiva em me ficar ao meu lado, mesmo sem saber nada que se passava. Meu medo era ela me deixar ao saber essa notícia.

Ouvi as portas do elevador se abrindo e meu nervosismo voltou com tudo. Minhas mãos suavam e meu coração parecia querer sair pela boca. Toquei a campainha e fiquei esperando ela atender.

Carina abriu a porta com um sorriso de orelha a orelha. Assim que me viu, ela pulou em meus braços e me deu um beijo, em seguida me puxou para dentro de sua casa.

— Amor, eu estou tão feliz — ela dizia dando pequenos pulos na sala. Tentei disfarçar um pouco minha aflição. — Vou viajar com a empresa por duas semanas, para fotografar na Europa. Você tem noção? EUROPA!

Acabei sorrindo com sua felicidade. Eu era louco por essa mulher e a possibilidade de que eu poderia perdê-la não me descia muito bem.

— Isso é muito bom, amor — digo lhe abraçando e depois lhe dando um beijo. — Você merece, estou muito feliz por você.

— Eu sei, por isso comprei esse vinho para gente comemorar — ela disse segurando uma garrafa. — Eu até iria comemorar com as garotas, mas a Laura não está na cidade e eu quero contar pessoalmente.

Eu precisa falar tudo logo, antes que a coragem se esvaísse de uma vez.

— Amor — digo lhe interrompendo e chamando sua atenção para mim. — Eu preciso te contar algo.

Ela percebeu minha feição seria e seu semblante se demonstrou preocupação.

— Nossa, parece ser sério. O que aconteceu?

Respirei fundo e lhe puxei, fazendo-a sentar no sofá. Sentei ao seu lado e segurei suas mãos, olhei em seus olhos e eles tentavam me ler de alguma forma.

— Sabe esses dias que eu estava pilhado por causa de algo? — questionei e ela assentiu. Ela apertou mais minhas mãos, em sinal de que estava ao meu lado. — Então, foi a Camila. Ela me enviou uma mensagem que conseguiu me deixar cabulado.

Sua feição ficou séria assim que mencionei o nome da minha ex. Acho que ela já imaginava que coisa boa não iria vir.

— O que aconteceu? — ela questionou, querendo extrair mais informação minha.

— Elaestágrávida.

— O que?!

— A Camila está grávida de mim — Carina parecia não acreditar no que ouvia. — Aconteceu muito antes da gente se conhecer, eu juro. Ela está grávida de dois meses, justamente o tempo que estamos juntos.

— Você tem certeza disso?

— Ela está, Carina! — ela ainda duvidava. — Ela me mostrou todos os exames. Camila pode ser tudo, mas ela não mentiria sobre isso.

Carina estava sem reação, ela negava com a cabeça e parecia não acreditar que isso estava acontecendo consigo. Mas estava, não tinha como evitar, já estava feito.

— Esse filho é seu mesmo? — questionou mais uma vez.

— O que você tá querendo insinuar? Que ela me traiu e tá usando esse filho para nos separar?

Ela assentiu.

— Muito conveniente ela justamente aparecer quando nós estamos juntos e soltar essa bomba em seus braços.

Eu não estava acreditando no que estava ouvindo.

— Amor, eu não quero brigar com você — disse, tentando ser o mais calmo possível. — Mas você precisa ser mais compreensiva.

— Isso não pode está acontecendo justo comigo — ela falava consigo mesmo.

— Loi...

— Acho melhor você ir embora.

— O que? Como assim?

— Eu preciso digerir essa história melhor e você também — ela dizia agora olhando em meus olhos. Carina se levantou e foi até a porta. — Não vai adiantar conversar com a cabeça quente, não vamos chegar à conclusão nenhuma. Melhor você ir para casa.

Levantei-me do sofá e fui até ela. Carina parecia não querer me olhar nos olhos.

— Você tem certeza?

— Sim, vai ser melhor assim — disse, seguramente.

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Joguei a bomba e sair correndo.

Eu disse para irem preparando os coletes.