Total Disaster | Segundo livro

Capítulo cinco

Eu não queria voltar a escola.
O decorrer de meus dias basearam em ficar em casa, ir a consultas com a psicóloga, encontros com a polícia e chorar.
Esse era mais frequente. Eu apenas sabia chorar.

Respirei mais algumas vezes, lentamente para que o ar entrasse e me acalmasse.
A tela brilhou, coloquei o código e ele desbloqueou.
Eu faria aquilo.
Realmente não sei o que deu em mim e aquilo só piorou tudo.

"Belos peitos."

"Aguentou dois?!"

"Ela não é a namorada de Max Knight?"

"Vadia"

" Bem feito, quem mandou ficar com desconhecidos?"

"Sempre sabia que escondia algo atrás daquela aparência de santinha."

Meu corpo todo tremeu. Não conseguia tirar os olhos da tela, não conseguia me mexer e nem conseguia parar de pensar naquilo.
E pensar que aquilo havia se espalhado por toda escola e com certeza saiu daquele limite.
Talvez eu fosse mesmo uma vadia.
Talvez eu saísse para comprar pão e o padeiro viu o vídeo.

Meus olhos queimaram e deixei as lágrimas caírem mais uma vez.
Eu queria muito culpar aquela lista. Era tão mais fácil culpar Seth e os outros do que dizer que eu havia causado todo aquela catástrofe.

- Tallia? Meu amor, não chora.

- eu queria muito voltar atrás mãe. Eu só fiz porcaria.

- e porque não resolve?

- como? Eu estraguei tudo. - apertei meu rosto contra seu peito intensificando o choro.- meu meus, Max nunca vai me perdoar por isso.

- e porquê você não pergunta para ele?

Me afastei encarando minha mãe. Eu nem precisei me virar para saber que era Max ali. Meu cérebro reconheceu seu perfume na hora.

Limpei minhas lágrimas e encontrei seus olhos. Minha mãe saiu do quarto nos deixando a sós e tudo ficou em silêncio.

- como você está?- meteu as mãos no bolso.

- eu não sei. Eu estou uma bagunça ultimamente.

Ele assentiu e desviou o olhar.

- eu fui ao hospital.

- eu sei. Obrigada pelas flores.- funguei e limpei uma lágrima.

Novamente aquele silêncio constrangedor.

- eu não tenho raiva de você.- o encarei.- provavelmente eu vou te perdoar porque eu te amo.- meu coração pulou.- ou já perdoei. Mas você me decepcionou e minha cabeça vai ignorar meu coração porque eu sei que você fez merda. Então não vou voltar correndo para você.

- me desculpa, Max. Eu estava fora de mim, mas eu sei, eu sei que tenho toda a culpa. - levei as mãos a cabeça segurando meus cabelo- e eu vou consertar isso. Eu tenho que concertar.

Ele concordou.

- eu fui chamado para depor hoje. Eles tomaram meu celular para fazer algum rastreio ou algo do tipo. E também tiraram o vídeo do ar.

- eu preciso encontrar essa pessoa.- falei.

- pode contar comigo.- sorriu de leve.- Lisa está la embaixo, por isso eu preciso ir.

Meu coração perdeu uma batida. Ou duas.

- hoje? Não, não hoje não. Eu não consigo.

- claro que consegue.

- não.

Abracei meu corpo me encolhendo na cama. Minha psicóloga dizia que esse ato era como eu buscava proteção. Como se eu quisesse sumir. E era mesmo isso.

Lisa entrou no quarto e eu quis sumir. Eu não tinha cara para encará-la depois de tudo.

Uma mão tocou meu cabelo e iniciou um carinho leve em meu cabelo. Ela se sentou e coloquei a cabeça em seu colo.

- nunca mais faz isso comigo, porra. Eu quase caí desfalecida no chão.

Ri de leve.

- me desculpa.- pedi.- por tudo. Por ser uma amiga de merda, por  ter te deixado e não ter te escutado. Me desculpa por arruinar seu namoro. Fazer aquilo foi a pior coisa que eu fiz.

- depois do medo que eu passei quando soube da sua tentativa, eu te perdoei na hora.- falou.- eu sei que deve estar passando por um momento terrível e eu quero que saiba que eu estou aqui por tudo.

- obrigada.- falei já mais calma.- e você e Martin?

- estamos bem. Na verdade eu notei o que você fez e nós não ficamos muito tempo separados.

- ainda bem.

- mas foi horrível.

Não respondi.

Mesmo que as coisas pareciam melhor agora, depois de tudo eu não conseguia ter um pouco de esperança. Já não conseguia acreditar muito que as coisas pudessem dar certo para mim porque quando eu estou nos meus melhores momentos consigo sempre fazer algo que estraga tudo.
Porém eu tinha que assumir que era muito sortuda por ter Lisa ao meu lado.