Pais, filhos e babá - Parte 1 de 2

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Shikadai treze anos, Inomi doze anos

Poeira, suor e sangue cobriam as roupas de Temari quando ela chegou em casa pouco depois da hora do almoço — removeu as sandálias na porta de entrada e estranhou que ali tivesse mais um par de calçados, mas estava cansada demais para concluir algo disso.

Foi direto para o banho, massagear os músculos e descarregar a tensão da missão de três dias, depois para a cama onde pretendia dormir até a hora do jantar. Amava sua família e o tempo que passavam juntos, porém estava grata que fosse o dia dos pais em Konoha — aquela hora seu marido e filho deveriam estar almoçando fora ou outra coisa assim.

Não pensou duas vezes em se jogar no colchão, porém rolou para fora e sacou duas kunais da mesa de cabeceira preparada para o combate ao ouvir um grito de protesto saindo de suas cobertas.

A primeira arma foi arremessada e atingiu o travesseiro fazendo com que Shikamaru emergisse muito irritado.

— Está ficando louca, mulher?

— O que você está fazendo aí? Quer me matar de susto?

— Você? Eu que quase perco um olho aqui.

— Era pra você estar com o nosso filho agora. Não vai me dizer que a programação de hoje foi tirar uma soneca coletiva, Shikamaru. — Bateu o pé algumas vezes no chão.

— Sei lá. Ele disse que ia sair com o Deidara hoje, então eu nem perguntei onde iam. — Balançou os ombros desinteressado. — Aproveita e vem dormir comigo...

— VOCÊ SÓ PODE ESTAR DE BRINCADEIRA! — Respirou fundo três vezes como Ino havia lhe ensinado. — Shikamaru Nara, é dia dos pais. Até onde eu sei, não engravidei do Deidara.

— Dia do quê? — Piscou confuso e buscou um calendário na gaveta ao lado. — Ah... Eu não lembrei.

A irritação de Temari era visível, estava a ponto de explodir com ele, mas recuou ao ver o olhar desanimado do marido que se arrastou para fora da cama e saiu sem dizer mais nada. Ele podia ser preguiçoso e desatento como pai, mas ela sabia que se importava com o filho. Era perceptível como ficou chateado ao perceber que não foi a escolha de Shikadai para aquele dia.

Na casa da família Yamanaka, Ino tentava conter as animosidades entre Shikadai e Inomi, enquanto os meninos esperavam Deidara voltar com as compras para o piquenique. Já deveriam ter saído pela manhã, porém a quantidade de clientes na floricultura atrasou os planos de todos.

— Sabe que o pai é meu né? — Inomi perguntou pela terceira vez aquele dia.

— Ele me convidou. — Chutou a canela do amigo, já sem paciência para as provocações.

— Por educação. Por que se pai é chato e só dorme. — Puxou uma mecha do cabelo do moreno.

— Ou talvez seja porque você é um filho chato que só dá trabalho e ele goste mais de mim. — O Nara se arrependeu das palavras assim que elas deixaram sua boca.

Inomi mudou para outra poltrona e se encolheu abraçando uma almofada. Essa sensibilidade toda era comum desde os eventos da prova chunin e, mesmo que não entendesse bem os motivos daquilo, Shikadai sabia que Inomi não estava bem.

Se aproximou de mansinho e começou a afagar os cabelos loiros do amigo que o puxou mais pra perto fazendo que envolvesse seu pescoço com os braços.

Da cozinha Ino chamou duas vezes sem ser atendida, então foi ao encontro dos meninos na sala se deparando com a cena melancólica que se desenrolava.

— Meu amor, o que aconteceu? — Afastou Shikadai para poder abraçar o menor que tinha pequenas lágrimas nos cantos dos olhos.

— A gente só estava conversando e ele ficou assim, tia Ino. — Dai tentou se defender, mas recebeu um olhar irritado.

— É o dia dele com o pai. Pode tentar não ficar chateando o Inomi? Ele passou por muita coisa.

— Ah... — Não sabia o que dizer.

— O Shikamaru está em missão hoje?

— Não... Na verdade eu só... Acho que já vou pra casa. — Levantou envergonhado. Nunca tinha visto Ino daquele jeito, mesmo quando os dois brigavam aos socos.

Se arrastou lentamente para a porta de entrada e deu de cara com Deidara que chegava muito sorridente.

— Eu demorei, porque parece que com exceção do senhor "sou Uchiha, bom demais para vocês" todos os pais deixaram pra ultima hora. Tava uma fila terrível.

— Eu já vou. — Shikadai estendeu um embrulho que trazia consigo e fez uma reverência. — Obrigado pelo convite.

— Epa! Nem pensar, Bolinho. — Com certa dificuldade, afinal Shikadai já tinha treze anos, Deidara o tirou do chão e o jogou sobre o ombro. — Comprei comida demais e o Inomi está sempre de dieta, então quem vai me ajudar com tudo isso?

Andava pela casa sem deixar que o menino voltasse ao chão, enquanto Ino lhe dizia apenas com movimentos de boca que o fizesse ir embora.

— Você mima demais o Inomi e ainda quer ter mais um filho. — Resmungou e se aproximou do mais novo ainda com o Nara no ombro. — Você não quer que o Dai vá pra casa, quer? Se quiser eu jogo ele ali na rua ou explodo ele. Você quem escolhe.

— Eii! Me deixa descer. — Por um momento teve medo do que Inomi pudesse escolher.

Um pequeno sorriso brotou nos lábios do Yamanaka.

— Ele não quer admitir, mas foi ele quem ficou pedindo para te chamar. Sabia disso, Bolinho?

— Pai! Não fala isso. — Inflou as bochechas, porém ainda com um sorriso travesso para o Nara.

— Eu não entendo vocês. — Ino levantou já impaciente. Andava ainda irritadiça por não conseguir ajudar o filho, mas tinha plena confiança nas escolhas do marido.

De volta a segurança da terra firme, Shikadai decidiu ser mais paciente com as manhas do amigo e aproveitar o dia "em família".

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⏰ Last updated: Apr 14, 2020 ⏰

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Família Nara - MenmaNGWhere stories live. Discover now