"... mas está bem. assim faremos."
eu sorri.
"podes só .." ele hesitou.
"sim ?" eu falei.
"e-eu nada. esquece." ele desviou-me o olhar.
"Niall ?" ele olha-me de novo. "diz."
ele inspirou como se estivesse a ganhar coragem para falar.
"podes só dar-me um a-abraço ? por favor ?"
por uns momentos não respondi. fiquei entre dar-lhe ou não o abraço que ele pedira.
mas algo me fez abrir os braços automaticamente e ele aproximou-se de mim.
e pareceu um daqueles reencontros de filme. ele aproximou-se tão lentamente que parecia um efeito especial.
o nosso abraço foi algo tão indecifrável. é como se nunca tivéssemos perdido a nossa ligação. ouço o seu coração a bater aceleradamente, numa maneira eufemista claro.
os seus braços rodearam a minha cintura de uma forma muito delicada e terna mas ao mesmo tempo apertada, como se me quisesse dizer de duas maneiras completamente diferentes 'desculpa mais uma vez' e 'não te quero largar'.
eu, por minha vez, rodeei o seu pescoço como se fosse a última vez que o poderia fazer. posso dizer que me caiu uma ou outra lágrima pela emoção do momento presenciado. e mais ! posso jurar que consegui sentir uma lágrima do Niall a cair no meu ombro. não mais o vi chorar desde que éramos crianças, e vê-lo assim naquele momento... bem, partiu-me o coração.. mas não comentei nada sobre isso. iria estragar o momento.
largámo-nos. sorrimos.
(...)
hoje é a ceia de Natal. passei os meus últimos natais na instituição e era um pouco triste. apenas jantavamos e recebíamos umas bonecas muito usadas. algumas delas, já rotas e gastas. era triste. mesmo triste.
lembro-me de aos 5 anos, o meu pai e a minha mãe me darem uma pulseira em ouro que tinha gravado atrás, segundo eles, 'o amor são palavras provadas com simples gestos.' o meu pai costumava dizer-me isto.
o meu pai .. não consigo lembrar-me da sua face. por mais que tente. queria saber como ele era...
mas sim, a pulseira..
foi-me roubada naquele dia.. eu andava sempre com ela. dava-me a esperança de que um dia a minha família viria buscar-me.
mas bem, agora, vejo o natal de outra maneira. quero dizer, eu tenho uma família, e bem, é isso. tenho tudo o que eu queria. na semana que passou fui comprar os presentes de natal. gostava de saber se o Niall me comprou alguma coisa.
o natal realmente é uma época cheia de cor e de vida.
são 23h30. o jantar foi bastante agradável. rimos, contamos piadas, e o convívio está mesmo bom. nada de discussões com o Niall, o Dave não se chateou com o filho, a Macy e o Niall parecem bem, e tudo parece estar sob controlo.
olhei o relógio. 00h00. meia noite. hora dos presentes.
fomos até à árvore e tiramos de lá os presentes que iríamos trocar uns com os outros.
aos meus pais, ofereci uma viagem à Irlanda. eles querem muito lá ir.
ao Jimmy ofereci um carro telecomandado.
ao Dave, ofereci um relógio.
à Macy ofereci um colar a dizer 'best friend' e ao Niall, bem .. ofereci-lhe uma guitarra nova.
"obrigada .. eu não sei o que dizer. não estava à espera.." ele falou envergonhado.
"não tens de agradecer. sei que a tua se partiu. Feliz Natal Niall."
"feliz Natal Adriana. aqui tens a minha prenda."
sorri e abri o pequeno embrulho que ele me entregara. se havia algo do qual eu não estava à espera era disto.
uma pulseira. a pulseira.
o Niall havia me dado uma pulseira igual àquela que recebi dos meus pais, com a mesma frase gravada.
"Niall como é que .." eu não sabia mesmo o que dizer.
"eu sempre pensei em dar-ta desde que soube que vinha de férias convosco. tu andavas sempre com ela. e reparei que não a tinhas quando nos reencontramos. não tens de agradecer."
#flashback on#
"hey Adriana, o que é isso ?"
"é a minha pulseira da sorte. foram os meus papás que me deram. ela faz lembrar-me deles. eu tenho tantas saudades deles Ni. deram-ma há 3 anos. não a quero perder nunca."
"não a vais perder vais ver." ele sorriu-me.
tudo aconteceu muito rapidamente. um homem apareceu do nada, e atacou-nos. o Niall tentou proteger-me, mas o homem praticamente mandou-o pelo ar.
começou a tentar despir-me. eu gritava. achava impossível, ninguém passar na rua naquele momento. olhei para o Niall e vi-o correr. ele havia-me deixado. o pior foi mesmo ter ficado sem o apoio dele. de alguém, na verdade.
depois de .. bem, .. ele ter abusado de mim, roubou-me o que de mais valioso eu tinha. a minha pulseira. era a única coisa que me ligava aos meus pais.
#flashback off#
"ahm.. obrigada Niall. mesmo. roubaram-ma naquele dia. ela fez-me muita falta. obrigada mesmo." dei-lhe um abraço, já com lágrimas nos olhos.
"eu não me esqueceria de um pormenor tão importante.. ah e a frase tem razão."
"não me vou esquecer deste gesto."
gesto..
'o amor são palavras provadas com simples gestos."
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not again.
Fanfiction"o amor pode salvar-nos, mas também nos pode destruir. o amor pode curar-nos, mas também nos pode corroer. é, o amor é assim, mantém nos vivos mas também nos pode matar." - not again