IN MY VEINS

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Oh, você está em minhas veias
E eu não consigo te tirar
Oh, você é tudo que eu provo
À noite, dentro da minha boca
Oh, você foge
Porque eu não sou o que você achou
Oh, você está em minhas veias
E eu não consigo te tirar

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Nick

"Foi você, Nicholas?" 

Contra sua vontade, as palavras de Sabrina martelavam nos seus ouvidos. 

Ele estava na cama encarando o teto escuro da Academia.

"Foi você?" "Foi você?"

Não, Inferno! Claro que não havia sido ele. E apenas o fato dela considerar isso o deixava insano. Invocar um demônio maior para machucá-la? Isso era impensável. Inadmissível.

Mas Sabrina estava certa, alguém havia o invocado. Demônios maiores não saem por aí caçando jovens bruxas por qualquer motivo. Eles eram trazidos para essa dimensão com um propósito, ele sabia e descobriria o que tinha levado aquele até ela. 

E teria que ser rápido, porque quem quer que tenha sido o culpado iria tentar novamente. E enquanto isso fosse uma possibilidade, ela ainda estaria em perigo.

Batidas na porta interromperam seu devaneio. 

Suspirou, sabendo exatamente quem era.

- Vamos, Scratch! Sua presença está sendo solicitada. - falou Jonathan, com uma pompa irônica.

- Tem alguma probabilidade dele me deixar em paz apenas por hoje? - perguntou, querendo estar sozinho mais do que nunca.

- Você ainda tem bolas? - retrucou, com as sobrancelhas arqueadas.

Aquilo era um não. Claro e evidente. Mas Nicholas já sabia. A reunião era obrigatória para todos os bruxos da Academia. Sim, apenas bruxos. Jonathan havia sido bastante acertivo na sua resposta. 

Não era como se Nicholas não gostasse de fazer parte da Irmandade. Ele gostava de sentir pertencente a alguma coisa. Qualquer coisa. Fazia com que ele se sentisse menos sozinho. Era também uma forma de estar mais próximo do seu pai. Afinal, Vincent era um dos membros fundadores do clube. Eles não discutiam assuntos muito relevantes, apenas tópicos administrativos aqui e ali. Uma vez ou outra faziam visitas aos demônios sexuais. E apenas.

Chegando lá, os membros da irmandade estavam reunidos no Salão de Dorian Gray. Ao entrar no cômodo, Nick percebeu que as conversas cessaram e todos passaram a encará-lo.

Aquilo era novo.

- Aí está ele! - gritou Padre Blackwood.

Nick podia sentir a carranca estampada no próprio rosto e tentou suavizar sua expressão.
Não conseguiu.
Aquele homem conseguia trazer a tona o pior de Nick.

- Aí está o nosso mais novo líder! - continuou numa performance teatral.

- Acredito que a competição ainda não  tenha acabado, Padre Blackwood. - retrucou.

O homem riu com escárnio.

- Receio que esteja se referindo àquele capricho ridículo da filha de Edward Spellman. - ele fez um gesto com a mão, relativizando a situação. - Não precisa se preocupar com ela. Não deixaremos isso ir muito longe. Afinal, não podemos ter uma pirralha como top boy, podemos?

Uma risada uníssona preencheu o local.

- O que quer dizer com "não deixaremos isso ir muito longe"? - perguntou Nick, trincando os dentes. Não gostando da forma como falava de Sabrina.

Padre Blackwood riu.

- Digamos sua concorrente recebeu um recado ontem à noite. Não vai manter esse capricho por muito tempo.

Não... Não era possível.

Ou era?

- Ela deve estar tremendo até agora. - completou Jonathan, rindo. - Não quebre sua cabeça com isso, Nick. Não precisa se preocupar com essa vadia.

E numa fração de segundos, Jonathan estava contra parede, com o rosto de Nick a centímetros do seu.

- Da próxima vez que falar dela dessa forma será a última vez que dirá qualquer coisa.

- SCRATCH! - vossiferou Blackwood - Largue seu irmão! Isso... isso é um ULTRAJE! Uma ofensa à Irmandade! LARGUE-O!

Mas Nick ainda o segurava.

- Você entendeu? - perguntou o feiticeiro, apertando as mãos em volta do seu pescoço.

Jonathan assentiu com os olhos arregalados e a cara roxa, arfando quando largado no chão.

Nick encarou o Padre Blackwood.

- Enviar aquele demônio foi o verdadeiro ultraje aqui. - disse, tentando controlar a vontade de empalar o homem.

Então caminhou para a saída dizendo sobre o ombro:

- Minha solicitação está retirada. Divirtam-se tendo-a como líder.

E se foi, ignorando os protestos que vieram logo em seguida.

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Sabrina

Eu estava um caco.
Caco? Isso era um eufemismo.
Meu corpo doía em lugares que eu sequer imaginava que poderiam proporcionar dor.

Encarei meu reflexo no espelho pequeno do banheiro.
Face abatida. Olheiras. Alguns ferimentos e hematomas que iriam doer ainda mais no dia seguinte.

Balancei a cabeça tentando afastar o pensamento.
Dormir. Era disso que eu precisava. Mas saindo do banheiro, me deparei com algo inesperado.

- Achei que você estivesse na Academia. - falei, ainda receosa.

- Eu estava.

- Então o que faz aqui?

Aquilo estava ficando estranho. Apertei o roupão contra meu corpo, sentindo o olhar de Nick em mim.

- Foi o Padre Blackwood. 

O quê?

- O que você... Oh!

Filho da mãe.

- Não precisa mais se preocupar com ele. Todos já estão alertados e não tentarão mais nada.

- Mas...

- Você está segura agora, Sabrina. E tem algo contra ele. E eu... Retirei minha solicitação.

- Você o quê?! Não pode...

- Toda minha participação foi corrompida, Spellman. Não faz sentido continuar se vou ganhar por favoritismo. E acho que nós dois sabemos que você vai se sair bem.

Seus olhos eram ternos, mas eu sabia que desistir da competição não era fácil para ele.

Nick olhou para a janela, encarando o corvo que acabara de chegar.

- Tenho que ir agora. - disse.

Fechou os olhos para voltar do estado transcendente.

- Nick?!

Ele abriu os olhos.

- Sim?

- Obrigada... - sussurei.

Ele deu um meio sorriso em resposta, desaparecendo do meu campo de vista.

Songs About Us (NABRINA)Onde histórias criam vida. Descubra agora