unfaithful | bernardo silva ✔

QUATRO.

 Maria Beatriz brincava com a comida no prato com o garfo enquanto procurava pela sua vontade de degustar a refeição confecionada pela progenitora. À sua frente, encontrava-se o namorado que não se apercebera do estado da estudante por se estar a deliciar com a refeição. Nos últimos dias, não tem conseguido encarar o namorado sem pensar no que tornou a voltar a fazer. Sabia que a única pessoa culpada da situação em que a relação se encontrava, era ela. Fez a sua escolha mas, mesmo assim, não tinha a certeza da escolha que fizera.

- Ainda há mais, na cozinha, se quiseres. - Comentou ao observar o prato vazio de Leonardo. - E, além da quantidade que está na cozinha, tens a do meu prato. Não estou com muita vontade de comer. - Proferiu empurrando o prato na direção do jovem estudante.

- Estás bem, amor? - Apenas, acenou. - Tens a certeza? Nos últimos dias, tens estado assim nesse estado.

- Talvez, ansiosa pelo início de mais um ano de licenciatura, especialmente, por este ser o último. - Encolheu os ombros. - Uma parvoíce já que ainda falta imenso tempo, eu sei. - Um curto sorriso surgiu na face de Leonardo.

- Não é. - O do sexo masculino proferiu. - Fico feliz por estarmos a ter esta conversa demonstra que, ainda, confias em mim da mesma forma que confio em ti. - Um forçado sorriso procurou nos lábios da melhor amiga de Madalena e Diogo conforto. - A festa da Francisca está quase a começar. - Leonardo informou a namorada.

- Vou preparar-me, então. Podes terminar o que resta no meu prato, não me importo, Leo. - O de vinte anos gargalhou degustando os alimentos no prato de Beatriz. No interior do seu espaço pessoal, a irmã de Francisco tratou de trajar o vestuário, mais cedo, escolhido e aplicar uma leve maquilhagem. Fitou a sua figura no espelho, satisfeita, como ficou no final. As suas inseguranças muitas vezes impediram-na de mudar o seu estilo. Todavia, por ser um dia especial, Beatriz optou por escolher o macacão de ganga há muito escondido no interior do guarda-fatos. Já pronta, desceu para o piso inferior onde se encontrava Leonardo e Francisco - recém chegado de um almoço com a namorada - a aguardarem a chegada da lisboeta.

- Finalmente, Bea. - O mais velho reclamou. - Demoraste tanto que o Bernardo questionou-me se sempre íamos ou não. - Proferiu e as batidas do coração da estudante de Ciência Política aumentaram, contudo esforçou-se para manter a sua expressão neutra. O braço de Leonardo envolveu a cintura da integrante do ensino superior e o casal permaneceu nesta posição durante o caminho até à habitação dos progenitores da aniversariante. 

No momento em que chegaram, as íris azuis de Beatriz procuraram a figura do internacional português de vinte e quatro primaveras. O olhar do mesmo transmitia uma mistura de raiva com mágoa ao notar a presença de Leonardo ao lado da filha mais nova de João e Margarida.

- Parabéns, Chica. - Francisco congratulou a mais nova puxando-a para um abraço caloroso levando-a a gargalhar. - Crescem tão depressa. - Proferiu limpando uma falsa lágrima do rosto arrancando gargalhadas aos irmãos Silva.

- Parabéns, Chiquinha. - Foi a vez de Maria Beatriz puxar a aniversariante para um, igualmente, caloroso abraço. - Olá, Bernardo. - Receosa, envolveu o pescoço do jogador com os braços. - Desculpa. - Sussurrou perto do ouvido de Bernardo de modo a que fosse o único a escutar a palavra de perdão.

- Olá. - O jovem atleta profissional cumprimentou. - Como estás, Leonardo? - Num aperto de mão, tomou a mão do namorado da amizade de longa data de Diogo ofertando um irónico sorriso. A resposta de Leonardo  nunca chegou aos ouvidos do avançado português, já que Francisco optou por afastá-lo do namorado da irmã iniciando uma conversa do tópico mais comum - futebol. 

- Vamos ter com a Lena. - A jovem estudante solicitou. O estudante de Engenharia Geológica acenou deixando-se levar pela namorada até ao encontro de Madalena e Diogo.