☀️Capítulo Nove☀️

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Neblina fria, invade minha alma!
Aqueça meu corpo, me tire a calma.
Leva-me contigo, para o mar da perdição,
Onde minha alma renascer,
Sem exaustação!
Mih Franklim

Chloe

O vento frio da noite acariciava minha pele me causando arrepios. Sobretudo, nem tão pouco me incomodava. Pelo contrário, me aquecia de dentro para fora como se a floresta me abraçasse, aninhando-me em seu colo como uma mãe faz com seu filho. Me sentia atordoada, sendo levada pelas sensações momentâneas que me distanciavam da minha lucidez. A natureza ao meu redor era a única coisa que me importava, meu coração e minha mente se desligaram completamente do mundo e permaneceram abertos para sentir algo que vai além desse plano vital. Não lembrava quem eu era, só que nesse momento preciso da floresta, assim como meus pulmões precisam do ar para respirar. Uma necessidade que vinha de dentro da minha alma.

Logo depois da conversa que tive com Kahuna, permiti-me chorar como não fazia a tempos. Chorei pela saudade que sufoca meu peito, por meus pais, minhas irmãs e pelos acontecimentos que marcaram nossa família sem a minha presença. Chorei por sentir tanto, e não saber expressar muito, por ter vindo morar longe e por gostar desse afastamento da minha realidade. Chorei por Derek, pela traição na minha adolescência, por sentir saudades e por querer me manter longe mesmo sabendo que minha loba implorar para ficar do seu lado. As paredes do templo viram a cena de uma mulher com o coração quebrado, que chorava compulsivamente em buscar de conforto. Me sentia como uma adolescente que colocou sentimentos na frente das suas responsabilidades.

No fundo, sinto que só precisava desse momento, colocar para fora tudo o que me aflige.

Definitivamente quebrei todas as promessas que fiz sobre: não chorar por causa do Derek. Mas estranhamente com o passar dos dias acordei mais determinada a superar minha trágica vida amorosa. Estava ansiosa para o meu retorno à minha alcateia! Não vejo a hora de curtir minha família. E devo até dizer, que estou ansiosa para assumir como a Suprema, pela primeira vez na vida me sentia pronta para enfrentar meu futuro.

Irei dar o meu melhor, isso não tenho dúvidas!

Faltava dois dias para que meu prazo aqui no templo vencesse, sendo pressionada pela minha família que me ligava a todo minuto querendo saber se já tinha comprado a passagem aérea para Nova York, resolvi tentar uma última vez o teste que Kahuna havia me apresentado. Por sua via, ela chamou todas as anciãs para presenciar a cena da futura Suprema realizando a última parte do treinamento. Tentei ignorar o fato de que tinha dez anciãs observando cada gesto que eu fizesse, tendo que trazer minha loba para o controle do meu corpo sem que houvesse minha transformação, estando nua.

Fechei os olhos e sentir meus braços dançar contra o vento. De forma reconfortante a gélida noite parecia me guiar em uma dança repleta de sensualidade, meus pés começaram a queimar como brasa e o calor subiu lentamente por todo meu corpo me aquecendo. Como se fosse me transformar, mas tal ato não aconteceu. Meus cabelos soltos contra o vento, me permite sentir a leveza deles tocando minhas costas despidas. O colar em meu pescoço parece me abraçar, me cobrir com uma áurea única!

Estou confiante deixando meus sentidos apurados sem minha intervenção. Logo minha visão escureceu e o mundo ao meu redor ficou em silêncio. Quando abrir novamente os olhos, me senti mais forte, enxergava perfeitamente no escuro. Olhei minhas mãos tendo que estavam na minha forma humana.

Sem delicadeza meu lado selvagem me dominou por inteiro como se eu e minha loba fôssemos apenas uma. Suspirei, quando cada pelo do meu corpo se arrepiou, olhei em direção das anciãs e tive certeza, que os meus olhos estavam vermelhos após ver o sorriso discreto nos lábios de Kahuna como se dissesse de forma contida: Conseguiu, Chloe!

Comecei a ser guiada para longe das anciãs, cada vez mais adentrando pela floresta deixando meu instinto controlar meu corpo. A conexão que sentia no momento é espetacular, meu coração estava disparado ao extremo e poderia jurar se invencível! Somente agora compreendo o que a anciã Kahuna quis dizer, eu havia conseguido, estou em junção com a minha loba. Isso é incrível, pela Lua! Nunca me senti tão bem, tão única.

Nunca me senti tão... Eu!

Quando me dou conta, havia subido uma pedra alta que me dava à vista privilegiada da lua saindo por entre as colinas. Minha loba teve o ego cheio. Confiante fui na direção da ponta da pedra, meus passos lentos começaram a ser substituídos por pegadas, meus cabelos foram encurtando e a pelagem branca começou a tomar conta do meu corpo nu. Bufei quando meu tamanho triplicou e cair sobre quatros patas.

Minha loba saiu e assumiu a transformação como nunca havia feito. Foi rápido e prazeroso, me sentia viva como nunca havia sentindo em toda minha vida. Minha forma Lupina está esbanjando intimidação! A essa altura do campeonato, meu interior já aceitou que serei a Suprema.

Parei de caminhar quando o forte cheiro das anciãs, arrebataram minhas narinas. Me virei e rosnei as olhando. Todas as 10 mulheres que me ensinaram durante esses anos saíram da floresta com classe, uma por uma se colocou de prontidão por entre as árvores e me olharam. Rosnei estufando o peito, quando as 10 fizeram uma longa reverência. Loba exibida! Voltei a olhar para frente e fui para a ponta da pedra sem olhar para trás. O forte vento balançava os pelos do meu corpo como se os guiassem por uma dança louca e agressiva. Tudo ao meu redor parecia ter ficado em câmera lenta. A lua se sobressaiu da colina e o seu brilho parecia me hipnotizar.

Uma doce voz ecoou na minha mente quebrando o encanto que me encontrava: Um novo ciclo se inicia! A certeza e a acalmaria da voz, ficaram impregnadas no meu corpo. Com o coração disparado, fechei os olhos e ergui minha cabeça uivando altamente para a lua.

Suprema Alfa 3° (DEGUSTAÇÃO)Where stories live. Discover now