Terceiro Acto

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Cena I

Residência do Juiz Sérgio. Entram Sérgio, Jornalista e Viridisilva (escondido).

Sérgio

Ó que súbita surpresa! Meu nobre profissional, o que queres?

Jornalista

Excelência, és muitíssimo popular entre as massas, principalmente depois de levar à forca aquele traidor. Logo, rogo que aceites fazer uma entrevista. 

Sérgio

O povo necessita de alguém que faça a justiça, um justiceiro, um julgador, ou seja, precisa de mim. Sou indubitavelmente sem par, portanto isso seria uma honra para vós. Talvez eu possa amanhã, mas por hora vou ter com minha conje.

Jornalista

Mas caro magistrado... não seria sua cônjuge? 

Sérgio

Que seja! Saia daqui e considere-se grato por aceitar tal entrevista.

    [Sai o Jornalista]

Sérgio

Finalmente me livrei daquele energúmeno! Certamente a morte daquele outro infeliz me fará estimado pela plebe. Só de pensar no que a minha popularidade vai me levar, me delicio!

        [Sai Sérgio]

Viridisilva

Graças à Santíssima Aparecida não me notaram! Vou conferir sua escrivaninha... tem um fundo Falso! Vejamos o que dizem estas cartas. Ao que tudo indica... eu estava certo quanto a minha certeza: o juíz Sérgio e o Promotor tem uma trama para incriminar Luís! Mostrarei o mais rápido possível ao padre, pois o dia da execução de Luís é amanhã.

[Sai Viridisilva]



Cena II

Praça de São Mateus. Entram o Sérgio, Tenente Garcia, e um soldado escoltando Luís acorrentado.

Sérgio

Caros compatriotas, é chegado o dia em que este traidor pagará com sua vida. Que Deus o perdoe e que a forca limpe seus pecados, e enfim, sirva de lição aos conspiram contra a coroa. Preparem a santa corda!

Tenente garcia

Todos os preparativos foram feitos... Quais são suas últimas palavras?

Luís 

Eu os perdoo,apesar de matarem um inocente. Estou desolado, apesar da ideia de encontrar-me com minha progenitora é reconfortante. Espero que um dia possamos ter certeza de que a justiça seja para todos, e não um mero instrumento de poder; Espero que um dia, mesmo morto, vejam que estava certo... Ó céus, olhai quem vem ao longe!

[Entram Viridisilva e Padre Francisco]

Viridisilva

Para!O velho Chico tem algo a dizer!

Padre Francisco

Povo da Vila de São Mateus, nosso judiciário foi corrompido pelas mais sórdidas e obscenas pessoas! Tenho em minhas mãos, cartas e correspondências que comprovam que o Juiz Sérgio, juntamente com o promotor, tramaram um esquema para tomar as riquezas de Luís. Tenente, prenda os verdadeiros culpados!

Sérgio

Cala-te clérigo, estás mentindo. Matai logo o infeliz, tenente pacóvio!

Tenente Garcia

E vós sois mais que pacóvio, és mentiroso e mal caráter, o verdadeiro criminoso! Soldado, solte o cavalheiro e prenda este aqui! Vamos rápido pois temos que procurar seu cupincha...

Luís

Sabia que a justiça, a verdadeira justiça, seria feita, todavia não sabia que seria feita a tempo... Obrigado sábio Padre! Obrigado Viridisilva!

Padre Francisco

Bem, toda a honra pertence a este menino, porque ele conseguiu as provas para livrá-lo; Mas nem tudo está feito, pois o perverso Jair, além do promotor, ainda está foragidos.

[Saem]
   
Cena III

Um escritório. Entram Jair e Diógenes.

Diógenes

Seu Jair... péssimas novas! o vigário revelou seu plano. O Togado foi preso e o promotor também! Como se não bastasse Luís foi libertado. Quer que eu faça algo?

Jair

Não vai ficar assim... Diógenes cuide de tudo.

Diógenes

A seu dispor, Seu togado!

[Saem Sérgio e Diógenes]

Casa dos Silveira. Entram Marisa e Luís e Viridisilva.

Viridisilva

Agora que o Seu Lulu está livre, tudo voltará a ser como antes.

Marisa

Não, menino silva, será melhor! Enfim poderemos seguir com nossas vidas...

Luís

Vamos esquecer as injustiças que se abateram em nós e retornar como uma família. Sim, uma família, porque assim que me casar com Marisa... gostaríamos de adotar um certo menino. Em suma, a partir de agora só haverá alegrias e felicidades!

Diógenes 

Senhor Luís... Não é prudente fazer planos!

[Entra Diógenes com uma arma apontada para Luís, porém ele acerta Marisa]

Luís

Desgraçado!

[Luís entra em confronto com diógenes e acaba matando o pistoleiro]


Luís

Como as parcas tecem com ironia e amargor salgado! Ganhei a liberdade e perdi meu amor; Assim como ganhei um filho, também perdi minha noiva. Me desfaleço em teus braços, pois em nossa jornada não há percalços. Hei de lançar-me aos justos, afinal... o que é este conceito abstrato chamado justiça? Sobretudo: haveria Justiça para alguns?

[Todos Saem]

                                    Fim.


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A justiça é para algunsWhere stories live. Discover now