Mortos não contam segredos

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A garota nova estava parada em frente a escada da escola, fitava a porta principal com um olhar vago e apreensivo, as pessoas que passavam por ela a encaravam. Era uma menina bonita com longos cabelos extremamente pretos, sua pele era branquíssima, seus olhos eram cinzas e possuíam um brilho estranhamente sombrio, ela estava vestida com uma meia rastão e um fino vestido preto sem detalhes. A garota não parecia saber sorrir.
Ela respira fundo e diz para si mesma:

-Você já passou por isso outras vezes, você já sabe o que fazer.

Fecha os olhos, toma mais um pouco de ar e finalmente entra na escola. Era um lugar simples, na entrada, a esquerda se encontrava a diretoria e a direita a secretaria, em frente se via uma grande escada para o segundo andar, o resto era basicamente um grande corredor com paredes brancas com amarelo, que possuía entrada para outros corredores menores e outras duas grandes escadas que davam para o segundo andar, idêntico ao primeiro, cada corredor possuía duas salas, a única diferença entre o primeiro e o segundo andar, era que virando a esquerda no fim do corredor do primeiro tinha o refeitório e no segundo laboratórios. A sala dela era a ultima do anexo, uma parte razoavelmente nova da escola, que ficava virando a direita no fim do primeiro andar. Ela chega antes de qualquer pessoa entrar na sala e se senta na ultima cadeira.

Ela assiste todas as aulas calada, ao tocar para o primeiro intervalo desce rapidamente para o grande campo que tinha no lugar, senta debaixo de uma grande arvore, em uns degraus que estavam bem sujos e acabados, abre sua mochila azul clara que era cheia de rabiscos, puxa uma caixinha metálica azul bebe, de dentro puxa um isqueiro rosa claro com girassóis estampados e um beck bem bolado, ao guardar a caixinha novamente tira da mochila seu diário, um simples caderno preto e começa a escrever.
Todos ao passarem por ali a encaravam e sussurravam, ela havia chegado quase no final do 1° bimestre, um garoto viu aquela garota sentada sozinha e foi até ela, a menina se encontrava tão concentrada escrevendo que só percebeu a presença do garoto quando ele falou com ela.
-Qual seu nome?
-Cassie - responde sem olhar para ele
-É diminutivo de alguma coisa?
-Sim, de Cassiopeia - responde, finalmente olhando para o garoto, que usava uma camiseta de uma das bandas favoritas da menina, The Neighbourhood, ele era muito pálido e tinha cabelos e olhos tão negros que Cassie não conseguia pensar em nada melhor para comparar do que o próprio vácuo. Era como a escuridão de uma noite sem estrelas.
-Realmente, Cassie é melhor, eu sou Daniel. - e se senta ao lado dela - O que você tá escrevendo?
-Nada da sua conta
-Calma, não precisa morder
-É algo pessoal, se eu quisesse que você lesse teria falado
-Entendi, calma
-Você fuma? - pergunta a menina oferecendo o beck
-Claro - ele da alguns pegas antes de devolver
Cassie percebe que uma garota esta caminhando na direção deles, ela fica encantada com a beleza da menina, sua pele lembrava muito a cor de chocolate ao leite derretido, seus cabelos altos com cachos perfeitos e um castanho muito escuro, seus olhos eram uma cor de mel quase que esverdeados, sua boca era simplesmente perfeita, a parte superior tinha o formato de coração e o inferior carnudo na medida certa, ela usava uma camiseta branca escrita com letras pretas "NOT YOUR BABY" e uma calça jeans rasgada estampada com flores brancas que pareciam ter sido pintadas a mão, seu allstar era preto e de cano baixo, idêntico ao de Cassie.
-Oi, meu nome é Tanara, esse idiota tá enchendo seu saco?
-Sou Cassie, e não, tá tudo ok aqui
-Gostando da escola, novata?
-Até agora só vocês dois falaram comigo
-Normal, aqui as pessoas preferem falar de você do que com você...
-É, eu sei, já tô acostumada com isso, vivo me mudando
-Você é filha de militar? - pergunta Daniel com a curiosidade clara em seus olhos
-Não, sou só eu e minha mãe, nunca entendi muito bem o porque de a gente se mudar tanto...
-Ah, que estranho
-Pois é...
-Qual sua turma? Eu e o Dan somos do 3° C
-3° A
-O pessoal lá realmente não é conhecido pela simpatia. - fala Tanara dando uma risadinha - Você veio de onde?
-A história é muito longa pra contar agora, quem sabe um dia eu falo
Um alarme extremamente alto começa a tocar
-A gente se vê na hora do almoço, garota viajante - Fala Daniel puxando Tanara que apenas abre um sorriso e da um tchauzinho, fazendo Cassie corar, ela guarda suas coisas de volta na mochila e entra novamente, na metade do caminho sente seu celular vibrar em sua mochila