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Não sei se foi por preferência pelos caras mais maduros, que nunca caíram nas minhas armadilhas de sedução fatal (tsc, tsc), que passei a sentir tédio com rapazes na minha faixa de idade.

Corrigindo a informação anteriormente dada, eu já tivera uma queda mais forte por um professor casado com a professora que eu mais detestava, mas além de eu perder peso e sonhar acordado com ele, tinha consciência plena de que não ia dar em nada e nunca deu. Detalhe: ele era um macho maduro, bem charmoso até, mais pra forte que pra gordo e tinha um certo grau de estrabismo que jamais achei um fim de mundo numa pessoa. A voz era tipo, deixa eu ver, tipo Miguel Falabella quando tá gritando "tenho horror a pobre" e o detalhe mais bacana, o sorriso safado que deixou pelo menos uma dúzia de meninas loucas naquela época. "Edézio", se um dia ler isso daqui saiba que já toquei uma..., digo, um abração pra você, feio.

Bom, eu era um chato que vivia aqueles anos reclamando de coisas corriqueiras com meninos da mesma idade que passavam por problemas similares. E super valorizo um papo sobre assuntos que saem daquele círculo: balada, macho, faculdade, inimigas, inveja, falta do que fazer, trabalho cansativo, família meio opressora e muitos blás além desses. Então devido a isso nasceu o tesão pelos caras mais experientes.

Uma coisa é querer e outra completamente diferente (e quase impossível) é conquistar um homem com esse perfil. Um desses, chamado Anderson, eu sempre cobicei caladinho, tanto que o apelidei de Sr. Missão Impossível ou como o Gui o chama somente: o Impossível!

O homem era tão bonito, tão gato e gostoso que ficava melhor manter nas fantasias. Não queria saber se tinha ou não algum defeito, chulé, bafo ou grosseria aguda, queria só admirar. Admirar o corpão forte, altura pra cima de 1,80 tranquilamente, o rosto barbudo, os olhos castanhos, o sorriso largo que raramente ele dava, enfim, a presença daquele homem delicioso, era um privilégio visual.

Vamos adiante com isso porque não vivo de sonho, mas viveria comendo sonhos de padaria, porque esses valem a pena. (Vale ou não vale?)

Eu havia recém me formado em Ciências Econômicas, já estava no caixa do banco há dois anos quando o gerente regional, Waldir, por alguma razão sugeriu ao gerente da agência, que eu aprendesse outros processos para testar novas aptidões. Nessas horas de felicidade, aparecem uns elementos pra tentar nos desestabilizar, fiquem de olhos abertos! 

Um dos colegas com quem eu tinha até então um relacionamento próximo de amizade teve esse comportamento e eu ainda não tinha maturidade pra lidar. Foi bom conversar com pessoas mais experientes na época que me aconselharam a ser firme com ele, pois o Jonathan já tivera a mesma chance anteriormente e usou o fato de não ter sido promovido para dizer que o banco "fingia" querer promover uma pessoa pra não precisar contratar mais analistas. Em outras palavras, era mais barato para eles.

— Porque tu não ficou no cargo depois do teste?

— Se aumentassem meu salário eu teria me esforçado mais. Estive uns seis meses aprendendo e trabalhando feito um idiota enquanto o Luiz passeava e tomava cafezinho.

— Logo ele? Parece tão comprometido.

— Só parece. Não seja burro Renan, se tu não souber dizer um não... esse cara vai te encher de serviço e não vão te pagar a mais por isso. 

Percebi que ele se repetia muito com seu conselho. Além dele, estavam treinando também a Ângela que viera de outra agência. Pior que quando me aproximei dela, ouvi as mesmas coisas que reforçavam que não adianta fazer nada além do que cobre o nosso salário.

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