Capítulo 2

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NARRAÇÃO ALEXANDRE

Já não aguento mais fazer exames e ficar nessa merda de quarto sem ter noticias de Manuela. A porta do quarto se abre e Paulo surge.

- Conseguiu alguma notícia?

- Sim! Srta. Vargas esta nesse mesmo corredor, quarto 347.

Tiro a coberta das minhas pernas e saio da cama.

- Onde vai, senhor?

- Falar com a Manuela.

Antes de passar pela porta, paro e olho para ele.

- Como ela esta?

- Os médicos disseram que bem, apenas desidratada.

Respiro aliviado e quando passo pela porta, Paulo segura meu braço bom.

- Senhor...

Volto a olhar pra ele.

- Ouvi conversas de que ela não esta falando. Esta calada desde que foi resgatada.

Fecho meus olhos puto comigo mesmo, por saber bem que o motivo sou eu. Essa mania de explodir sem antes conversar só fode a minha vida. Saio do quarto em busca do dela. Olho as placas e finalmente encontro o quarto. Vejo se tem alguém olhando e abro a porta com calma. Entro e fecho a porta sem fazer barulho. Vejo-a deitada, de costas para mim e de frente para a janela que traz uma chuva fraca lá fora. Ando com calma até Manuela, que não se mexe. Dou a volta na cama e vejo que dorme. Me aproximo e vejo uma cadeira. Puxo-a para perto da cama com cuidado e me sento. Observo seu rosto e meu peito aperta. Seu nariz esta vermelho de tanto chorar. Posso ver o travesseiro molhado por suas lágrimas. Acho que a ferida que causei nela é maior do que eu imaginava. Ergo minha mão e tiro um pouco de cabelo que cai sobre seus olhos. Sinto a necessidade de toca-la. Acaricio seu rosto com cuidado, sentindo sua pele gelada. Vejo seus olhos se abrirem, mas não paro de toca-la. Preciso me desculpar pelas acusações e a forma grosseira que falei com ela. Seus olhos se conectam aos meus e por um minuto posso ver a dor dentro deles. Isso me sufoca e fecho meus olhos.

- Manu...

- Não me chame de Manu.

Sua voz é quase um sussurro.

- Só me escuta.

- Sai daqui...

- Por favor...

- Sai daqui...

Grita saindo da cama, fugindo de mim. A porta do quarto se abre e sei que tenho pouco tempo.

- Eu preciso conversar com você.

- Tirem ele daqui.

Pede as duas pessoas que entram.

- Manu, não faz isso.

- Não me chama de Manu.

Seu grito me trava e paro de andar.

- Chega Vieira! Tudo que aconteceu morreu com aquela ilha.

Não... Não pode ter morrido. Dou um passo para frente e ela recua.

- Já pedi para sair, esquece que eu existo. Esquece meu nome.

A forma como me olha... nunca me olhou assim.

- Me esquece.

- É melhor você sair.

A mulher pega meu braço e vai me guiando para fora do quarto.

LOUCO AMOR (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora