Capítulo 8 - Me mostre seu coração

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Passamos por uma área cheia de flores e árvores nos dez minutos seguintes que caminhamos. Aquele lugar era muito bonito, mas eu pouco registrava nada ao meu redor. A pele dele em contato com a minha não me deixava raciocinar. O calor da mão dele na minha me deixava nervosa. Seus dedos entre os meus. Nunca senti tanta coisa ao mesmo tempo segurando a mão de alguém.

Eu apenas o sigo.
É o que venho fazendo. O seguindo com os olhos, o seguindo nas redes sociais, o seguindo pelas notícias.

- Esse estúdio foi a primeira coisa na qual Hoseok Hyung gastou dinheiro de verdade. - ele continua. O som da voz dele me dá borboletas no estômago - ele investiu bastante. É por isso que...

Ele pára por um segundo e olha pra mim, sem nunca soltar minha mão. Sua outra mão vem em direção ao meu rosto e paro de respirar. O que ele está fazendo? Ele coloca minha franja, a única parte do meu cabelo que está solta, atrás da orelha. As pontas dos seus dedos tocam a minha testa e descem por minha bochecha bem devagar

- Estava no seu olho - ele sorri e recomeça a andar. Continuo a ser arrastada até que chegamos a uma área ainda mais cheia de árvores.

- Quase lá - ele diz e damos a volta em torno de uma árvore enorme - Aqui estamos.

Ele tinha razão, vale a pena a caminhada para ver isso aqui. Uma fonte pequena de pedras lança água por um pequeno chafariz, mas a melhor parte é ver as folhas douradas caindo na água.

- São árvores de inverno - ele aperta de leve minha mão, para me fazer olhar pra ele. Funciona, claro que funciona. Por que meus olhos se tornam um par de imãs onde quer que ele esteja - tem as folhas avermelhadas. Não sei o nome científico.

Eu não saberia, se ele dissesse qualquer nome, que ele está errado. Não entendo de árvores. E acreditaria nele sem duvidar, sobre qualquer coisa.

- Tinha dessas árvores na minha cidade - ele diz e me puxa para a sombra de uma delas. Ele se encosta no tronco e olha pra cima. Eu olho pra ele e para nossas mãos unidas - Minha avó...

Seus olhos ficam rasos de água, de repente. Falar da avó ainda o faz chorar. Me lembro de chorar com ele, quando ele chorou por ela em público. Ela era como uma mãe pra ele. Ele a amava muito. Meu coração dói ao ver uma lágrima cair por seu rosto. Quero seca-la e o abraçar bem forte, mas sou medrosa. Muito mais do que eu imaginava ser. Kim Taehyung me fez medrosa, quando se tornou o homem que amo.

- Minha avó - ele sorri pra mim e seca o rosto com sua mão livre - amava ficar assim... Embaixo das árvores, olhando pra cima. É... Mágico. Vem, vou te mostrar.

Ele se aproxima e fico quieta e congelada. Suas duas mãos descansam em minha cintura e ele me trás devagar em direção a seu corpo.

- Sunbae... - uso toda minha força mas é tudo que consigo dizer.

Ele sorri, me virando e encostando na árvore.

- Você me fez falar o caminho todo sozinho e agora quer dizer algo? - suas mãos deixam minha cintura e sobem para meu rosto. Não sei mais como se respira. - Espere um pouco.

Seus polegares acariciam minhas bochechas vermelhas. Me sinto um brinquedo nas mãos dele. Não consigo falar ou me mover mais.

- Olhe pra cima , Tzuyu-ssi.- ele diz e eu obedeço - 木漏れ日 (Komorebi) - o escuto pronunciar em um japonês que, na minha opinião de estrangeira, soa quase como um nativo - Conhece essa palavra?

- Sim - sussurro, olhando a luz do aol atravessar as folhas. Elas ficam douradas sob o efeito do brilho é simplesmente...

- Lindo - ele diz e encontro seus olhos encarando os meus - sempre que eu me sentia frustrado, com raiva ou triste, ela me levava a um parque e nos sentavamos pra observar a luz. Me acalma muito.

No doubtWhere stories live. Discover now