Uma rola grossa dentro do seu cu não justifica ser rude, mas torna compreensivo

2.1K 235 2.1K
                                    

-Tem uma coisa que eu não digo há muitos anos, gostaria de dizer agora - começa Larissa, séria, sentada no sofá, com Beatriz.

-Pode falar! - exclama Beatriz, empática.

-Eu odeio esse filme - comenta.

-As Branquelas? - questiona Beatriz, olhando para a tv.

-Ah, não, eu amo esse! É só que faz MUITO tempo que não digo que odeio algum filme.

-Entendi... - inicia, pensativa. - Tem mais alguma coisa que você sente falta de fazer?

-Hum... Eu nem mesmo me lembro da última vez que revirei os olhos pra alguém! - fala, revirando os olhos, sorrindo. - Isso é legal! - comenta, revirando de novo e de novo.

-Que bom que está se divertindo - diz, verdadeiramente feliz pela amiga.

-AI, MEU DEUS, MEUS OLHOS NÃO TÃO VOLTANDO! - grita Larissa, desesperada, com apenas a parte branca dos olhos aparecendo.

-PUTA MERDA! - berra Beatriz, no mesmo tom. Pensa em como pode ajudar a amiga, mas alguém toca a campainha.

-Eu atendo! - fala Larissa, se levantando e tropeçando no sofá, batendo a cabeça na quina da mesa. Um galo enorme se forma rapidamente, mas ela permanece consciente o bastante pra dizer: - o Demolidor faz andar sem enxergar parecer tão fácil.

-Você não é personagem de série, amiga - fala Beatriz, colocando-a de volta no sofá e depois indo na direção da porta. - Pode deixar que eu vejo quem é.

Larissa não precisava ir até a porta para saber quem era. Seus vizinhos não falam com ela, provavelmente por ela morar onde morreu uma mulher engolida por uma cobra, mas ela não tem certeza. Há uma única pessoa de fora que poderia ter ido até a porta dela, sem que o imprestável do porteiro notificasse.

-É a Pietra - diz Beatriz, preocupada, após olhar no olho mágico.

-Puta merda, eu achei que era o Greg ou então o cara da Pizza! - diz Larissa, ansiosa.

-Quer que eu diga a ela pra ir embora? - indaga, colocando a mão sobre o ombro da amiga.

-Não, não - responde, convicta, respirando fundo. - Quanto mais cedo resolvermos isso, melhor. E essa é uma boa oportunidade, já que eu estou literalmente incapaz de olhar na cara dela.

-Quer que eu fique aqui?

-Eu agradeço, mas acho melhor conversarmos sozinhas - fala Larissa, tímida.

-Eu entendo - afirma Beatriz, sorrindo pra ela (o que não era necessário, já que ela não tá enxergando) e abrindo a porta para Pietra, que diz:

-Oi, Beatriz...

-Ahhh, que "oi", o quê? Sua falsa - fala Beatriz, enojada.

-O quê?! - pergunta, chocada.

-Não pergunta "O quê?!" pra mim, não, porque se eu for corrigir o que disse vai ser pra pior, sua dissimulada - finaliza, entrando num dos quartos do apartamento. - Tô puta, caso não tenha ficado claro - retoma, abrindo uma fresta na porta e rapidamente a fechando de novo.

Pietra se aproxima do sofá, ficando ao lado dele, vendo Larissa com um olhar demoníaco para a frente.

-Temos que conversar - diz, direta.

-Temos, mesmo! - exclama Larissa, apontando para a estátua de elefante em sua mesinha de centro.

-Porque você tá apontando pro elefante?

-Ah, você não tá na minha frente? - indaga, curiosa. - Rolei demais os olhos e agora não tô vendo nada, pode apontar meu dedo pra você, por favor? - Delicadamente, Pietra pega o dedo e aponta para a direção dela. - Obrigada. Pode falar o que você tem pra dizer - fala, desanimada.

Bem vindo à LGBT, compre um doce ou pode ir se fuder (degustação)Where stories live. Discover now