Souvenir

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Merda


Talvez, mas somente talvez eu deveria ter escutado os conselhos da Raffey sobre como é bem melhor ficar em casa e esperar que a morte te pegue. Não que eu que deseje morrer agora, mas quando tudo em volta leva-me a crer que é o melhor para mim, principalmente quando eu cometo mais um erro – especificamente não avisando ao Sr. Hayes que a porcaria do caminhão não vai chegar hoje ­- . Eu tenho absoluta certeza que o mundo me odeia.


- Carlos, me desculpa eu posso arranjar um outro jeito de conseguir os produtos para amanhã.


- Desculpas, desculpas e mais desculpas, Senhorita Collins a sua cabeça por acaso não a deixa dormir à noite com tantos problemas assim, não é mesmo?


- Eu poderia dormir melhor se o senhor me desculpa-se, eu prometo que até iria as missas de domingo somente para falar ao Padre Wilson o tanto que você me salvou de queimar pro resto da eternidade no fogo do inferno – não que eu seja uma pessoa religiosa, longe disso -.


- O seu senso de humor me comove, mas não te salva de arcar com as consequências. Não preocupe-se tanto você ainda terá o auxílio de 3 meses recendo o valor bem significativo.


Claro, o valor significativo que ele fala é desse salario que não pagaria nem as paredes do meu caixão se eu morre-se hoje.


- Então, eu estou sendo demitida sem ao menos o senhor falar que eu estou sendo demitida?


- Suponho que quando era mais jovem a senhorita tenha comparecido as aulas de interpretação não é mesmo? – mais ou menos – sendo assim entendeu o que eu quis dizer, minha cara o meu tempo aqui é escasso tenho que resolver o problema que você criou, então pegue as suas coisas no armário e tenha uma boa vida.


Aí que está, não tem como eu ter uma boa vida sem dinheiro, na verdade a maioria das pessoas não consegue ter uma vida sem dinheiro. É virar moradora de rua não faz parte do roteiro que eu fiz para a minha vida.


- Tá bom, espero que ache alguém para substituir-me até segunda – feira. – Eu ando até os fundos dá loja pegar as minha bolsa sem olhar para trás eu não quero ver de novo o olha de decepção pra mim de mais uma pessoa, mesmo sendo do Sr. Hayes.


Pelo menos eu não tenho muitas coisas aqui, isso acaba facilitando o meu caminho até a minha casa que coincidentemente fica a algumas ruas atrás da merda da Doceira que eu até então trabalhava. A única parte ruim desse trabalho era o salário péssimo e umas companhias, mas eu precisava aguentar para que no final do me as minhas contas estivessem pagas.


- Atende Raffey – já era o terceiro toque e ela não me atendia– eu preciso falar com você droga.


Pensando bem, ela deveria estar dormindo agora no sofá junto com um saco de salgadinhos ao lado. Sorte dela.


- Desisto, ela que se dana-se. – Logo no dia eu precisa que ela me buscasse ela não atende a porcaria do celular. Sim, eu sei que a minha casa não fica muito longe mas uma noite de Sexta- feira em Reading torna o cenário muito mais assustador.


Já que eu não tenho opção começo a andar até em casa, eu odeio a atmosfera do bairro a noite, principalmente depois de todos aquelas notícias sobre homicídios e assassinatos que a mídia vem trazendo sobre aqui. Não melhora nada a disposição de todos que tem que trabalhar nesse horário.


Um vento frio chicoteia no meu rosto fazendo o meu cabelo voar para todos os lados atrapalhando a minha visão por um momento, as árvores começam a balançar para a direção contraria do vento, fazendo um ideia passar pela minha cabeça. Eu poderia pegar a ruazinha perto da lanchonete, eu cortaria um pedaço do caminho.


Não era a ideia mais inteligente no mundo, mas a minha vontade de deitar na cama e esquecer tudo o que me incomodava era bem maior.


A ruazinha, nada era que um beco totalmente mal iluminado com cheiro péssimo de urina e várias lixeiras das lojas ao lado posta exatamente para trabalhar o meu caminho. Eu podia contar os segundos até o meu estomago reclamar, o que eu poderia cozinhar hoje? Miojo? Não, eu merecia mais. Ainda bem que nesse lugar horrível tinha um loja, uma lasanha de quatro queijos vai me deixar feliz o resto da noite inteira.


No caixa da loja havia um senhor de idade que me cumprimento-me com um aceno e voltou a ler o jornal que estava nas suas mãos, eu fui até os fundos a procura das congelados. No mesmo momento que eu encontro a minha comida, o sino da loja anuncia novos clientes – parece que esse lugar de noite é movimentado -, eu vou em direção ao caixa até que ouço o barulho muito alto, meu corpo entra em choque quando eu vejo o corpo do senhor banhado em sangue e sua cabeça totalmente aberta jogada em cima do balcão.


Mantenha a calma, mantenha a calma .....


Eu tinha duas opções eu corria pra fora e ia para casa e fingia que nada tinha acontecido ou corria pra fora e ia pra casa e fingia que nada tinha acontecido. Não tinha outra opção, eu já tinha visto muitas series de investigação criminal pra saber que eu seria a principal suspeita já que até agora eu não tinha visto nenhum outra alma viva. Era isso o que eu pensava.


Quando eu corria em direção a porta, uma sombra parou na entrada. Eu senti a minha pressão despencar, enquanto a minha mente trabalha em busca de uma ação rápida para livrar-me da situação. A sombra aproximou-se mais da porta, eu nem liguei para as consequências eu acelerei os meus passos em direção a porta dos fundos que eu tinha visto quando peguei até então comida que eu joguei no chão quando eu vi o corpo na entrada. Porra, eu tinha visto alguém morto pela primeira vez na vida.


Quando eu passei pela porta – que felizmente estava aberta- eu comecei a pensar que a sombra poderia ser a melhor opção. Havia um corpo pendurado em um cancho como se fosse um um pedaço de carne depois do abate, eu podia ver as moscas pousarem no corpo como se aquilo fosse a melhor coisa que elas encontraram no dia. Mas até eu cair na realidade e perceber que eu deveria ter saído dalí imediatamente, eu já estava em sono profundo depois que jogaram algo na minha cabeça.


Que vida péssima 





Change Of MottoWhere stories live. Discover now