Devagar de Mais - Clietro/Hawksilver

#8: papais

— estão nos chamando na escola — digo para Clint quando finalmente o encontro na cozinha

— por que? Aconteceu alguma coisa com Kamila? — ele larga o que estava fazendo e se vira pra mim preocupado

— eles não disseram

Sem mais nenhuma palavra, nós dois pegamos nossas coisas como celulares e documentos e vamos para o carro

Rapidamente chegamos a escola primária onde nossa filha estuda

Adotamos Kamila a dois anos, a pequena tem só 5 anos mas é bem forte e corajosa, ela já passou por muita coisa e por isso eu e Clint sempre queremos protege-la de todo o mal

Entramos na escola e a secretária, que já nos conhece pela escola ser pequena, nos deixa entrar na sala do diretor onde a pequena Kamila estava sentada em uma poltrona

— oi meu amor — eu e Clint vamos até ela, eu a pego no colo e ela começa a chorar

— sentem-se por favor — o diretor diz enquanto fecha a porta e aponta para duas cadeiras na frente da sua mesa, ele se senta na cadeira dele e eu e meu marido nos sentamos nas outras duas

— o que aconteceu? — Clint pergunta

— Kamila bateu em um coleguinha de sala — o diretor diz deixando eu e Clint assustados, Kami nunca foi agressiva

— mas o que? Por que? — pergunto olhando pra pequena no meu colo que chorava ainda mais

— ela não quis nos contar, o menino também não

— deve ter um motivo — Clint diz — ela nunca bateria em alguém sem um motivo... — Clint estava ficando nervoso

— Sr. Maximoff, acalme-se, só os chamei aqui para saberem sobre o ocorrido, por mais que ela tenha deixado o outro garoto com olho roxo ela é pequena, provavelmente não sabia o que estava fazendo, então só vai levar uma advertência, mas se caso acontecer novamente...

— obrigado diretor, podemos ir? — digo vendo meu marido ainda mais nervoso, e o fato do diretor tê-lo chamado de Sr. Maximoff, sendo que nosso sobrenome é Barton-Maximoff, não ajudou muito — vamos amor

Nos levantamos e vamos embora, agradecendo pelo diretor não ter expulsado Kamila, foi difícil conseguir uma vaga, sabe-se lá se conseguiríamos coloca-la em outra escola

— em casa a gente conversa ok? — Clint diz para Kamila, agora um pouco mais calmo

Ao chegarmos em casa, Kamila estava dormindo, é incrível como ela consegue dormir no carro tão rapidamente

— ela ta cansada, depois a gente fala com ela — Clint pega a pequena dos meus braços e a leva pro quarto dela e eu vou preparar algo para comermos

Depois do jantar, Kamila ainda dormia, achamos melhor conversar com ela amanhã até que enquanto estávamos assistindo TV no nosso quarto escutamos um choro

Vamos rapidamente para o quarto da nossa filha e a encontramos chorando em baixo do cobertor de estrelas coloridas

— ei amor, não chora ok? — digo sentando ao lado dela tirando a coberta do rostinho dela

— vocês estão bravos comigo — ela disse com dificuldade por estar chorando muito

— não estamos, só queremos saber o porque de você ter batido no seu coleguinha — meu marido senta do outro lado dela e faz cafuné na cabeça de Kami

— ele não é meu coleguinha — ela diz e começa a chorar menos

— diz pra gente, o que ele fez? — digo

— ele... Ele...

— ele? — pergunto

— ele disse que vocês são uma aberração, que vocês vão pro lugar ruim — ela disse voltando a chorar

Olho pra Clint com lágrimas se formando, ele não estava diferente, ele olha pra mim e com um só olhar sei o que ele está pensando

— querida, não somos aberrações, você sabe disso, não vamos pro lugar ruim, não fizemos nada de errado — falo pra ela que não se acalma

— ele disse que é errado dois homens se casarem, que só homem e mulher pode

— querida, ele está errado, infelizmente tem pessoas que não entendem que não é certo ou errado, é apenas amor — é a vez de Clint tentar reconforta-la, ela se acalma um pouco

— é apenas amor, lembre-se sempre disso ok? — digo e me deito do lado dela, Clint faz o mesmo do outro lado, por sorte a cama dela é enorme — agora, pode voltar a dormir — ela se aconchega no nosso meio e começa a se acalmar, em poucos minutos ela dorme

Ouço um suspiro de Clint

— por que eles não aceitam? Estamos no século XXI — ele fala quase susurando meio perdido nos pensamentos

— eles não entendem que amar não é errado — responde ele — não entendem que é apenas amor...

Com isso nos dois acabamos dormindo rapidamente com o pensamento: é apenas amor