IRREPLACEABLE - (Romance Gay)

Segundo Ato.

CAPÍTULO 2 - MATTER FACT HE'LL BE HERE IN A MINUTE, baby

Tradução do Título: Na verdade, ele estará aqui em um minuto, querido.

Caminhando pelo quarto enquanto recolhia os brinquedos barulhentos e coloridos espalhados pelo chão, Carlos abriu um sorriso bobo, enquanto os depositava em um cesto colorido que ficava atrás da porta.

O quarto não era grande e a decoração cinzenta era simples, os itens mais luxuosos — deixados para trás por sua ex-mulher — ele os havia vendido para arrecadar dinheiro para pagar as prestações pendentes do carro.

A decoração, simples, era composta por um guarda-roupa básico, um rack que continha uma TV de LED e um DVD insípido — comprado para que seu bebê pudesse assistir a sua amada galinha pintadinha todas as manhã.

Olhando assim, esse quarto não era nem a sombra do que um dia havia sido. Há um ano, talvez ele ainda mantivesse as coisas de Giovana, mas depois de tudo, toda a depressão, toda a tristeza que ela lhe causou abandonando-o com um bebê de menos de um ano para, segundo ela, viver uma vida plena, diferente da mentira que ela mantinha ao lado dele. Carlos conseguiu se desapegar e usar o dinheiro de todo aquele luxo desnecessário para sustentar as necessidades da família.

Ainda estava fresco em sua memória o quão dolorosa foi a traição de Giovana, deixando-o as mínguas e arrancando ainda mais dele durante o processo do divórcio, sem sequer se preocupar com o que ele e o bebê iriam comer. Ela sabia que Carlos não conseguiria agir friamente com ela, Giovana Peli sabia que ele cederia a seus pedidos no momento da raiva e do desequilíbrio, apenas para permanecer cheio do orgulho que no fundo, nunca existiu, tudo não passava de uma fachada, para esconder a dor, a confusão, a mágoa, o rancor.

Ele nunca imaginou que aquela mulher a quem conheceu desde infância pudesse ser tão cruel e fria. Como ela pôde deixa-los assim? Deixar o próprio filho sem olhar para trás?

Quando jovem, estar com Giovana sempre foi seu sonho, mas ela nunca demonstrou interesse por ele que, além de colega de classe, ainda era seu vizinho. O tempo passou e ambos seguiram seus caminhos.

Carlos vinha de uma família monoparental, seu pai vivia indo e voltando, às vezes dizendo que o trabalho lhe ocupava muito a vida, mas como um pedreiro dormia fora tantas vezes? Se fosse hoje, ele saberia a resposta, porém, na infância, a visão do pai perfeito o impediu de ver o caráter do homem que na maioria das vezes que estava em casa, estava bêbado.

Quando Carlos estava beirando os dez anos, o pai deixou a casa para morar com uma mulher desconhecida, que só mais tarde, Carlos descobriu ser a verdadeira esposa de seu pai, que havia vindo morar definitivamente na cidade de São Paulo, impedindo o homem de ir e vir livremente. Nesse momento, Giovanna se mudava para a casa ao lado, seus pais quase não discutiam e ela era bem tratada, mimada, ignorando-o nas vezes em que ele se pegava observando a menina bonita do vizinho.

Toda sua vida estava girando em looping constante; varias e varias vezes, e Giovanna se tornou sua distração, além de uma espécie de amor platônico.

Naquela época, Carlos não sabia de nada, não entendia nada do que estava acontecendo em sua vida, tudo era muito assustador e ver sua mãe chorar com a revelação da verdade, foi algo que o rasgou por dentro. Mesmo assim, Dona Fátima, empregada domestica e já de uma certa idade, continuou lutando para mantê-lo bem. Nem sempre eles podiam comprar novo, mas ainda podiam se virar com algum item de segunda mão.

Dona Fátima trabalhava muito mais, por sorte seus patrões eram boas pessoas e apoiavam a mulher quando precisava correr para cuidar do pequeno Carlos em alguma urgência. Além disso, Fátima tecia rede de pesca e vendia para algumas lojas de artigos de pescaria.