𝐨𝐧𝐝𝐞 𝐚𝐜𝐚𝐛𝐚𝐦 𝐚𝐬 𝐞𝐬𝐭𝐫𝐞𝐥𝐚𝐬

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Erroneamente imaginamos o Universo como um lugar deslumbrante e tranquilizador, onde corpos celestes travam uma eterna dança e fazem de sua morte um verdadeiro espetáculo com supernovas explodindo

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Erroneamente imaginamos o Universo como um lugar deslumbrante e tranquilizador, onde corpos celestes travam uma eterna dança e fazem de sua morte um verdadeiro espetáculo com supernovas explodindo. Porém para quem isso é um espetáculo? Nós, criaturas egocêntricas e e frívolas, que acreditamos que o Universo é para ser visto e vivido por nós – terrível crueldade aplaudir o fim de estrelas tão corajosas que bravamente lutam contra apressão acumulada em seu núcleo e a maldita gravida que insiste em por tudo para baixo.

Quando visto de perto, o cosmo já não é tao harmonioso e encantador, mas apenas fomas e eventos sem sentido e destrutivos: caos – mas não somos todos? E talvez aqui esse é o porquê de tantos admirarem fervorosamente o Universo: por ser  mais completo e aterrorizante caos e quão reconfortante é ser compreendido, mesmo que por uma entidade cheia de astros em combustão, galáxias e buracos negros devastadores.

Entretanto, há um lugar em particular que é o mais assustador e tenebroso. Assustador não porque nele se encontra buracos negros colossais, galáxias inimagináveis ou estrelas tão massivas que esmagam tudo ao seu redor e esse é justamente o problema: um lugar que não há nada.

Uma região feita puramente de escuridão e silêncio. Inabitável, pois a luz não a alcança; enlouquecedor, pois o som não se propaga. Existe algo mais amedrontador do que o vazio? É lá onde acabam as estrelas. Entretanto, contraditoriamente, é de lá que elas partem, mas fogem desse local para poder brilhar para nós.

Estive lá. Estive lá tantas e tantas vezes que sequer sei se consegui  sair ou aqui permaneço. Sempre vagando sem rumo, com o peito vazio de qualquer emoção, com pensamentos barulhentos, mas que eu não podia decifrar porque tudo era feito de um maciço silêncio. Estivera naquele lugar à sua procura e acabara me perdendo.

Fazia um frio devastadoramente medonho mas meu peito ardia em brasa. Mil anos eu te amava, que perseguia-te, nunca conseguindo alcançar-te. Há éons tu era estrelas, morreste nos meus braços instantes atrás, mas sei que não te foste para sempre. Seu sorriso está eternizado no brilho das estrelas de núcleo de hidrogênio e cálcio. Suas moléculas de carbono agora servem de motor do centro luminoso de alguma galáxia.

Não estamos morrendo, estamos apenas voltando para casa.

FIM

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