Usain Bolt, Freedy Krueger e Unicórnios

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A história que tenho para contar hoje é um tanto quanto estranha. Não tinha a intenção de retratar tudo o que houve desta forma, mas é necessário. Essa história não deve mais ser mantida em segredo. 

Mesmo antes desta experiência, eu tinha sensações estranhas antes de dormir. Costumava me levantar logo depois de todos já terem ido dormir, e andava um pouco pela casa. Pensei que era porque minhas pernas ainda estavam agitadas ao final do dia. Mas era isso quase todos os dias. 

Nessa noite, eu tinha terminado a minha rotina de treinos e estava muito cansada. Havia meses que estava seguindo estes treinos ainda mais intensos para alcançar uma marca que todos diziam ser fisicamente inalcançável. E eu já estava começando a concordar com isso.

Como sempre, deitei para dormir, mas me senti inquieta. Então, eu me levantei e comecei a vagar pelo quarto, andando em círculos. Era um comportamento tão automático, que muitos dias eu nem reparava em como andava ou por quanto tempo. Porém nesse dia, notei algo estranho.

Percebi que os meus pés estavam crescendo, minha panturrilha aumentava. O meu corpo estava assumindo a forma física de um homem. Meus movimentos estavam diferentes, as coisas que eu pegava pareciam mais leves, e eu apenas queria saber o que aquelas pernas poderiam fazer.

Sai para a rua e comecei a correr, queria saber quão rápido eu conseguiria ir com aquelas pernas. Eu rompia com o vento de uma forma que nunca tinha experimentado antes. Já me sentia inalcançável. E fui correndo até um parquinho. Sentei-me no balanço e observei o meu reflexo no vidro da loja do outro lado da rua, eu era Usain Bolt.

Estava vivenciando a realidade que todos me diziam ser impossível, eu corria como o homem mais veloz da humanidade.

Mas todo o meu entusiasmo passou quando eu percebi que não estava sozinha naquele parquinho. Do interior de uma casinha de metal saía Freddy Krueger. Ele me olhava fixadamente e eu permanecia paralisada:

- Você nem tentará fugir, não é? 

Eu sabia que ele nunca conseguiria me alcançar, e parti correndo para casa. Minhas pernas alternavam e me impulsionava cada vez mais rapidamente. Mas, ele estava logo atrás de mim, como ligado a mim com uma linha. E eu precisava encontrar uma saída.

Continuar correndo em direção à minha casa, não parecia ser a decisão mais inteligente, eu poderia colocar em risco a minha família. Por isso, precisava despistá-lo, então comecei a virar entre as ruas de forma aleatória. E foi virando em uma esquina que vi ao final a minha saída, um unicórnio que brilhava na escuridão da noite.

Resolvi fazer mais um esforço para chegar rapidamente ao unicórnio, mas ele continuava logo atrás de mim, e se aproximava. Com medo de ser alcançada, eu me esforçava cada vez mais, e as minhas pernas começavam a voltar ao normal. 

Mas ao invés de perder velocidade, eu me percebia correndo cada vez mais rápido, e conseguindo me distanciar dele. Assim, eu consegui alcançar rapidamente o unicórnio, mas não senti mais que precisava dele para me salvar. Eu conseguia despistá-lo com as minhas pernas.

Não é com as pernas de Bolt que eu seria inalcançável, é aceitando a minha verdadeira forma.

3 Coisas, Um contoWhere stories live. Discover now