Ontem - 2.1, Draco

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Notas da Autora

Corri contra o tempo, mas aqui está: capítulo bônus de 2 de maio, 22 anos desde a Batalha de Hogwarts.

*ೃ ✶* °◦

– Vamos, filho. – Lúcio disse com frieza, indo em direção à porta junto de Narcisa. – Não precisamos estar aqui para que falem pelas nossas costas.

Draco havia acabado de conversar com Harry, se é que poderia chamar aquilo de conversa. Foi uma troca de palavras realmente rápida, mas ele ainda estava se ressentido sobre o que havia falado ao Menino-Que-Sobreviveu. Não era necessário ter pedido desculpas... Maldito Potter. Uma forte e gélida brisa atingiu o rosto de Draco quando seu pai abriu a porta. O silvar do vento fez com que os gritos vindos do Salão Principal parecerem sussurros. Era uma ventania realmente forte e barulhenta.

– Draco, como não podemos desapara... – Lúcio estava falando, mas logo foi interrompido. – Desaparatar, eu sei. Todo mundo já sabe, pai. – Ele falou num ar excessivo de desanimação, como se aquela fosse uma informação óbvia que já estava cansado de saber. Afinal, era algo muito bem explicado em Hogwarts: Uma História.

– Já que é tão óbvio, já sabe o que vamos fazer.

Eles continuaram caminhando. Exceto pelo barulho do vento, a quietude permanecia. Uma folha de árvore estava pairando e, ao mesmo tempo em que caiu no chão, a mudez cessou.

– Conseguiu falar com Shacklebolt, Lúcio?

– Sim. – Ele se virou para Narcisa. – Inocentes, de todas as acusações.

– Teremos que cooperar nas investigações. – Lúcio lançou o olhar a Draco. – Não se importa com o que acontecerá a Crabbe e Goyle... – O olhar rígido, de quem não esperava nada menos do que a aceitação por parte do garoto. – Não é, filho?

– Crabbe... – Ele suspirou antes de continuar. – Está morto.

Lúcio olhou para trás ligeiramente, como se precisasse confirmar alguma coisa. O castelo já havia ficado para trás, mas mesmo onde estavam, destroços da batalha ainda eram vistos.

– Aqui já está bom. Vamos para casa.

Num segundo depois, a imagem da mãe e do pai já não era mais visível a Draco. Certamente, já tinham desaparatado. Ele, porém, ainda estava ali, observando o castelo e pensando... Com certeza todos estavam dando vivas ao Potter. Se o nome de Draco sequer fosse mencionado no Salão Principal,  decerto viria acompanhado de uma série de xingamentos. No fim, ele havia ficado do lado perdedor. De nada adiantou ter feito tudo que fez. Nunca mais poderia voltar a Hogwarts e seria lembrado como um Comensal da Morte pelo resto da vida. E o Potter... Será lembrado como um... Herói. Afinal, o que Harry tinha que ele não? Draco sabia tantos feitiços quanto Harry e já havia feito coisas que o "heroizinho" jamais conseguiria. Draco era mais inteligente que Harry também, só podia ser. Sempre teve notas excelentes. Draco tinha muito dinheiro, de fato, bem mais que Harry e aquele seu amiguinho pobretão. E Draco... Draco...

Tinha tato para escolher os amigos, obviamente. Jamais se associaria a gente da laia do Weasley, nem de longe ele chegava aos pés da família Malfoy. Draco também não se associaria àquela... Sangue-ruim. Ela... Ela... Era uma sabe-tudo irritante, só isso. Sem dúvidas, Draco havia escolhido bem melhor quem deveria ter como amigo. Ele não tinha um garoto que morava num chiqueiro e uma filha de trouxas de amizade, mas tinha...

Perdido nos pensamentos, não havia notado até agora o que parecia ser Goyle correndo. Quando se deu conta de que realmente era seu amigo que estava vendo, pôs-se a imaginar se ele também seria dado como inocente ou se acabaria em Askaban junto do pai. Afinal, o Sr. Goyle tinha um belo histórico de serviço à arte das trevas e seu filho, Gregório Goyle, também não era nenhum um pouco inocente. Enfim, lá estava ele correndo na direção oposta do castelo. Será que estaria fugindo de algo? Ou pior, de alguém? Bom, se Goyle estivesse correndo de alguém que não o alcançasse, essa pessoa deveria ter a mesma velocidade de uma lesma.

Humpf, Goyle era irrelevante. Onde Draco estava mesmo? É, estava pensando em Potter e em como... Ah, deixa para lá.

Craque

Um barulho foi ouvido por Lúcio e Narcisa, Draco tinha enfim aparatado na mansão. Nesse momento, tudo que o garoto menos queria fazer era ficar ouvindo o barulho dos pavões do jardim e olhando àquelas paredes assombrosas. Mal teve tempo de ouvir seu pai dizer algo como "Até que enfim", e já havia subido as escadas para seu quarto. Ele se jogou contra a cama, apoiando a cabeça num dos braços. Estava a observar o teto ou qualquer outra coisa que lhe parecesse interessante. Qualquer outra coisa que lhe permitisse esquecer, mesmo por um momento, as lembranças do que havia ocorrido e ainda haveria de acontecer.

Talvez, depois de tudo isso, terminasse sozinho naquela mansão. Já tinha muito dinheiro, não precisaria se preocupar em arrumar trabalho. Poderia simplesmente passar o resto dos dias dentro de casa. O silêncio do quarto foi quebrado pelo ranger da porta, que se abria.

Droga, deveria estar trancada.

Lúcio entrou no quarto e se sentou na ponta da cama onde Draco estava deitado, olhando para o filho.

– Eu sei que posso não ter feito as melhores escolhas... – Ele parecia estar num conflito interno sobre o que dizer. – Mas não podemos mudar o passado. Estive falando com Narcisa e, dado nossa situação atual, acho que seria bom fazermos uma viagem.

– Fugir? – Draco falou numa altura tão baixa que a palavra quase saiu inaudível.

– Espairecer. Provavelmente vamos ter de comparecer em alguns julgamentos, mas depois... Bom, é uma ideia.

– Enquanto isso vamos viver na mesma casa onde... – Na mente de Draco, vários lapses de coisas terríveis que aconteceram na mansão inundaram seus pensamentos.

– É o que tem para hoje. – Lúcio respondeu com aspereza e se levantou. – Melhor que você durma.

Ele saiu do aposento, deixando Draco sozinho. Não por muito tempo, é claro, pois logo após a saída do pai o garoto desaparatou. Talvez tivesse sido burrice, pois ele mal tinha um destino em mente. Num segundo, ele estava olhando um poster do quarto de um jogador de quabribol montado numa Firebolt, no outro, já não estava mais lá. Agora, estava no Beco Diagonal, em frente a loja Vassourax. Talvez se ele tivesse olhado o poster de uma praia houvesse aparatado no mar, quem sabe. Mas ali estava.

Bom, já que havia aparatado ali, o que custaria entrar na loja. Como sempre, várias vassouras estavam a exposição. Algumas Nimbus 2000, que em seu primeiro ano de Hogwarts eram as mais potentes vassouras, estavam num canto. Ao invés delas, estava em exposição na vitrine de maior destaque uma Firebolt. Numa parede da loja, estava pregado um cartaz escrito "O Indesejável Número 1", e a foto de Potter. Impressionante... Ele tinha que estar em todo o lugar.

Draco saiu da loja na mesma velocidade que havia chegado – Bom, quase na mesma velocidade, aparatar ainda era mais rápido. Sem prestar muita atenção, acabou esbarrando numa garota que tinha certeza já ter visto antes em Hogwarts. Bom, que Draco se lembrasse, ela era irmã de uma das amigas de Pansy Parkinson. Uma quintanista.

– Perdão. – Ele se desculpou e estava pronto para seguir seu caminho, seja onde isso o levasse, mas a garota disse alguma coisa.

– Você é o monitor da Sonserina, não é? – Ela olhou para um dos braços de Draco, mas ninguém poderia deduzir que aquilo era uma Marca da Maldição, quando sua manga cobria quase toda a "tatuagem".

– Sim, sou eu... Draco Malfoy, prazer. – Ele ainda não sabia se deveria tentar ser simpático ou se poderia simplesmente desaparatar dali. Mas, considerando as opções que tinha, talvez não fosse tão ruim continuar lá.

– Prazer, Astoria Greengrass.

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Após o Fim - Continuando Harry PotterWhere stories live. Discover now