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- Ele está esquisito a cada segundo. — Steve murmurou depois que viu Derick entrar no palácio do submundo. Era muito amigo do príncipe, mas era difícil entendê-lo, até porque ele não falava muito sobre o que se passava na sua vida.

- É estranho. Um dia ele para do nada de matar anjos, aí eu fico sem sobremesa. Depois, ele decide que volta a matar, e agora... Parece estar nas nuvens. — Christoff falou, sentindo a barriga roncar, para logo em seguida, um senhor passar com um carrinho de doces terráqueos que ele conseguiu no mercado negro. — Comida!

- Ele está especialmente alegre hoje. — Janna falou, debruçada sobre um muro que tinha na casa dela, observando as ruas pouco claras por conta do sol artificial do submundo.

- Sempre foi apaixonada por ele?

- Não diria que sou apaixonada por ele. Eu só gosto, sabe? A atração também se faz muito presente, sexualmente falando.

- Entendo. Ele é bem gato mesmo. — Steve deu de ombros, fazendo a garota lhe encarar com as sobrancelhas arqueadas e um sorriso malicioso. — É, eu gosto dos dois. Banana e mexerica.

Ela riu alto, sendo acompanhada pelo garoto.

- Por essa eu não esperava, nunca te vi com ninguém. — a demônio piscou os olhos verdes.

- É que a única pessoa com quem eu quero estar gosta de outro. — ele sorriu, ajeitando os óculos e olhando diretamente para a moça. Mas ela continuou imparcial, o encarando sem entender. — E nós somos demônios, temos a doença e tal...

- Ah, isso é uma droga. Principalmente esse lance da doença. Algumas mulheres são escolhidas para engravidar de mortais e o filho tem que nascer 100% demônio. A doença fode tanto com quem quer tocar outro demônio, como podia ameaçar a própria espécie de extinção.

- Ainda bem que temos as voluntárias tranzantes.

- É. — ela riu. — Mas me conta, quem é a sortuda ou o sortudo?

- Ah, não acho que ela seja tão sortuda. Eu sou só o Steve. — o demônio riu sem graça.

- Sério isso? — ela revirou os olhos.

- Amores não correspondidos... Não dói tanto quanto parece.

- O amor pode machucar as vezes. E quando não correspondido, corta ainda mais fundo e arde mais porque foi uma ferida que você abriu sozinho. — ela falou, encarando novamente o palácio de Derick.

- Isso é uma indireta para mim? — ele perguntou, com um sorriso entristecido.

- Hum-hum. É para mim mesma. O que eu sinto pelo Derick é algo genérico, mas saber que você sente algo por mim, acaba de me deixar bem confusa. — ela sorriu para ele.

Steve a olhou surpreso. Finalmente ela entendeu.

Sorriu de volta.

- Me desculpe por isso. Só que eu acho que ficar guardando seus sentimentos, só vai te afundar ainda mais na própria ilusão que você cria sobre alguém... Mas quando você realmente fala, quando você sabe que sente. É real. Mesmo não sendo correspondido, o peso sai das costas e do coração. — Steve falou, podendo finalmente se declarar daquela maneira, mesmo que tenha sido nas entrelinhas.

- Eu que tenho que me desculpar por só ter percebido agora. Mas eu não sei o que sentir mais... — Janna se lamentou.

Ele balançou a cabeça negativamente.

Não podia aceitar as desculpas. A culpa não era dela por não amá-lo.

- Só se dê uma chance de entender seus próprios sentimentos. — ele colocou uma mão no rosto dela, acariciando devagar com o polegar. — Quando estiver pronta, pode falar comigo, me rejeitar ou seja lá o que for. Mas eu gosto mesmo de você, Janna, apesar de você ser um pouco sem noção, quero você feliz. — o garoto riu e ela revirou os olhos. — Eu nunca poderei te tocar realmente, mas aqui... — colocou a outra mão no peito, indicando o coração. — Não ia e nem vai mudar em nada. Vamos, Christoff.

In My HeadWhere stories live. Discover now