Entrego um tanto de mim a poesia

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Entrego mais de mim a poesia do que jamais entreguei a qualquer outra pessoa, ser, ou lugar
Entrego minha saudade, minhas dores, meus sonhos
E até meus amores

Mesmo que ela seja uma memória falha que quase sempre dedico a mim mesmo

É que esses versos desconexos usam de seus efeitos cênicos
E me criam em cada linha uma nova forma de lembrar

É que essas linhas me fazem mascarar a dor, estancar o sangramento
Torná-lo em algo bonito
Algo menos doloroso de se pensar

Entrego a poesia minha vida morna
Minhas tristezas frias
E minha alegria passageira

E de tudo que lhe entrego, a poesia tende a me presentear
Com essa eterna sensação
De nunca descontinuar
Apesar das dores de viver
E acima de tudo
Das dores de sonhar.

Pó de EstrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora