Inversos

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Ralff se xingou de todos os palavrões possíveis quando a nova empregada saiu do quarto. Que bosta passou pela cabeça dele pra dar em cima dela daquele jeito? Ela não parecia ser igual a Bianca, se fosse não teria fugido do beijo da maneira que fugiu. Ralff é realmente um conquistador barato que não tem limites pra parar, mas ele já sabe exatamente como fazer a nova empregada se render a ele, já fez outras que eram iguaizinhas a ela irem para a cama com ele, com essa novata que não vai ser diferente.

Saiu do banheiro e foi pro closet, vestiu um terno cinza de lã e calçou sapatos sociais, pegou a pasta de cima da cama e saiu do quarto. Desceu pra cozinha e tomou café sozinho, a irmã já tinha ido para a escola e os empregados estavam fazendo seus respectivos trabalhos, maravilha. Na empresa,Ralff foi para a sala de reuniões participar desta, sentou-se na cabeceira da mesa e esperou o advisor apresentar os gráficos e as pautas e convencê-lo de investir na empresa dele. Gostou bastante da projeção mas o advisor não adquiriu a confiança necessária, Ralff vai mandar puxar a ficha dele e saber da onde ele surgiu, vai que é mais um maluco tentando dar mais um golpe, ele que não pagaria pra ver. Dispensou todos os acionistas e investidores que fazem parceria com ele e começou a ler todo o deck da startup que talvez fosse investir o dinheiro e gostou do que viu, aquele cara possui uma excelente equipe e Ralff tem que admitir isso, mas também tem que ir atrás de informações sobre o sujeito, não poderia investir milhões em uma empresa sem saber sua origem.

No decorrer do dia, Ralff avaliou os trabalhos dos outros funcionários, os decks das empresas que estavam na fila de espera, pediu conselho para a administração e assinou documentos e algumas planilhas de custo. No fim do dia só havia ele e os seguranças, trancou a porta e saiu da empresa, foi um exaustivo dia e o que ele mais queria era cair na cama e dormir até o dia seguinte. Saiu do carro e entrou na casa pela porta principal, sua expressão cansada mudou para uma rígida quando viu aquele homem banana de mãos dadas com a irmã. Ralff viu na hora que Daniel se amedrontou com a presença dele - e se alegrou por isso-, bom mas já era de se esperar. Daniel cumprimentou o cunhado e Ralff nem se deu o trabalho de responder.

- Ralff, precisamos conversar seriamente- Cody disse se levantando e Ralff fez pouco caso dando as costas pro casal e fazendo menção de subir as escadas- Ralff!

- Cody eu tô cansado, amanhã conversamos.- Estava na metade das escadas quando a irmã deu um grito, ele se virou sem o mínimo interesse, os olhos estavam baixos demonstrando o cansaço- Então fala.

- Eu e o Dan vamos morar juntos no apê dele- Ralff deu uma risada zombatória e se virou voltando a subir as escadas

- Nem por cima do meu cadáver, se contentem com o namoro e o filho, morar junto já é demais. Agora, boa noite Cody, e daqui a uma hora mande seu namoradinho ir embora.

Terminou de subir as escadas ouvindo os questionamentos da irmã, nem morto ele deixaria que uma coisa dessas acontecesse, ele ainda não perdeu a sanidade mental. Ralff só fez tirar a roupa e caiu de cueca na cama, ajustou o aquecedor e em segundo apagou por completo.

Mama teve a brilhante e estúpida ideia de mandar Morgan levar o jantar do patrão no quarto dele, ela se recusou inúmeras vezes e Bianca se ofereceu no lugar dela, mas Mama não aceitou cismou que Morgan é quem deveria levar a bandeja lá em cima. Ela respirou fundo e subiu a escada calmamente, a cada degrau que subia parava pra respirar, finalizou o percurso e parou em frente a porta. Bateu uma primeira vez mas não teve resposta, bateu uma segunda vez e a mesma coisa, deu três socos na porta e ouviu passos pesados vindo em direção a porta. Engoliu em seco e esperou a bronca vir quando a porta se abriu, mas o que ela viu foi um belo corpo sarado e apenas de cueca, desviou os olhos rapidamente do lugar e olhou para o rosto do patrão. Sua cara estava séria mas dava pra ver que seus olhos tinham um tom pervertido.

- Vim trazer seu jantar, senhor- falou com a voz trêmula.

- Tá, deixa ali em cima- ele deixou ela passar e quando ela já estava no quarto e de costas pra ele, fechou a porta com força fazendo ela dar um pulo.

- Pronto, senhor.- ela caminhou até a porta mas ele se pôs na frente- Eu já tenho que ir, dá lincença por favor?

- Tá com tanta pressa por quê? Porque não aproveita um tempo comigo- ele falou com astúcia - Eu não mordo.

- Senhor eu tenho que continuar o trabalho lá em baixo, me deixa ir.

- Senta aí garota - ele caminhou até a cama e colocou a chave dentro da gaveta do criado-mudo e olhou de forma sedutora pra ela- Você tem medo de mim?

- De forma alguma, eu só quero voltar ao trabalho.

Ele sentou na cama, pôs a bandeja entre as pernas e começou a comer encarando ela. Morgan ficou inquieta no lugar e começou a bater o pé, olhava pro relógio despertador mas o tempo não passava. Cruzava os braços, refazia o coque no cabelo várias vezes, até que cansou de ficar em pé. Sentou no chão, cruzou as pernas e ficou olhado a boca do chefe mexer a cada garfada que ele levava à boca. Quando ele se sentiu satisfeito pôs a bandeja no chão e continuou encarando-a, ela se levantou para pegar a bandeja só que ele a barrou.

- Tá pensando que vai aonde?

- Levar a bandeja de volta, senhor - falou o óbvio.

- Não mesmo, você vai ficar comigo aqui, até falar o porquê de ter recusado o meu beijo. Até lá, pode tirar os olhos do meu membro.

Morgan se enrubesceu rapidamente e arregalou os olhos, ela nem tava olhando. Mentira, olhou duas vezes mas de maneira rápida e que não foi notória. Agora, que história é essa dela ter que se explicar por ter recusado o beijo do chefe? Era óbvio, ela recusou pra não perder o emprego. Mas ela se faria de desentendida, faria a maior cara deslavada e sairia dali e esqueceria de tudo. Pelo menos é nisso que quer acreditar.

- Que beijo, senhor? - ele riu irônico e ela fez a cara mais dissimulada do mundo.

- O que eu tentei te dar no banheiro, um beijo que ia ser maravilhoso por sinal- Ralff deu um sorriso arrogante e Morgan arfou - As mulheres não costumam dispensar meu beijo, na verdade elas anseiam por ele.

- Parece que eu sou a primeira - Morgan falou de uma forma quase inaudível, só quase, Ralff ouviu e ficou irritado.

- Você é muito abusada sabia? E nossa você não sabe a vontade que eu tenho de te castigar de alguma forma.

Por mais que não quisesse, Morgan entendeu o efeito daquela frase, entendeu e mais uma vez ficou envergonhada. Não sabia porquê ele estava falando dessa forma com ela, era estranho, novo. Será que homens não conseguem identificar mulheres virgens? Morgan estava passando pelo momento mais constrangedor da vida dela e queria que isso acabasse logo, nunca mais queria passar por isso de novo.