Água Com Açúcar • jikook

» Capítulo Único

Jungkook sentiu aquela dor aguda e, infelizmente, já conhecida, se apossar de seu peito. As lágrimas já rolavam livremente por seu rosto, enquanto ele saía correndo da casa de Woobin, seu ex. Ex há apenas alguns segundos, porque o pegou na cama com um cara que ele se lembrava trabalhar com o companheiro.

A raiva e a dor se misturavam em seu peito, que queimava. Não acreditava que estava passando por aquilo de novo. Mais uma vez lá estava ele, correndo rua a fora, enquanto o ex gritava seu nome, sentindo a dor tomar conta de si e vontade de socar o cara que havia lhe prometido tantas coisas, feito tantas juras de amos ao pé do ouvido, mas se entregado a outro, como se Jeon não fosse nada.

As vezes era assim mesmo que se sentia. Um nada, vazio, invisível, oco. Alguém que não valia a pena investir e insistir.

Talvez essa fosse a sua sina, passar a vida inteira pulando de relacionamento em relacionamento raso, sem profundidade nenhuma. Não da parte dele, é claro. Jungkook era sempre intenso, mergulhava na relação e depois tinha que ser puxado para a superfície as pressas, antes que se afogasse. Ele pulava de cabeça em relacionamentos que não passavam de uma piscina de plástico de 10 litros.

Assim que avistou o prédio onde Hoseok morava, sentiu um leve e distante conforto, que aumentava gradativamente à medida que se aproximava. Assim como das últimas três vezes, era para aquele lugar que corria, pois sabia que encontraria um par de braços esperando-lhe com muito amor e um travesseiro para chorar por um mês inteiro se fosse preciso.

O melhor amigo já havia o assistido quebrar a cara três vezes. Em uma delas, foi chutado pelo parceiro, o que o fazia acreditar que não era tão interessante assim, e nas últimas duas havias sentido o amargo gosto da traição. Esse último era pior, pois sentia que não valia nada, nem a consideração de deixá-lo ir antes que se entregasse a outro. Esse doía ainda mais e ele estava experimentando aquela dor mais uma vez.

Entrou no corredor já tão conhecido, sendo encarado por alguns jovens que ali moravam, mas ninguém com coragem o suficiente para abordá-lo. Então, quando chegou em frente a porta do quarto 402, deu três batidas, logo sendo recebido pelo sorriso brilhante e aquecedor do amigo, que assim que percebeu seu estado, lhe puxou para perto, apertando-o contra seu peito.

Sentindo-se seguro o suficiente, Jungkook desabou. O choro que antes tentava segurar, mesmo que falhando em boa parte, agora deixava que saísse de si, torcendo para que lavasse aquela dor de si. Sabia que chorar não curaria nada, mas já era um começo, além de o acalmar um pouco.

Enquanto chorava copiosamente, agarrado à camiseta de Hoseok, passou os olhos pelo quarto e notou, pela primeira vez, o olhar de Park Jimin sobre si. O ruivo, que estava deitado no sofá, o encarava com os olhos apertados de tristeza. Um pouco acanhado por não estar só com Hoseok, Jeon respirou fundo, tentando se controlar.

— Não guarda nada, pode chorar, aqui você tá seguro. – Jung disse, o apertando ainda mais. – Quando quiser falar, eu estou aqui pra te ouvir.

— O Woobin... – Começou a falar, sentindo sua voz fraquejar novamente. – Ele... Ele me traiu.

— Idiota. – Hoseok rosnou, apertando ainda mais o melhor amigo entre os braços. – Desculpa, Jungkook, desculpa... É que eu fico nervoso com isso.

— Tá tudo bem, Hobi. – O mais novo deu um sorriso fraco, enquanto era levado até o sofá. – Eu não achei que fosse precisar passar por isso de novo depois do Bonhwa.

— São dois idiotas completos que não reconheceram a pessoa maravilhosa que tinham ao lado. – O mais velho sorriu, acariciando os cabelos do melhor amigo.